Evento tem como ponto de partida a pergunta “O que é ser uma mulher negra?”
Na próxima quinta-feira (5) o Sesc de Brusque receberá o projeto “Eu Vejo Você”, que abordará através de uma roda de conversa uma importante questão: o racismo. O encontro terá como ponto de partida a pergunta: O que é ser uma mulher negra? Tem como objetivo a partir desta perspectiva, compartilhar vivências para promover reflexões coletivas sobre o racismo e seus impactos, criando um espaço de diálogo sobre a diversidade étnico-cultural em Brusque, potencializando as vozes da juventude negra. O evento ocorre às 19h na biblioteca do Sesc e qualquer pessoa pode participar.
A roda de conversa será ministrada por Shayene Ferreira de Jesus, coordenadora do projeto. Ela diz que o “Eu Vejo Você” é voltado as questões raciais em Brusque e ao protagonismo negro na cidade. “O projeto tem como base o diálogo, a afetividade e a democratização do acesso. São dois eixos, um mais teórico onde oferecemos as ferramentas para que se aprenda a combater o racismo, com rodas de conversas, vídeos, entrevistas. O segundo eixo ensina a utilizar essas ferramentas, através de oficinas e outros tipos de eventos mais práticos”, explica.
Shayene diz que o projeto surgiu após a percepção de um racismo velado na cidade. “É um racismo que não é falado, não é exposto. As pessoas tem uma visão muito naturalizada do que é o racismo e como ele se projeta. Acho que o racismo em Brusque é sutil e ao mesmo tempo agressivo, porque ele silencia muitas vozes negras, ele não aborda essa questão como deveria ser abordada”, aponta.
Ela defende que o racismo deve ser combatido através de ferramentas anti-racistas, como o diálogo. “Sempre buscamos conversar, não reproduzir situações racistas que a gente vê. Temos que deixar naturalizar esse racismo, questionar, ouvir pessoas negras, dar voz e espaço para que essas pessoas possam falar. Temos que entender que um ato racista vai impactar tanto na vida do negro como do branco”.
Shayene alegra-se pelo fato das mulheres estarem empoderando-se cada vez mais nos últimos tempos. “Elas estão quebrando essa barreira do silêncio, isso é muito importante, pois somos a base dessa pirâmide de privilégios. A mulher negra sofre muito com racismo, nunca nos calamos. Agora é que as pessoas começaram a escutar mais o que as mulheres negras tinham pra falar. Estamos na luta há muito tempo. Não há como falar de classe, raça ou gênero, sem falar da mulher negra”, sustenta.
No dia 8, domingo, às 16h, o grupo do projeto “Eu Vejo Você” realizará um Piquenique na Praça do Maluche com atividades e rodas de conversas.