Zahara é a bola da vez na música da África do Sul

Por: Ana Ribeiro

No estilo vozeirão e violão, cantora foi um dos destaques do 13º Festival de Jazz da Cidade do Cabo









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Zahara é o nome da hora na música sul-africana. Na coletiva de imprensa realizada no Table Bay Hotel, na Cidade do Cabo, no último sábado (31), como parte da programação do 13º Festival de Jazz da cidade, uma das jornalistas locais contou para ela que a filha de um amigo, aos 2 anos de idade, ainda não sabe falar direito mas já sabe cantar as suas músicas. Zahara achou graça da situação, e agradeceu. “Quando eu era pequena, meu maior desejo era conseguir algum ingresso pra ir ao festival, e agora estou aqui, cantando ao lado de músicos tão prestigiados. Isso é demais, é uma bênção, é Deus”, disse ela.

De família cristã, Zahara agradece a Deus a cada chance que tem. “Na minha casa nós tínhamos o costume, toda noite antes de dormir, de rezar e cantar. Comecei cantando na igreja e não imaginei que fosse ser mais do que isso, do que uma cantora de igreja.”

Entre os shows do festival, o maior evento anual de música na Cidade do Cabo e que neste ano aconteceu nos dias 30 e 31 de março no CTICC (Cape Town International Convention Center), estavam o trumpetista Hugh Masekela, que foi casado com outra lenda da música sul-africana, Miriam Makheba, morta em 2008, e fez para ela uma homenagem especial no festival, a americana Lauryn Hill e a banda Cult francesa Nouvelle Vague.

 

Zahara pode estar realmente honrada de cantar ao lado de mitos da música, mas o que o público queria ver mesmo era ela. Na plateia de sua apresentação, o clima era de festa. Amigos chegavam em grupos e cantavam juntos todas as músicas, mostrando que conheciam todo o repertório. Como é comum (assim eu soube) na África do Sul, quando a música agrada, o público parte também para fazer dancinhas coreografadas, formando um bolo de gente que vai ficando cada vez maior, e isso também aconteceu.

Seu estilo é vozeirão e violão, com tempero local e toque contemporâneo. Alguns brasileiros detectaram uma semelhança com a desaparecida cantora Tracy Chapman, mas sem o tom lamurioso e melancólico da americana. Zahara é muito jovem (23 anos), alto astral, sem produção. Se apresentou com um vestido de estampas grandes em cores fortes, e uma faixa prendendo o cabelão afro que ela orgulhosamente ostenta. O público gritava e se empolgava a cada música. Contagiada pelo calor da plateia, ela correspondia com mais animação.

O que ela cantava e o público seguia em uníssono não dá pra saber: todas as suas músicas são em sua língua nativa, Xhosa – uma das 11 línguas oficiais da África do Sul além do inglês, e a mesma de Mandela. Em certa hora, fez uma homenagem a outro mito da música sul-africana, a cantora Brenda Fassie, que morreu em 2004.

O show estava correndo em crescente empolgação quando uma movimentação estranha aconteceu no palco, e todos os músicos olharam para trás. O público imaginou que Zahara fosse receber um convidado especial, o que naquele momento seria a cereja do bolo, mas em vez disso ela foi avisada de que o tempo estava esgotado e assim, em um anticlímax total e absoluto, encerrou sua apresentação sem cantar a música cujo sucesso a fez famosa, “Loliwe”. A platéia se frustrou, gritou um pouco (bem menos do que teria gritado o público brasileiro), mas não havia tempo para reclamação. O próximo show da segunda noite do festival, da banda Third World, tinha que começar.

“Loliwe” (uma palavra em Xhosa – se pronuncia “Cosa”, mas com um estalo de língua totalmente distinto) é também o nome do CD de estréia de Zahara. Há apenas 6 meses no mercado – sua gravadora é a TS Records -, ela foi indicada para dez prêmios no SAMA (South African Music Awards), incluindo melhor álbum e melhor cantora do ano. A entrega dos prêmios, em 29 e 30 de abril próximos, deve terminar de consagrar Zahara.

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Além do fato de que seu CD está esgotado em várias lojas, outro sinal de que ela entrou para uma lista seleta e conquistou seu lugar ao sol na África do Sul já aconteceu: Zahara cantou para Mandela. O encontro se deu na casa dele, a convite do próprio. Na entrevista coletiva, perguntaram a ela o que Mandela disse quando a conheceu. Zahara imitou com a mão o gesto que Mandela teria feito e falou uma frase em Xhosa. Só riram os poucos jornalistas que entenderam.

A repórter viajou a convite da South African Airways e da South African Tourism

 

 

 

 

 

Fonte: iG

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