Pesquisa da UFSCar aponta desigualdade racial na ação da PM em São Paulo

Pesquisadores constataram que negros são maioria entre vítimas de mortes cometidas por policias, são mais presos em flagrante e mais visados em abordagens.
 
Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos realizaram uma pesquisa inédita sobre o racismo na ação da Polícia Militar paulista. Os dados obtidos em entrevistas com policiais, observação das abordagens e análise de dados estatísticos mostram que os policiais matam e prendem mais pessoas negras do que brancas.
 
Coordenada pela Profa. Dra. Jacqueline Sinhoretto, do Grupo de Estudos sobre Violência e Administração de Conflitos (GEVAC) do Departamento de Sociologia da UFSCar, a pesquisa analisou Inquéritos Policiais que versam sobre mortes cometidas por policias e que são acompanhados pela Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo e ainda dados obtidos junto à Secretaria de Segurança Pública. Além disso, foram entrevistados oficiais e praças da PM.
 
A pesquisa descobriu que em São Paulo, nos anos de 2010 e 2011, entre as vítimas de mortes cometidas por policiais, 58% são negras, ao passo que na população residente do estado o percentual de negros é de 34%. Para cada grupo de 100 mil habitantes negros, foi morto 1,4, ao passo que, para cada grupo de 100 mil habitantes brancos, foi morto 0,5. Segundo a coordenadora da pesquisa, estes números deixam evidente a ausência de políticas de segurança pública para a população negra, que culmina nas altas taxas de mortalidade por homicídio neste grupo.
 
Além da produção da desigualdade racial na letalidade policial, a pesquisa constatou ainda que a vigilância policial é operada de modo racializado. Em São Paulo, a taxa de flagrantes de negros é mais que o dobro da verificada para brancos. Também segundo Sinhoretto, estes dados expressam que a vigilância policial privilegia as pessoas negras e as reconhece como suspeitos criminais, flagrando em maior intensidade as suas condutas ilegais, ao passo que os brancos gozam de menor vigilância da polícia para suas atividades criminais.
A pesquisa será apresentada em evento da Escola da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, no dia 02 de abril, às 9h30, no Auditório da Rua Boa Vista, 200, na região central da capital.
 
 
Para saber mais, entrar em contato pelo email segurancaerelacoesraciais@gmail.com
 
Serviço: Apresentação dos resultados da pesquisa “Desigualdade racial e segurança pública: letalidade policial e prisões em flagrante”
Onde: Escola da Defensoria Pública do Estado de São Paulo – Rua Boa Vista, 200 – Centro – São Paulo – SP
Data: 02 de abril de 2014
Horário: 9h e 30min 
 
 
Enviado para o Portal Geledés 

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