Brasilia: Festival reúne shows, filmes e debates sobre a condição da mulher afro-latina

Fonte: Correio Brasiliense –

Elas nasceram vestidas de cor, cabelos trançados, lisos, revoltos, sorrisos largos. Guerrearam com gingado, amargaram as durezas da vida com ternura. E resistem armadas com a delicadeza que lhes pertence. Elas são mulheres. Negras, morenas, latino-americanas. E se reúnem a partir desta quinta-feira (23/07) nos cantos culturais de Brasília para serem vistas, ouvidas, celebradas e lembradas.

 

Até sábado, vão assistir e refletir sobre filmes produzidos por elas e para elas, colocar na roda de discussão sua imagem na mídia, nos negócios e no mundo. Vão cantar e fazer dançar o público formado por todos, no sábado, 25 de julho – instituído, em 1992, o Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, durante encontro na República Dominicana.

 

Não à toa tudo vai acontecer durante o 1º Festival Cultural da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha. “Essas discussões precisam ter a participação de mulheres negras e não negras, homens negros e não negros. Acredito que igualdade seja uma questão de interesse de todos”, comenta a idealizadora do evento, Jaqueline Fernandes, da Griô Produções.

 

Dados de 2008 do Fórum de Mulheres Negras de Brasília dão conta de que 40% das mulheres do DF são negras. Por isso, o festival vem para refletir a situação delas na capital federal. “Queremos chamar a atenção para o 25 de julho. Sofremos, diariamente, diversos tipos de violência, falta de acesso a políticas públicas de inclusão, seja em saúde, educação, cultura ou espaço de fala”, completa Jaqueline.

 

Nesta quinta, no Balaio Café, às 19h, as mulheres vão se encontrar no Cineclube Latinidades. Um longa e dois curtas-metragens serão exibidos. Sexta, das 14h às 19h, é dia de conversa, no Sindicato dos Trabalhadores Urbanitários, no Setor Comercial Sul. Haverá palestras de representantes do movimento do DF e de São Paulo.

 

Sábado é dia de festa. A partir das 16h, na Praça Zumbi dos Palmares, no Conic, sobem ao palco as divas da música brasiliense Nanan Matos, Lívia Cruz, Vera Verônika, Teresa Lopes, Indiana Nomma e Ellen Oléria. Além de divertir o público, elas esperam sensibilizá-lo para a cultura negra. “Hoje, algumas pessoas já me reconhecem nas ruas. O Brasil está querendo cantar o samba. Nossa cultura está se popularizando, mas também se sofisticando. Mas com muita luta”, diz Teresa Lopes.

 

Ainda assim, ela acredita que, no DF, o espaço reservado à cultura negra é tímido. “A Praça Zumbi dos Palmares é o único em que há uma difusão do movimento”, acrescenta Teresa que preparou repertório voltado para a temática racial. “Vou cantar temas de Caetano Veloso, João Bosco, Jongos de comunidades quilombolas”, adianta.

 

Indiana Nomma, nascida em Honduras, e atuante no DF, vai se apresentar com músicas cantadas em espanhol, de compositores Argentinos, Cubanos e Uruguaios. “Brasília é muito nova e está construindo sua cultura. Nós, artistas negras, estamos ajudando nessa construção. Mas falta espaço, casas de cultura, bares”, diz ela.

 

Ellen Oléria se junta às companheiras com músicas de seu repertório, além de passear por Tim Maia, Sandra de Sá e Jorge Ben Jor. “O festival vai ajudar a trazer visibilidade a todos. A gente tem segurado a pirâmide social há muito tempo. Mas, acredito que na cultura consigamos potencializar essa ascensão. Apesar de, no DF, não haver um espaço para nós. O lugar que Brasília oferece, se olharmos bem, somos nós que estamos ‘invadindo’. De vagar a gente consegue”, acredita Ellen.

 

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