Escritora Cidinha da Silva está em BH para lançar novo livro

Um dos mais importantes nomes da literatura negra contemporânea, Cidinha da Silva, mineira radicada em São Paulo afirma que seu público se sente representado em sua escrita

Fonte: Uai

por, Márcia Maria Cruz

Um dos importantes nomes da literatura negra contemporânea, a prosadora e dramaturga Cidinha da Silva comemora os 10 anos de carreira, completados em junho, com o lançamento de três livros neste ano: Sobre-viventes! (Pallas), Canções de amor e dengo (Me Parió Revolução) e Parem de nos matar (Ijumaa).
Radicada em São Paulo, a autora belo-horizontina esteve no Espanca, na semana passada, para a apresentação de Canções de amor. Volta à capital, nesta terça (27), para o lançamento de Parem de nos matar, que ocorre no evento Chá da Dona Jovem, realizado pelo Museu dos Quilombos e Favelas Urbanas (Muquifu), na Vila Estrela, Região Centro-Sul. Na quinta (29), estará na recém-inaugurada Livraria Bantu, na Avenida dos Andradas. No Chá da Dona Jovem, Cidinha compõe mesa com a historiadora Josemeire Álves e a cientista política e vereadora Áurea Carolina, que comentam a obra. Durante o evento, ela autografa Canções de amor e Parem de nos matar.

Parem de nos matar é a segunda publicação da Ijumaa, editora paulista comandada por três mulheres. O primeiro foi o livro de Mel Duarte, jovem escritora bastante celebrada nos saraus e slams de poesia. Cidinha segue a trilha aberta por outras escritoras negras, como Carolina de Jesus, Suely Carneiro e Conceição Evaristo. “O livro pretende ser um olhar caleidoscópico para essa situação de violência aos direitos humanos de pessoas negras na África, no Brasil e na diáspora. É uma forma de falar do extermínio físico tanto de maneira individual como coletiva”, diz.

Com a literatura, a autora propõe uma reflexão sobre tema em crônicas escritas no período de 2012 a 2016. Cidinha trata de episódios de mortes de jovens negros – em chacinas, o assassinato do dançarino do Esquenta DG, Cláudia Ferreira, entre outros – e mortes simbólicas, como no caso de racismo envolvendo o goleiro Aranha, e outros apagamentos simbólicos nos meios de comunicação. “Gosto de futebol. Pela primeira vez trago uma coletânea que aborda o racismo no futebol.”

Ao chegar no 11º livro publicado, Cidinha alcança os 10 anos de carreira com estilo mais apurado. “Alguns escritores chegam prontos. O primeiro livro é um abalo. Tem outros que não. Crescem e amadurecem a cada livro. É nesse segundo grupo que me enquadro”, diz. A maturidade foi o que permitiu a incursão pela poesia em Canções de amor e dengo. “É meu primeiro livro de poemas. São experimentações. Queria me desafiar no formato”, conta sobre a obra, que reúne 40 poemas, escritos em diferentes momentos.

O livro fala de experiências de amor e desamor. A busca por uma expressão poética foi bem recebida e celebrada na comunidade negra, principalmente pelas novas gerações, que compareceram em peso ao lançamento. “É um público crescente – jovem, negro, antenado, não sectarista –, que se sente muito representado no que escrevo.” Ao fazer um balanço da carreira, Cidinha considera que a trajetória pode ser sintetizada em três pilares: o amadurecimento literário, na consistência da obra – mesmo sendo uma autora independente, lançou 11 livros – e na interação que os textos provocam com o público.

 

LANÇAMENTO
Chá da Dona Jovem recebe Cidinha, na Igreja das Santas Pretas. Nesta terça (27), às 18h, no Museu dos Quilombos e Favelas Urbanas – Muquifu (Rua Santo Antônio do Monte, 708, Vila Estrela/Santo Antônio). Entrada franca.

 

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