#MeToo é ponto de inflexão na luta por direitos das mulheres, dizem relatores da ONU

Especialistas em direitos humanos das Nações Unidas elogiaram nesta terça-feira (6) o poderoso movimento global #MeToo, que levou luz à desigualdade de gênero e à violência sexual contra mulheres, e elogiaram aquelas que ousaram falar e exigir mudanças.

Do Nações Unidas

Manifestação de mulheres e meninas em Nova Jersey, nos Estados Unidos, este ano. Foto: Flickr/Joan Eddis-Koch (CC)

“Por meio de suas ações corajosas, essas mulheres lançaram um movimento global que quebrou o silêncio sobre o assédio sexual e outras formas de violência sexual frequentemente toleradas”, disseram os especialistas independentes em comunicado conjunto para o Dia Internacional da Mulher, 8 de março.

Especialistas em direitos humanos das Nações Unidas elogiaram nesta terça-feira (6) o poderoso movimento global #MeToo, que levou luz à desigualdade de gênero e à violência sexual contra mulheres, e elogiaram aquelas que ousaram falar e exigir mudanças.

“Por meio de suas ações corajosas, essas mulheres lançaram um movimento global que quebrou o silêncio sobre o assédio sexual e outras formas de violência sexual frequentemente toleradas”, disseram os especialistas independentes em comunicado conjunto para o Dia Internacional da Mulher, 8 de março.

“É hora de homenagear as incontáveis mulheres que, durante a história, ousaram se levantar, protestar e dizer ‘não’ à discriminação contra mulheres e meninas e contra uma de suas piores manifestações, a violência. Sua coragem e revolta foram a força por trás de cada progresso alcançado”, disseram.

Os especialistas classificaram o movimento como um ponto de inflexão na luta pelos direitos das mulheres, e ofereceram o apoio total dos mecanismos de direitos humanos das Nações Unidas.

“É um momento de transformação, libertador e empoderador”, disseram os relatores, em comunicado. “Ao falar nesta escala, as mulheres estão rompendo normas discriminatórias estabelecidas por séculos que normalizam, aceitam e justificam a violência sexual contra mulheres e limitaram-nas a papéis bem definidos de inferioridade e discriminação”.

“Por isso este momento é tão significativo. Não é mais apenas sobre indivíduos, mas sobre uma sociedade. Não é sobre moral e honra, é sobre os direitos das mulheres como direitos humanos. É o sistema de concentração do poder e de dominação que está sendo desafiado.”

Os especialistas disseram que a pergunta que está sendo feita agora não é mais se acreditamos nas mulheres, mas sobre o que há de errado com nossa sociedade. “Como pode a violência sexual contra mulheres existir em uma escala tão massiva e endêmica em um momento de paz nos locais mais ordinários da vida: escritórios, escolas, universidades, ruas, transporte público e em casa?”.

“Do Norte ao Sul, do Leste ao Oeste, a violência sexual atravessa a linhas de cultura, religião, ideologia, estágios de desenvolvimento econômico e atinge mulheres de todas as origens sociais e em todas as profissões, seja em partidos políticos, instituições financeiras, na mídia e na indústria do entretenimento, na academia e no campo humanitário. Acontece na família. É uma epidemia verdadeiramente universal.”

Com o advento deste movimento, os especialistas disseram que a vergonha e o medo estão começando a deixar as vítimas para chegar aos abusadores e perpetuadores de violência sexual, que em muitos casos enfrentam ações criminais e outras consequências para seu comportamento inaceitável.

“Os ‘todo-poderosos’ não são mais inatingíveis que podem gozar de impunidade em paz de espírito. Sua capacidade de comprar o silêncio e de se esconder está sendo questionada, e seu poder de intimidação, evaporando”, disseram os especialistas. “No momento, a complacência dos outros e a indiferença de nossas instituições não são mais aceitas sem resistência”.

“Precisamos manter o impulso para torná-lo um movimento verdadeiramente global que atinja todas as mulheres e meninas em lugares onde quebrar o silêncio e a violência contra mulheres ainda é tabu e onde as mulheres têm pouco acesso à Justiça e nenhuma escolha a não ser carregar o peso da vergonha e da culpa”, disseram os relatores da ONU.

“É nesses lugares, longe dos holofotes da mídia internacional, que as vozes das mulheres precisam e devem ser ouvidas. Estamos aqui para apoiar esse movimento, em linha com nossos respectivos mandatos, e para unir forças para sua continuação em todas as partes do mundo”, declararam.

Eles disseram ainda que a existência de leis e políticas de combate ao assédio sexual e outras formas de violência sexual é importante, mas não suficiente. “Igualdade entre mulheres e homens é uma luta da humanidade, uma luta tanto de homens como de mulheres. Em face à violência sexual e à discriminação, todos estão preocupados e todos precisam agir”, concluíram.

O comunicado é assinado por Alda Facio, Elizabeth Broderick, Ivana Radačić, Meskerem Geset Techane, Melissa Upreti, relatora-presidente e membros do grupo de trabalho sobre a discriminação contra mulheres na lei e na prática; Dubravka Šimonovic, relatora especial para a violência contra a mulher, suas causas e consequências; e pelo Comitê da ONU para a Eliminação da Discriminação contra Mulheres (CEDAW, na sigla em inglês).

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