Alunos protestam e exigem que USP adote cotas

Por: Luísa Ferreira e Rafael Sampaio

Conselho de Graduação votou fim de bônus automático para alunos de escola pública


Estudantes ligados a cursinhos populares fizeram um protesto em frente ao prédio da reitoria da USP (Universidade de São Paulo), nesta quinta-feira (31), exigindo cotas e políticas que incluam de fato estudantes de escola pública entre os aprovados da instituição.

O Conselho de Graduação da USP está reunido para votar mudanças no vestibular da Fuvest, que seleciona candidatos para vagas na universidade.

Bianca Boggiani Cruz, que é aluna do curso de ciências sociais e coordenadora da rede de cursinhos Emancipa, afirma que hoje a USP possui em média 25% dos seus universitários vindos de escola pública. Os outros 75% seriam originários de colégios particulares.

– A reitoria não mostra disposição para dialogar e mudar esse quadro. O reitor [João Grandino Rodas] inclusive manifestou que quer o vestibular mais difícil, o que vai complicar a entrada de alunos mais pobres na USP.

A coordenadora do cursinho diz que a Pró-Reitoria de Graduação da USP ignorou o pedido para que houvesse um representante dos movimentos sociais na reunião do conselho.

– Primeiro disseram que haveria lugar para um representante dos movimentos de inclusão social [cursinhos populares]. Depois, não convocaram o aluno que seria o representante.

A aprovação de alterações no Inclusp – o programa de inclusão da USP para a Fuvest – vai criar uma “maquiagem de democracia” em um primeiro momento, na opinião da estudante.

– Foi eliminado o bônus automático de 3% para alunos de escola pública, o que já era muito pouco. Agora, só fazendo a prova do Pasusp [Programa de Avaliação Seriada da USP] para ter bônus se for estudante da rede pública. Isso é iludir os estudantes, criar uma falsa impressão de inclusão social.

Diretor do DCE-USP (Diretório Central dos Estudantes), o estudante Juliano Polidoro afirma que a proposta de alterar o Inclusp não faz uma projeção de quantos candidatos de escola pública podem ser aprovados na USP com a mudança. Mesmo assim, o projeto foi aprovado pelo Conselho de Graduação, segundo o estudante.

Saiba o que mudou

O Conselho de Graduação aprovou o fim do bônus automático de 3% na nota do vestibular para alunos de escola pública. O benefício estava previsto no Inclusp – o programa de inclusão social da Fuvest adotado em 2009.

Com as mudanças, estudantes da rede pública terão que aderir ao Pasusp (Programa de Avaliação Seriada da USP), se quiserem receber pontos a mais no vestibular.

Fica mantido o bônus por desempenho no vestibular de até 6% para todos os candidatos, que está sendo oferecido desde 2009.

A medida aprovada – chamada de Novo Inclusp – vai atrelar a participação dos alunos de escolas públicas ao Pasusp, caso queiram ser beneficiados no vestibular da Fuvest.

Mural:

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Para isso, o Pasusp vai ser estendido para alunos do segundo ano do ensino médio, que receberão até 5% de bônus na nota do vestibular, dependendo do resultado na prova seriada.

Caso voltem a participar do exame do Pasusp no terceiro ano do ensino médio, eles podem receber até 10% de bônus no vestibular, de acordo com a pontuação que obtiverem.

Com a soma dos resultados, o bônus para vestibulandos pode chegar a 15%, segundo o documento do Novo Inclusp votado hoje.

 

Fonte: R7

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