República cola cartaz incentivando estupro e violência contra mulher

Após repercussão negativa, moradores e ex-moradores da república pediram desculpas e disseram que vão queimar cartaz

por Natália Oliveira e Pedro Ferreira no O Tempo

Um cartaz fazendo apologia ao estupro e a violência contra a mulher foi pregado na parede de uma república em São João del Rei, no Campo das Vertentes, e gerou revolta nas redes sociais. O informativo trata dos direitos e deveres dos estudantes, porém traz deveres que estimulam bater em mulher e embebedá-la para poder ficar com ela.

Em um de seus artigos os estudantes escreveram: “nunca se deve bater em uma mulher, ela pode gostar”. E o cartaz segue com uma sequência de artigos machistas como: “o que é bom a gente come e mostra; o que é ruim a gente não mostra, mas come”, diz.  Em outras frases eles pegam mais pesado dizendo:  “é vedada toda e qualquer recriminação aos moradores que embebedar uma mulher para pegá-la”. O cartaz foi postado nas redes sociais e recebeu compartilhamentos e comentários contrários aos dizeres.

Após a repercussão, a república publicou uma nota em seu Facebook dizendo que erraram ao colar o cartaz. “Erramos por um dia ter colado este cartaz numa parede dentro da nossa casa. Erramos por ter convivido tanto tempo sem nos incomodar com o conteúdo deste cartaz de conteúdo machista. Temos família, esposas, namoradas, irmãs, mães e filhas. Não gostaríamos que elas fossem tratadas da forma como aquele cartaz sugere”, escreveu a república.

Os moradores e ex-moradores da república ainda disseram que vão queimar o cartaz. “Pedimos desculpas a todas as mulheres que já frequentaram a nossa casa e tiveram a desagradável experiência de ler aquele cartaz. Reafirmamos que apesar dos “direitos e deveres” demonstrados no cartaz, sempre prezamos pelo respeito nestes 13 anos de República DaNação”, conclui o informativo.

O Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ) também se pronunciou contrário ao cartaz. “O cartaz divulgado estimula um crime contra a dignidade sexual, previsto no artigo 215 do Decreto-Lei no 2.848 do Código Penal: Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. Cartazes como esses legitimam e perpetuam a violência de gênero, que mata mulheres todos os dias no Brasil e no mundo. Isso não é uma brincadeira, isso não é engraçado, isso é crime”, ressalta o diretório.

A estudante da Universidade, Camila Ferreira, 19, disse que recebeu a notícia sobre o cartaz com muita indignação. “Já existe uma constante de assédio contra as mulheres, quando uma república arruma um jeito de legitimar o estupro e a violência contra a mulher, as coisas ficam ainda piores. É um absurdo esse tipo de coisa. Nós mulheres da UFSJ estamos revoltadas”, relatou.

A Polícia Civil informou que está investigando o caso, mas já adiantou que o cartaz configura apologia ao crime.

+ sobre o tema

As Olimpíadas mais femininas da história

O sexo feminino não disputou competição na primeira Olimpíada...

Relator da terceirização acredita que ‘ninguém faz limpeza melhor do que a mulher’

Para o deputado Laércio Oliveira (SD-SE), a mulher também...

#TODAS CONTRA 18 – Frente Nacional Contra a Criminalização das Mulheres pela Legalização do Aborto do RJ emite nota à imprensa

SERVIÇO: ATO CONTRA APROVAÇÃO DA PEC 181/2015 Data: 13/11/17, segunda-feira Horário:...

para lembrar

10 situações sexistas que mulheres passam no trabalho

Relatos foram colhidos pelo projeto Everyday Sexism Ser ignorada, confundida...

15 coisas que você já ouviu sobre feminismo, mas que não passam de mentiras

'O feminismo é odiado porque mulheres são odiadas' A frase...

As Gêmeas

As duas meninas-moça, as duas meninas-mulher, confirmavam os princípios...
spot_imgspot_img

Órfãos do feminicídio terão atendimento prioritário na emissão do RG

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e a Secretaria de Estado da Mulher do Distrito Federal (SMDF) assinaram uma portaria conjunta que estabelece...

Universidade é condenada por não alterar nome de aluna trans

A utilização do nome antigo de uma mulher trans fere diretamente seus direitos de personalidade, já que nega a maneira como ela se identifica,...

O vídeo premiado na Mostra Audiovisual Entre(vivências) Negras, que conta a história da sambista Vó Maria, é destaque do mês no Museu da Pessoa

Vó Maria, cantora e compositora, conta em vídeo um pouco sobre o início de sua vida no samba, onde foi muito feliz. A Mostra conta...
-+=