CORAGEM: Manifestações livres sobre qualquer assunto

Por:  Leno F. Silva

 

Numa semana dedicada à sétima arte, assisti “O espetacular homem aranha”, “Na estrada”, e “Bem amadas”, respectivamente produções norte-americana, brasileira, crédito meu em função do diretor, e francesa.

Coloquei os três num liquidificador, não para ouvir segredos, como disse um dia o nosso querido Cazuza, mas para puxar uma palavra que pudesse servir de síntese ou afinidade entre a tríade de produções. Não foi uma escolha simples, mas respeitei aquela que fez palpitar meu coração no  omento em que estava escrevendo.

Antes de revelar, recomendo as três fitas. Por razões distintas, vale a pena enfrentar a sala escura para ver e mergulhar nessas obras de ficção.

Voltando à síntese deste instante, fiquei com o substantivo feminino Coragem que, segundo o dicionário Houaiss , significa 1) moral forte perante o perigo, os riscos; bravura, intrepidez, denodo; 2) firmeza de espírito para enfrentar situação emocionalmente ou moralmente difícil.

Para além da definição formal, a meu ver, ter coragem também é vencer desafios, romper barreiras, quebrar paradigmas e levar as decisões e as escolhas às últimas consequências. Nesse contexto, os três trabalhos são um convite à reflexão e ao exercício dessa prática nem sempre fácil na vida real.

Com diferentes traços e profundidade, as três atmosferas dramáticas das fitas escancaram os contrastes das relações humanas. Em “O homem aranha me identifiquei” com o velho e atual dilema Shakespeareano : ser ou não ser um super-herói – nesta versão mais humanizada -, que carrega culpas, mas que tem a coragem assumir o seu amor, mesmo depois de se comprometer com o sogro em não fazê-lo.

Do road movie dirigido por Walter Salles, fisguei o personagem, Sal Paradise, que depois de perder o pai, se fortalece de uma corajosa força e viaja pelos Estados Unidos sem dinheiro em busca de
inspiração para os personagens do seu livro. Nas dezenas de idas e vindas, conviveu com o “submundo”, e compartilhou distintas experiências os seus melhores amigos, pessoas que viviam intensamente as suas convicções, prazeres e dores.

Já em “Bem amadas”, me encantei com o jeito francês de retratar com delicadeza a profissão da prostituta Madeleine, que na sua fase madura, é interpretada pela maravilhosa Catherine Deneuve, e tem como filha, Vera, vivida por Chiara Mastroianni. Embora as duas atrizes estejam fantásticas e são corajosos o tempo todo, foi uma fala do personagem Jaromil ( Ludivine Sagnier), ex-marido de
Madeleine e eterno apaixonado pela sua musa, que contribuiu para a minha escolha. Ele disse mais ou menos o seguinte: “Ter coragem é decidir ir até o fim, mesmo sabendo que em alguns casos não vai dar certo”. Por aqui, fico. Até a próxima.

Serviço:

·
O espetacular homem aranha, direção Marc Webb, 137 minutos, 10 anos, com Andrew Garfield, Emma Stone, Sally Field

·
Na estrada, direção Walter Salles, 140 minutos, 16 anos, com Garret Hedlund, Sam Riley, Kristen Stewart.

Bem amadas, direção Christophe Honoré, 135 minutos, 16 anos, com Chiara Mastroianni, Catherine Deneuve, Ludivine Sagnier

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