Milhares de indianos pobres marcham por justiça social

Milhares de indianos entre os mais pobres do país, incluindo membros de tribos e os dalits (“intocáveis”), iniciaram nesta quarta-feira uma caminhada de 350 km em direção a Nova Deli para denunciar suas precárias condições de vida, apesar do propalado desenvolvimento econômico do país.

Esta “Marcha pela Justiça” teve início na cidade de Gwalior (centro) e deve ser concluída em 26 dias em Nova Delhi, indicou a organização por trás desta iniciativa, a Ekta Parishad, que luta pelo direito à justiça social para os indianos sem terra.

– Aproximadamente 35.000 pessoas se reuniram em Gwalior e até que a marcha alcance Nova Deli esperamos que o número chegue a 100.000 – declarou o porta-voz da organização, Aneesh Thillenkari.

A primeira marcha deste tipo, que foi organizada em 2007 e teve o acompanhamento de 25.000 pessoas, entre elas camponeses endividados que exigiam o direito de ter acesso à terra e aos meios de subsistência para a produção de alimentos. Onze pessoas acabaram morrendo nessa caminhada.
– Pedimos que as terras agrícolas sejam usadas exclusivamente para a agricultura e queremos uma política de reforma agrária, que não existe hoje – declarou Thillenkari. “Quando os pobres querem terras, o governo central diz que é um problema do governo local. Mesmo assim, ele (o governo central) adquire terrenos para uso industrial ou criação de zonas econômicas especiais”, denunciou ainda. 

Antes de lançar a marcha de camponeses, membros da tribo Adivasis e dalits, o fundador da Ekta Parishad, PV Rajagopal, lembrou que esta iniciativa é uma luta “pela dignidade, segurança e identidade”. Muitos segmentos da população também se queixam de serem excluídos do desenvolvimento da terceira potência econômica da Ásia e de serem sacrificados no altar do liberalismo.

Aproximadamente 73% da população de 1,2 bilhão de pessoas vivem da agricultura. Muitos projetos industriais foram adiados ou abandonados nos últimos anos devido a disputas com as comunidades locais sobre a aquisição de terras. Uma forte classe média surgiu na Índia através de uma política de liberalização econômica implementada em 1991, mas milhões de indianos ainda vivem abaixo da linha da pobreza.

 

 

Fonte: Correio do Brasil 

+ sobre o tema

Pitanga e o país que poderia ter sido

Documentário sobre o ator notável provoca ao dar ao...

Exclusivo: Diogo Nogueira revela emoção da conquista do Grammy

O cantor e compositor Diogo Nogueira se consagrou no...

Um movimento literário que brota do povo: a Favelofagia e o Bando Editorial

Autores das classes populares recebem suporte para produção e...

para lembrar

Você já foi na Saída do Ilê Aiyê?

Bloco afro faz ritual tradicional e desfila no Curuzu...

Natura Musical apresenta “30 semanas”, novo single de Rico Dalasam

Após emplacar vários hits com o álbum DDGA, o...

100 anos sem Lima Barreto: a luta ainda continua em 2022?

O que o legado de Lima Barreto tem a...

Gil, 45 anos depois do AI-5 e prisão: ‘foram momentos de agonia’

Neste dezembro de 2013, os 45 anos do AI-5....
spot_imgspot_img

Podcast brasileiro apresenta rap da capital da Guiné Equatorial, local que enfrenta 45 anos de ditadura

Imagina fazer rap de crítica social em uma ditadura, em que o mesmo presidente governa há 45 anos? Esse mesmo presidente censura e repreende...

Clara Moneke: ‘Enquanto mulher negra, a gente está o tempo todo querendo se provar’

Há um ano, Clara Moneke ainda estava se acostumando a ser reconhecida nas ruas, após sua estreia em novelas como a espevitada Kate de "Vai na...

Peres Jepchirchir quebra recorde mundial de maratona

A queniana Peres Jepchirchir quebrou, neste domingo, o recorde mundial feminino da maratona ao vencer a prova em Londres com o tempo de 2h16m16s....
-+=