Literatura Africana Contemporânea

A literatura africana contemporânea não tem recebido, especialmente nos países de língua portuguesa, a devida atenção, merecida por sua importância cultural. Ela tem se manifestado nos diversos idiomas que configuram a teia linguística do continente africano, dos quais os principais são os de origem francesa, inglesa e portuguesa.

Esta literatura se enraíza principalmente no movimento denominado negritude. A primeira leva de escritores africanos, a qual participou do primeiro congresso de escritores da África, concretizado em 1956 na capital francesa, inspirou-se nas revoltas de caráter anticolonialista. Entre eles figuram nomes como Léopold Sédar Senghor, Mongo Beti, Bernard Dadié, Ahmadou Kourouma, Sembene Ousmane, Ferdinand Oyono, Tchicaya U’Tamsi e Sony Labou Tansi.

Já as obras escritas após a emancipação das colônias africanas se basearam em outra realidade, na qual imperavam os governos totalitários, as agitações tribais, as revoluções e golpes de estado. Elas condenavam as atitudes repressivas, os desmandos dos governantes, ou simplesmente narravam as vivências de seus autores sob este contexto. Por outro lado, alguns escritores procuravam resgatar as antigas tradições.

A literatura exercitada neste continente ganhou repercussão mundial por meio de autores renomados e premiados, como Wole Soyinka, da Nigéria; Nadine Gordimer, da África do Sul; e o egípcio Naguib Mahfuz, todos detentores do Prêmio Nobel de Literatura. Destacam-se também o queniano Ngugi Wa Thiong’o, o poeta ugandense Okot p’Bitek, entre outros.

Não se pode subestimar o papel significativo que as mulheres africanas exerceram nesta literatura; em seus livros elas relatam suas experiências complexas e peculiares, em um continente no qual as mulheres ainda enfrentam problemas típicos dos séculos passados, como a poligamia, ser mãe, a prostituição e a subjetividade feminina, além das formas encontradas para fugir da intensa repressão que sofrem.

Escritoras como Amma Darko, Flora Nwapa, Buchi Emecheta, Mariama Ba, Fatou Diome, Bessie Head, Tsitsi Danaremba, entre outras, fazem de sua obra uma bandeira pela integração do feminino na sociedade africana, radicalmente patriarcal e machista, bem como nas decisões econômicas e na vivência cultural.

Na literatura atual sobressaem nomes como os de Mia Couto, José Eduardo Agualusa e José Luandino Vieira. Mia é de uma família de imigrantes portugueses que se fixaram em Moçambique, país onde ele nasceu, em 1955. Ele é hoje um dos autores moçambicanos mais importantes, e traduzido em inúmeros idiomas.

Seus esforços convergem para a elaboração de uma nova narrativa continental. Sua principal obra, Terra Sonâmbula, foi escolhida por um júri especial como uma das melhores produções do século XX. Este romance é constantemente comparado com os livros do brasileiro Guimarães Rosa.

O angolano José Eduardo Agualusa é integrante da União dos Escritores Angolanos. Ele contribuiu não só com sua obra, mas também através da criação, em parceria com Conceição Lopes e Fatima Otero, da editora brasileira Língua Geral, a qual é voltada exclusivamente para a edição de livros no idioma português. Entre suas publicações constam Na rota das especiarias, o Filho do Vento, A girafa que comia estrelas, entre outras.

Outro angolano importante é José Luandino Vieira, nascido em Portugal, mas naturalizado cidadão de Angola por sua imprescindível atuação na construção da República Popular de Angola, logo depois da conclusão da Guerra Colonial. Em 2006 ele recebeu o Prêmio Camões, o mais significativo nas premiações literárias, mas o rejeitou, por acreditar que não está mais literariamente ativo; mesmo depois desse discurso ele ainda lançou mais dois livros, neste mesmo ano. Entre suas criações estão os contos Luanda e Velhas Histórias; os romances Nosso Musseque e Nós, os do Makulusu; entre outras novelas e livros infanto-juvenis.

Fontes:
http://blogs.utopia.org.br/levi/tag/literatura-africana/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mia_Couto
http://pt.wikipedia.org/wiki/José_Eduardo_Agualusa
http://pt.wikipedia.org/wiki/José_Luandino_Vieira

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