STF detecta descumprimento por governo Bolsonaro de decisões para proteger Terra Yanomami

Supremo diz que há indícios de prestação de informações falsas à Justiça

Supremo Tribunal Federal (STF) detectou que o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro descumpriu decisões judiciais em relação ao plano de proteção da Terra Indígena Yanomami e indícios de prestação de informações falsas à Justiça. Além disso, afirmou nesta quinta-feira (26) que haverá processo legal para punição caso sejam identificados os responsáveis.

Segundo comunicado do Supremo com informações do gabinete do ministro Luís Roberto Barroso sobre a situação dos yanomanis, desde 2020 o STF deu várias decisões para se adotar providências em favor dos indígenas, como medidas de enfrentamento da Covid-19, ordens para se executar um plano de expulsão de invasores mediante a presença ilegal de garimpeiros e madeireiros e a adoção imediata de medidas “necessárias à proteção da vida, da saúde e da segurança das populações indígenas que habitam” o Território Yanomami.

Intimada, a União disse ter realizado ações de vigilância alimentar e nutricional, de saúde em geral e de enfrentamento à malária junto ao povo yanomami, segundo o STF, e declarou a realização de diversos ciclos de “operações de repressão ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami”.

“Contudo, segundo informações dos processos, as operações, sobretudo as mais recentes, não seguiram o planejamento aprovado pelo STF e ocorreram com deficiências”, afirmou o Supremo.

“O STF detectou descumprimento de determinações judiciais e indícios de prestação de informações falsas à Justiça, que serão apuradas. Em caso de identificação dos responsáveis, sofrerão o devido processo legal para punição”, completou.

Uma fonte do STF confirmou que o foco da manifestação se refere às falhas na atuação do governo Bolsonaro para proteger os indígenas.

Desde o final de semana, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve pessoalmente na região, a nova gestão federal deflagrou uma série de ações para tentar reverter a grave crise sanitária e humanitária dos yanomami, em especial das crianças.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que há “fortes indícios” do crime de genocídio e, a seu pedido, a Polícia Federal abriu um inquérito para apurar a situação e punir responsáveis.

Nos quatro anos do governo Bolsonaro, 570 crianças yanomami morreram de doenças curáveis, principalmente desnutrição, mas também de malária, diarreia e malformações causadas pelo mercúrio nos rios, segundo a plataforma de jornalismo amazônico Sumaúma, com base em dados obtidos pela Lei de Acesso à Informação (LAI).

A reserva é invadida por garimpeiros ilegais há décadas, mas as incursões se multiplicaram depois que Bolsonaro tomou posse em 2018, prometendo permitir a mineração em terras indígenas anteriormente protegidas e se oferecendo para legalizar o garimpo.

+ sobre o tema

Charlie e Lobato: quando o racismo encontra a liberdade de imprensa, por João Feres Jr

Charlie e Lobato: quando o racismo encontra a liberdade...

Bahia: Governo lança Plano de Direitos Humanos

Com o objetivo de consolidar uma cultura de respeito...

para lembrar

Políticos ignoram usuários de crack no Brasil, diz pesquisador da Unifesp

Fonte: Marina Novaes Especialista chama cracolândia...

Para especialistas, atendimento a doença falciforme esbarra em racismo

Com alta incidência no país, a doença falciforme deixou...

Hoje na História: Declaração dos Direitos Humanos faz 70 anos

Confira a íntegra dos 30 artigos da declaração, documento...

Mulheres Digitais (4ª edição) – O poder feminino no mercado digital

No próximo dia 1 de abril, sábado, o Teatro...
spot_imgspot_img

Como Geledés combate a discriminação racial na arena internacional

As Nações Unidas estabeleceram o dia 21 de março como o Dia Internacional para Eliminação da Discriminação Racial como uma data em memória ao Massacre...

Centro brasileiro de Justiça Climática lança programa de fellowship exclusivo para jornalistas negros e negras 

O Centro Brasileiro de Justiça Climática (CBJC), organização nacional de destaque na luta por justiça climática e racial, acaba de lançar o Programa de...

Geledés cobra na CSW69 reformas institucionais concretas de distribuição de recursos

Em discurso irrefutável, durante a 69ª Sessão da Comissão sobre a Situação das Mulheres (CSW69), Carolina Almeida, assessora internacional de Geledés – Instituto da...
-+=