Skinhead é condenado por tentar matar punk

A sessão da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Porto Alegre desta quarta-feira (21/11) condenou a dez anos e três meses de prisão em regime inicialmente fechado um utodeclarado skinhead, de 28 anos, por tentar matar um punk, também de 28 anos. Ele foi condenado pelos crimes de tentativa de homicídio, racismo e formação de quadrilha. A juíza Cristiane Busatto Zardo entendeu, na dosimetria da pena, que havia “formação de quadrilha para a prática de delito tido como especialmente abjeto pela própria Constituição Federal, qual seja, a disseminação do racismo”.

O Ministério Público foi representado em Plenário pelo promotor de Justiça Júlio César de Melo. “O fator mais relevante do julgamento é que, além da condenação pelas agressões, também foi considerado o fato de o réu fazer parte de um grupo formado, também, para cometer atos de discriminação”, disse o promotor. “Demonstrou-se justamente que o mais importante é coibir o preconceito, seja ele qual for. Ideologias, cada um tem a sua, o problema é quando elas atentam contra o direito dos outros, o que caracteriza o crime”, pondera.

A tentativa de homicídio ocorreu em 16 de setembro de 2007, na saída de um jogo de futebol: Grêmio vs Internacional. O grupo, que fazia parte da torcida Geral do Grêmio, andava no Centro Histórico de Porto Alegre quando avistou a vítima, acompanhado da namorada. Conforme os depoimentos dos réus (outro homem aguarda julgamento devido a um recurso da defesa), eles resolveram agredir o jovem por se tratar de um punk.

O rapaz, desarmado, tentou fugir, mas foi alcançado pelo grupo, de oito pessoas. Ele foi agredido por chutes, socos e 14 golpes de arma branca, provavelmente uma faca, não localizada. A vítima foi socorrida por moradores das proximidades e levada ao hospital, onde fez uma cirurgia de emergência e ficou incapacitada ao trabalho por quatro meses. Cinco participantes não foram identificados. Também há representação contra um adolescente.

Durante as investigações, a Polícia Civil encontrou, na residência do condenado, material de divulgação neonazista. Também foi identificada movimentação do grupo do qual ele fazia parte, o White Power Sul Skins, em sites de relacionamento. Com informações da Assessoria de Imprensa do TJ-RS.

 

 

 

Fonte: Conjur 

+ sobre o tema

Como denunciar casos de racismo no local de trabalho?

O crime de racismo, ou seja, o ato de...

Enegrecer a docência universitária

Um educador em um sistema de opressão é revolucionário...

“Tem mais negros no crime”, diz deputado Daniel Silveira em fala racista

O deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) discursou hoje no...

‘Racismo é construção política’, diz historiador sobre cultura brasileira

Luiz Claudio Dias e Tâmis Parron protagonizaram segundo debate...

para lembrar

Márcia Lima: “Debate racial mudou de patamar. Não vejo mais os jovens aceitando silenciamento”

A socióloga Márcia Lima (Barra do Piraí-RJ, 1971) coordena...

Maju Coutinho se posiciona sobre racismo no JH

Maju Coutinho usou o Jornal Hoje (JH), da Globo,...

Aliança de parentesco

Um ato político de grande simbolismo marcou a I...

Pôster chinês do novo Star Wars é acusado de racismo

A versão chinesa do cartaz de “Star Wars: O...
spot_imgspot_img

PM afasta dois militares envolvidos em abordagem de homem negro em SP

A Polícia Militar (PM) afastou os dois policiais envolvidos na ação na zona norte da capital paulista nesta terça-feira (23). A abordagem foi gravada e...

‘Não consigo respirar’: Homem negro morre após ser detido e algemado pela polícia nos EUA

Um homem negro morreu na cidade de Canton, Ohio, nos EUA, quando estava algemado sob custódia da polícia. É possível ouvir Frank Tyson, de...

Denúncia de tentativa de agressão por homem negro resulta em violência policial

Um vídeo que circula nas redes sociais nesta quinta-feira (25) flagrou o momento em que um policial militar espirra um jato de spray de...
-+=