Serena Williams paquera repórter do Terra: ‘posso te visitar com meu biquíni’

Por: HENRIQUE MORETTI

 

 

Serena Williams se sente mais à vontade falando sobre sua vida pessoal ou sobre moda, uma de suas paixões, do que sobre tênis. A americana tem uma personalidade forte, é rapidíssima no raciocínio, autêntica e dá declarações em tom confiante. Neste sábado, não foi a primeira vez em que ela desvirtuou o tema de uma pergunta em uma entrevista. A diferença foi o modo como ela o fez: deu uma “cantada” em um jornalista em tom de brincadeira, ou melhor, de ironia. Esse jornalista era eu.

Na pergunta da discórdia, quis saber se, após uma temporada em que foi nomeada a atleta do ano, Serena considerava justos os critérios da WTA que não a indicam como a líder do ranking mundial. “Me parece que seus números de semanas como número 1 não condizem com o seu número de 15 títulos de Grand Slams”, completei.

A questão foi feita com o microfone em punho na entrevista coletiva da americana após a derrota para a bielorrussa Victoria Azarenka, no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, pelo Gillette Federer Tour. O idioma utilizado foi o português, seguindo a recomendação dos organizadores de que se deve esperar o tradutor repetir a pergunta em inglês.

“Ó, meu Deus, isso é muito. Eu pensei que fosse boa, mas vou tentar fazer mais no próximo ano, só para você. Qual é mesmo o seu nome?”, Serena me questionou. Respondi, já com o microfone longe de mim. “Henrique?”, disse ela, forçando um sotaque espanhol. “Eu gosto desse nome. Na verdade, eu realmente amo esse nome. É melhor você ficar esperto, Henrique. Eu posso te visitar esta noite. Eu posso te visitar com meu biquíni brasileiro.”

Meu dever jornalístico era me levantar e dizer: “por favor, você poderia responder à pergunta?”. A solução alternativa era ter entrado na brincadeira e indicado meu endereço. Não fiz uma coisa nem outra. A atitude mais fácil a se tomar em uma sala de imprensa que caía na gargalhada era continuar sentado e esboçar um sorriso sem graça.

Preciso explicar a história dos biquínis. Na sexta-feira, em sua primeira entrevista após a chegada ao Brasil, Serena havia manifestado o desejo de comprar a peça. “Sempre vou aos Estados Unidos tentando achar biquínis brasileiros e perguntei quando cheguei aqui: ‘por que não ir até a fonte?'”. Depois da única partida que disputará em sua primeira visita ao País e antes do meu fatídico questionamento, a americana havia confirmado a compra.

“Eu não consegui achar de primeira”, contou. “Pensei: ‘nenhum cabe em mim, por razões óbvias’. Então, eu continuei procurando, não desisti. Mas fui a uma última loja e achei um. E comecei a achar mais e mais. Eu sei que os biquínis brasileiros são um um tanto pequenos, mas sei que vão ficar perfeitos no meu bumbum. Não posso esperar para usar”.

Não foi a primeira vez que entrevistei Williams. Em agosto, antes do último Aberto dos Estados Unidos, lembrei que ela havia feito críticas ao sistema de pontuação do ranking da Associação de Tênis das Mulheres (WTA). Ouvi a resposta: “nunca critiquei, foi a imprensa”.

Em 2009, em entrevista após ter vencido Wimbledon pela quarta vez, Serena atentou para o fato “chocante” de na época ter a posse de três dos cinco Grand Slams anteriores, mas ainda ser a número 2 do mundo. “Acho que Dinara (Safina) fez um ótimo trabalho para chegar a número 1. Ela ganhou Roma e Madri”, afirmou, rindo, citando a tenista russa que alcançou a liderança da WTA sem nunca ter conquistado um major.

Em 2012, a americana triunfou em Wimbledon, no Aberto dos EUA, na Olimpíada de Londres, no WTA Championships e foi nomeada a jogadora do ano. Em outubro, seu técnico, o francês Patrick Mouratoglou, classificou como “surpreendente” a atual terceira colocação da jogadora na lista: ela opta por um calendário mais enxuto e soma 9.400 pontos em 15 torneios disputados, contra 10.595 de Azarenka (18 torneios) e 10.045 da russa Maria Sharapova (17).

Possivelmente a americana não queira mais entrar em polêmicas enquanto se prepara para o Aberto da Austrália, torneio que pode recolocá-la no topo. No momento em que escrevo, já estou em casa e não a vejo por perto. A possibilidade da visita com o biquíni não se confirmou. Virar personagem de reportagem não é o mais indicado a um jornalista, mas às vezes acontece. Especialmente quando se está frente a frente com Serena Williams.

Veja números de Serena Williams:
-123 semanas como número 1 do mundo (sexto maior número da história)
-57 semanas seguidas como número 1 do mundo (13ª maior sequência da história)
-15 Grand Slams conquistados (quarto maior número da história)
-46 títulos conquistados (sexto maior número da história)

 

 

Fonte: Terra 

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