Racismo em São Luis do Maranhão: ‘Estou em um carro da polícia e eles vão me matar’, diz professor Simão Pedro Amaral

O professor de canto e artista plástico Simão Pedro Amaral denuncia que foi vítima de agressão e constrangimento praticados por dois policiais militares do 8º BPM, que fazem a ronda da comunidade no bairro do Turú. O fato aconteceu na última sexta-feira, dia 4, por volta das 10h, em uma rua deserta que dá acesso ao condomínio Porto da Barra da Praia, no bairro do Turu, próximo à Faculdade Atenas Maranhense (Fama).

“Foram momentos de verdadeiro terror”, diz Simão. O educador conta que caminhava na estrada, em direção ao condomínio, quando foi abordado por dois policiais, Hernandez Chagas e José Ribamar Vieira, que estavam em uma viatura do 8º BPM, de placa NMU 4540 (Ronda da Comunidade), que ordenaram que parasse imediatamente para uma revista. O professor indagou porque ele seria revistado. Os policiais disseram que ele seria “suspeito” porque possui as características de um marginal que acabara de assaltar uma moradora da área. Samuel tem perfil físico afro-descendente, ou seja, é negro.

Enquanto estava sob revista, a vítima explicava aos policiais que é professor lotado no Centro de Ensino Bernardo Coelho de Almeida (BCA), que dá aulas na Escola de Música do Estado, que é de boa família e, inclusive, tem parentes em corporações militares e um irmão delegado de polícia. Porém, as explicações do professor não foram suficientes para evitar que um dos policiais lhe desse um soco no rosto, mandando que calasse a boca, com palavras de baixo calão. Revoltado com a agressão, o professor disse aos policiais que iria denunciá-los pela agressão e pelo constrangimento ao qual estava sendo submetido. Com isso, um dos policiais lhe empurrou violentamente para o interior da viatura.

Após entrar no veículo, o professor conta que os policiais ficaram dando voltas no bairro do Turú: “uma situação de verdadeiro terror e tortura”, lembra Simão. Mesmo com o clima ameaçador, ele perguntou aos policiais militares para onde estaria sendo levado, mas recebeu como resposta apenas a expressão “cala a boca”. Desesperado, o professor lembrou que tinha um celular no bolso da calça e, sem que os policiais percebessem, discou o número do telefone de sua casa e falou rápido para quem atendeu: “estou em um carro da polícia no Turu e eles vão me matar”.

racismo professor sao luis do maranhao 2Depois disso, os policiais pararam em um ponto de maior movimento do bairro e mandaram o professor descer. Um homem se aproximou da viatura. Foi identificado como marido da vítima do assalto. Porém, o homem não reconheceu o professor como o autor do delito. Percebendo a situação embaraçosa em que se encontravam, os policiais perguntaram ao educador: “ainda vai denunciar a gente?” Ele respondeu que sim. Diante da afirmação em tornar pública a ação dos policiais, Simão foi novamente obrigado a entrar na viatura.

Foi levado para a Delegacia do Turú, onde os policiais abriram um boletim de ocorrência, denunciando-o por desacato à autoridade. No mesmo momento, o professor entrou em contato com um advogado e abriu boletim com registro da ação dos policiais, alegando discriminação racial, agressão física e moral, tortura e sequestro.

Descrevendo os momentos de pânico que viveu como resultado da impunidade em casos de violência policial, Samuel repudia a ação dos policiais e pede justiça: “Espero que esses policiais sejam punidos pelo que fizeram comigo. A polícia tem o dever de dar proteção à sociedade e não de agredir e coagir cidadãos nas ruas”, desabafa o professor.


Outros casos em São Luis do Maranhão

Atitudes de agressões e constrangimentos contra trabalhadores principalmente da raça negra, são rotineiras no nosso estado governado por Roseana Sarney, tanto a policia civil e militar, praticam essas atrocidades, porém não são divulgados devidos ameaças pelos próprios policiais, isso quando não são assassinados.

 

Casos por coragem dos agredidos é que vem a público. Aconteceu com o funcionário da Caema em serviço foi agredido brutalmente em via publica. Menos de um mês assassinaram outro trabalhador (pedreiro) em plena Avenida Guajajara sem nenhum pudor. Agora recentemente (04/11) no Turú, a vítima foi o Profº negro Simão Pedro Amaral.

 

Em minha opinião o Profº Simão foi seqüestrado, humilhado, agredido, descriminado pelo aparelho do estado.

 

Os trabalhadores que já passaram por essas situações, devem criar coragem e procurar um advogado e denunciar esses maus tratos rotineiros praticados por esses marginais que estão usando a farda da corporação, devem cobrar do estado reparações dos crimes sofridos.

 

As imagens feitas pela turista paulista Gisiela Góis, que estava em um apartamento em frente ao local da agressão, mostram os momentos finais da agressão dos policiais contra o trabalhador.

Funcionário da Caema, José Raimundo Ribeiro Pires, 44 anos, foi agredido por agentes da Polícia Civil e pelo delegado Alberto Castelo Branco, que, atualmente, responde pela Delegacia de Costumes, na manhã desta sexta-feira (15). Ele chegou a ser preso pelos policiais, mas já foi liberado. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) já determinou abertura de procedimento administrativo para apurar a responsabilidade.

 

Fonte1: Sinproesemma

 

Fonte2: Coversa de Feira

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