Vítima de racismo, brasileiro ainda sonha com punição de agressor

Número 206 do mundo, o tenista brasileiro Júlio Silva tem um sonho no tênis que vai além de títulos e um melhor posicionamento no ranking. Vítima de racismo no Challenger de Reggio Emilia (Itália) no mês de junho, ele quer ver o agressor Daniel Koellerer, da Áustria, afastado defintivamente das quadras.

“A ATP está investigando ainda, mandaram eu aguardar até o fim do ano. Eu espero que não deixem isso passar em branco, pois é um tipo de coisa que não pode acontecer”, comenta o atleta, que foi chamado de “macaco” e mandado “de volta à floresta” durante a partida na qual foi derrotado por 6/2 e 6/3. “Ele é um cara que vem tumultuando os jogos para tentar ganhar. Qualquer jogo que fica mais duro, ele começa com as provocações para tentar vencer”, acusa.

Apesar da gravidade da situação, até agora nada foi feito e o austríaco continua atuando normalmente pelo circuito profissional. Ele, que já foi o 55 da lista da ATP, caiu para o 220o lugar após perder 14 dos 23 que disputou este ano na primeira rodada. O melhor resultado que obteve em 2010 foi justamente em Reggio Emilia onde chegou às quartas-de-final, assim como no Challenger de Kitzbuhel.

Para Júlio Silva, a demora na punição pode estar relacionada com o fato de Koellerer sempre se fazer de desentendido após as acusações – na partida em que foi vítima de racismo, o brasileiro só soube o que estava acontecendo quando foi avisado por amigos que acompanhavam a partida, uma vez que foi xingado em alemão.

“Ele faz a bangunça e depois fala “não, não foi isso…”, inventa uma desculpa e os árbitros caem na dele”, lamenta.

Esta não foi a primeira agressão de Koellerer contra Silva: dois anos atrás, o europeu fez um sinal de banana para o brasileiro, que estava torcendo por amigos em Monza (Itália). “Mas também não aconteceu nada”, lamenta. Com a possibilidade de impunidade, Júlio trata de “se vingar” à sua maneira. “Já o encontrei outras vezes e o ignoro. Para mim, ele é uma pessoa que não existe”, finaliza.

Júlio Silva disputou esta semana o challenger de Bogotá, mas acabou eliminado precocemente tanto na chave de simples quanto na de duplas.

Fonte: Terra

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