Thiaguinho tem tipo de tuberculose comum entre jovens, diz médico

Doença é adquirida pelo ar e atinge membrana ao redor do pulmões. Tratamento dura seis meses e, em geral, não tem complicações.

Por: Luna D’Alama

A tuberculose pleural, doença diagnosticada no cantor Thiaguinho, de 30 anos, é causada por um micro-organismo chamado bacilo de Koch ou Mycobacterium tuberculosis, o mesmo que provoca a tuberculose nos pulmões. No caso dele, o problema atinge a pleura, membrana que reveste os pulmões.

Segundo o pneumologista Rafael Stelmach, do Instituto do Coração (Incor), em São Paulo, o problema é adquirido pelo ar e bastante comum até os 30 anos de idade, principalmente em pacientes com imunidade baixa. Também pode atingir outras regiões das vias aéreas, como a garganta, mas é menos frequente – o mais comum mesmo é nos pulmões.

A tuberculose pleural é uma doença crônica, de evolução lenta, e pode levar meses até aparecerem os primeiros sintomas. Em geral, os sinais são: dor no peito, falta de ar, febre no fim do dia e abaixo dos 38° C, e perda de peso entre 3 e 5 kg, segundo o infectologista Adilson Westheimer, dos hospitais Albert Einstein e Heliópolis, em São Paulo.

“Essa é uma doença adquirida na comunidade. Provavelmente Thiaguinho já tinha essa micobactéria no organismo e, por algum motivo, desenvolveu-a na pleura. Até o estresse pode ter desencadeado isso, pois diminui a imunidade”, diz Westheimer.

Stelmach complementa que, ao andar de metrô, recebemos várias cargas de micobactérias e outros micro-organismos, mas só algumas pessoas adoecem. Isso depende da quantidade inalada, das aglomerações em ambientes fechados e do sistema de defesa do indivíduo.

Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da tuberculose pleural é feito por um exame conhecido como PCR (sigla para Polymerase Chain Reaction), que extrai um pouco de líquido do pulmão, por meio de uma agulha injetada no meio das costelas; ou por uma biópsia da pleura. O resultado pode levar de dois a dez dias para sair, dependendo da técnica escolhida, e identifica o tipo exato de micro-organismo presente.

O tratamento é demorado, exige paciência e adesão do paciente, pois pode levar até seis meses. Ele inclui uma combinação de quatro antibióticos orais (rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol) nos primeiros dois meses, e de dois antibióticos (rifampicina e isoniazida) nos quatro meses seguintes, conforme explica Westheimer.
De acordo com os médicos ouvidos pelo G1, esse tipo de tuberculose não é contagioso, pois não dissemina a micobactéria pela respiração, tosse ou espirro – como ocorre quando o problema afeta os pulmões.

“Nesses seis meses, a pessoa deve fazer acompanhamento e reavaliações para ver a evolução do quadro. Geralmente, o paciente responde muito bem, mas pode se reinfectar se entrar em contato com pessoas contaminadas”, afirma Westheimer.

Segundo o infectologista, a maior complicação que a doença causa é o derrame pleural, quando a pleura se enche de líquido infeccioso, o que pode exigir uma drenagem. Mas o risco de Thiaguinho sofrer isso agora é pequeno, acredita o médico.

Quando isso ocorre, o funcionamento pulmonar é prejudicado, porque o excesso de líquido empurra o pulmão e ocupa o lugar dele. Aí o órgão não se enche totalmente e fica meio “murcho”, esclarece Stelmach.

“Se a pessoa se alimentar bem e não tiver alterações imunológicas, dificilmente apresentará complicações”, diz o pneumologista.

Apesar de curável, a tuberculose atinge 6 milhões de pessoas e mata 1 milhão por ano em todo o mundo, de acordo com o Ministério da Saúde. No Brasil, a doença é um problema sério de saúde pública, e a cada ano são notificados cerca de 70 mil novos casos e 4,6 mil mortes.

O país ocupa o 17º lugar entre as 22 nações responsáveis por 80% do total de casos de tuberculose no planeta, segundo o ministério.

 

Fonte: Bem Estar

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