A família de uma adolescente de 15 anos estudante do 9º ano do Colégio Pódion, na 713 Norte, denunciou um caso de racismo e preconceito sofridos pela jovem durante um jogo de queimada na escola, em 19 de abril.
A ocorrência registrada pela Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) 1 detalha que a vítima praticava o esporte com colegas da mesma série, quando ocorreu a ofensa.
Na hora, a vítima não teria escutado o insulto. No entanto, posteriormente, comentaram o assunto no grupo de WhatsApp de uma das turma do colégio, e a vítima descobriu ter sido chamada de “preta gorda”.
Por meio de nota, o Colégio Pódion se posicionou sobre o ocorrido. A instituição particular de ensino informou que não compactua com esses tipos de atitudes, que repudia toda forma de discriminação e que “repreende com vigor quaisquer atos dessa natureza”.
“A direção da escola apurou o ocorrido, a fim de repreender com vigor quaisquer atos dessa natureza. Informamos, ainda, que as famílias dos estudantes envolvidos foram cientificadas dos fatos”, ressaltou a nota.
O colégio acrescentou que, pelo fato de os envolvidos serem menores de 18 anos, e a fim de preservá-los, as medidas disciplinares adotadas foram comunicadas só aos responsáveis dos estudantes envolvidos. “Processos de conscientização e acolhimento são continuamente realizados na escola. Inclusive, faz parte de nosso material didático trabalhar essa temática em sala de aula com os estudantes”, completou.
Exposição do caso
O pai da adolescente levou o caso à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e cobra por responsabilização dos autores das ofensas. Em uma publicação nas mídias sociais, o professor Jorge Cavalcante expôs o caso.
“Recentemente, minha filha foi vítima de preconceito dentro da escola onde estuda. Pedido de desculpa formal da escola? Nenhum”, desabafou.
Em vídeo gravado pelo professor, ele acrescentou que o preconceito que está enraizado na sociedade e que a falta de uma política para combater comportamentos assim nas escolas é o que mais assusta.
“É muito importante deixar claro que essa não foi a primeira vez que isso aconteceu no ambiente escolar e, se deixarmos, não vai ser a última. O próximo pode ser seu filho”, alertou o pai da vítima.
Assista ao vídeo:
Por meio de nota, o Ministério do Esporte também se manifestou sobre o ocorrido e destacou se tratar do segundo caso desse tipo em menos de um mês, no Distrito Federal.
Recentemente, em 3 de abril, um jogo de futsal entre estudantes de dois colégios particulares terminou com ofensas por preconceito racial e de classe. Um grupo de alunos do Colégio Galois chamou os da Escola Franciscana Nossa Senhora de Fátima de palavras e frases “macaco”, “filho de empregada” e “pobrinho”. A situação ocorreu durante o torneio da Liga das Escolas.
Leia na íntegra a nota do ministério:
“Pela segunda vez, em menos de um mês, a comunidade escolar de Brasília (DF) registra novo episódio que evidencia a importância do combate ao racismo e ao preconceito. Desta vez, a vítima foi uma aluna de uma escola particular, insultada enquanto participava de jogos interclasses da instituição.
O Ministério do Esporte, uma vez mais, reitera o veemente repúdio a esse tipo de atitude. É inaceitável que episódios de discriminação racial persistam em nossa sociedade, especialmente em um ambiente tão importante para o desenvolvimento social e pessoal como o escolar.
O enfrentamento ao racismo e a promoção da igualdade racial são prioridades do Ministério do Esporte. Estamos em constante diálogo com organizações nacionais e internacionais para firmar parcerias que promovam ações educativas, preventivas e de combate ao racismo no esporte.
Expressamos nossa solidariedade à estudante e aos familiares dela, afetados por este lamentável episódio. Reforçamos nosso compromisso em trabalhar incansavelmente para erradicar o racismo e todas as formas de discriminação no esporte e na sociedade. Acompanharemos de perto a apuração dos fatos e das medidas legalmente cabíveis aos agressores.”