Reinaldo Azevedo é a menina fantasma do elevador

Renato Rovai

O colunista porta-voz da revista Veja, Reinaldo Azevedo, não é nem o que parece e nem o que deseja ser. No dia da morte de Oscar Niemeyer, ele reproduziu um daqueles seus textos sofríveis repleto de citações e deu o seguinte título: “Oscar Niemeyer, metade gênio e metade idiota”. De forma justa, muita gente se indignou. Afinal, o que se espera de um ser humano no dia da morte de outro é no mínimo o silêncio respeitoso. Mas Azevedo não é humano. É uma caricatura. Não é um passageiro comum. É a menina fantasma do elevador.

Azevedo está na revista Veja para isso. Foi escalado para tentar assustar os outros com seus gritos de “buuuuu”. E mesmo que você passe longe do site da publicação que lhe paga os préstimos, ele entra escondido pela sua timeline a partir da indignação alheia e, de repente, faz aquela cara de espantalho.

O texto que produziu sobre Niemeyer deve ser lido neste contexto. Ele sustenta sua prole a partir deste papel ridículo que desempenha. Nada mais do que isso. Não é questão de opinião. É simplesmente um jeito de ganhar a vida.

Mas se por um lado ele é o escolhido para fazer este papel bizarro para Veja, por outro não significa nenhuma ameaça. Como a menina fantasma do elevador, Azevedo pode até assustar um ou outro incauto ou alguém que esteja sugestionado. E pode divertir o público que acha seu estilo, borbulhante de preconceitos, engraçado. Nada mais.

Tanto que Azevedo tentou se colocar como grande articulador da oposição e sempre foi ignorado. Tanto que tentou liderar manifestações que não levaram nem uma centena às ruas. Tanto que liderou pelo seu blogue chapas de movimento estudantil que foram solenemente ignoradas e derrotadas.

Há algum tempo Azevedo ainda era chamado para dar uma palestra aqui e outra ali. Como virou a menina fantasma do elevador da blogosfera, nem isso. Ultimamente o colunista da Veja não é levado a sério nem pela juventude tucana.

O texto que fez sobre Niemeyer não pode ser entendido para além dessa caixinha. A caixinha do bizarro. Azevedo é bizarro, porque é este o seu papel. Foi assim que conseguiu sair da produção e ir para a frente do palco. Vai continuar ainda por algum tempo fazendo suas estrepolias. Cada vez para menos gente, porque mais óbvio. Mas não se pode pedir que faça diferente. Isso o levaria ao ostracismo.

E nesse caso, sua vaidade prefere a fama.

A menina fantasma do elevador pode parecer algo mais ingênuo, mas ele também não é esse bicho-papão que parece e nem que deseja ser. Azevedo é só uma caricatura.

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