No Brasil, o número de pesquisadores negros que atuam em Ciência e Tecnologia é bastante restrito e está distante da representatividade dessa população na sociedade. Para debater este tema e buscar caminhos que possam levar a uma mudança dessa realidade, cientistas brasileiros e estrangeiros irão se reunir entre os dias 6 e 8 de abril no campus de Pirassununga da USP para o primeiro simpósio A População Negra na Ciência e Tecnologia.
As inscrições já estão abertas e podem ser feitas até a próxima sexta-feira (26). Pesquisadores das áreas de humanas, biológicas, ciências exatas e da terra e ciências agrárias podem inscrever trabalhos de graduação, mestrado e doutorado por meio do site do Simpósio.
“A política científica e tecnológica brasileira engloba a formação de recursos humanos para engendrar o desenvolvimento científico. Mas quando observamos quem faz parte do potencial humano ligado ao setor, percebemos que existe uma ausência de parte da população brasileira: os negros”, destaca o professor Ernane José Xavier da Costa, do Laboratório de Física Aplicada e Computacional (Lafac) da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, e um dos coordenadores do simpósio. O evento também é coordenado por Martvs das Chagas, subsecretário de Políticas de Ações Afirmativas (SubAA), da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) da Presidência da República.
Haverá apresentação de trabalhos científicos, mesas-redondas e palestras. O simpósio terá a participação dos pesquisadores: Alberto Pompa Nuñes, da Universidade Agrária de Havana (Cuba); Geri Augusto, da Universidade de Brown (EUA); Henrique Cunha Junior, da Universidade Federal do Ceará (UFC); Lúcia Mutaquileno Lucas e Mário Lisbôa Theodoro, ambos da Universidade José Eduardo dos Santos (Angola); Samuel Kofi Baidoo, Universidade de Minnesota (EUA); e Sônia Guimarães, professora adjunta do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e Gerente do Projeto de Sensores de Radiação Infravermelha (SINFRA), do Instituto Aeronáutica e Espaço (IAE), do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA).
Esses cientistas vão discutir os seguintes temas: “Experiências Afirmativas na Inclusão de Jovens Negros e Negras nas Áreas de C&T”, “Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento Social da População Negra”, e “Relações Raciais e de Gênero no Âmbito da Educação Científica e Tecnológica”.
“Só podemos mudar as coisas quando refletimos a respeito delas e apontamos um diagnóstico do problema. Esperamos que esse simpósio possa ser o primeiro de outros tantos eventos sobre o tema, e que ajude a encontrar meios de inserir a população negra na ciência e na tecnologia”, aponta Martvs das Chagas. “Temos a intenção de, posteriormente, reunir as discussões apresentadas no simpósio e publicá-las”, informa o subsecretário.
O Ministério da Educação (MEC), a Eletrobrás, a Coordenadoria do Campus de Pirassununga, e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) são parceiros estratégicos do Simpósio, que também conta com apoio da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros e Negras (ABPN) e do Instituto Steve Biko.
O primeiro Simpósio “A População Negra na Ciência e Tecnologia” é gratuito e aberto a todos os interessados. As inscrições e a submissão de trabalhos pode ser feita por meio do site http://www.usp.br/ lafac/simposio/ index.html, onde também está disponível a programação completa do evento.
Fonte: Planeta Universitário