Lucarelli e Douglas brigam por medalhas no vôlei e contra preconceitos

Destaque da seleção, Lucarelli imita gesto de Wakanda Forever, símbolo do personagem Pantera Negra

Em quadra, Lucarelli, 29, e Douglas Souza, 25, disputam a mesma posição, a de ponteiro da seleção masculina de vôlei. Ambos, porém, estão unidos em um propósito, o de combater a homofobia e o racismo.

Campeão olímpico nos Jogos do Rio-2016, Lucarelli é um dos pontos de desequilíbrio da seleção brasileira candidata a repetir a dose em Tóquio-2020. Na conquista da Liga das Nações, realizada entre maio e junho em Rimini na Itália, Lucarelli chamou atenção ao pisar na quadra e cruzar os braços, gesto em referência a Wakanda Forever, símbolo do personagem Pantera Negra.

“Para ser sincero, aquele símbolo foi do nada. Pediram para fazermos algo para câmera. Acho o filme bem legal, acho uma representatividade bem legal. Infelizmente, ainda sofremos muito com essa questão do racismo. [Preconceito] não somente contra negros, contra outras classes, contra a opção sexual”, disse Lucarelli durante entrevista coletiva neste domingo (18).

“Fico muito feliz de ser um atleta negro e ter conseguido chegar num lugar legal, ter sido campeão olímpico. Feliz por receber mensagens de pessoas negras que se inspiram, que veem a possibilidade de alcançar o seu espaço independentemente da área que queira seguir. Só tenho que agradecer ao voleibol por me proporcionar isso. Proporcionar também ser essa pessoa negra que inspiram outras sem medo de ser feliz.”

Nascido em Contagem (MG), onde começou a praticar o vôlei em um projeto social, Lucarelli vem de ótima temporada na Europa. Atuando pelo Trentino acabou em segundo lugar na Liga dos Campeões e, depois da Olimpíada, irá se apresentar ao Civitanova, atual campeão italiano.

“Esses cinco anos [entre 2017 e 2021] foram muito legais para mim. Estou mais maduro em relação a 2016, mas espero que tecnicamente possa estar no meu melhor nível, porque vai ser necessário para ajudar a seleção”, afirmou.

Douglas jamais escondeu a sua orientação sexual, mas deixa claro o quanto incomoda que ainda não haja aceitação plena da homossexualidade no ambiente esportivo.

Douglas Souza, jogador de vôlei da seleção brasileira e do EMS Taubaté Funvic, no ginásio do Clube Abaeté (Foto: Rafael Hupsel/Folhapress)

“Acho extremamente importante a gente estar aqui em competições internacionais, desse tamanho e desse nível, porque somos pessoas iguais. Não queremos ser melhor que ninguém, queremos só nossos direitos iguais, ser tratados da melhor maneira, assim como todo mundo”, afirmou Douglas.

“Eu sou a prova viva de que um LGBT pode jogar no alto nível, como um hetero. Sem problema nenhum, não tem problema de convivência, nada desse tipo. Precisamos levantar bandeira em busca de igualdade. Estamos fazendo isso no esporte, infelizmente a gente engatinha nessa fase ainda.”

“Esses cinco anos [entre 2017 e 2021] foram muito legais para mim. Estou mais maduro em relação a 2016, mas espero que tecnicamente possa estar no meu melhor nível, porque vai ser necessário para ajudar a seleção”, afirmou.

Douglas jamais escondeu a sua orientação sexual, mas deixa claro o quanto incomoda que ainda não haja aceitação plena da homossexualidade no ambiente esportivo.

“Acho extremamente importante a gente estar aqui em competições internacionais, desse tamanho e desse nível, porque somos pessoas iguais. Não queremos ser melhor que ninguém, queremos só nossos direitos iguais, ser tratados da melhor maneira, assim como todo mundo”, afirmou Douglas.

“Eu sou a prova viva de que um LGBT pode jogar no alto nível, como um hetero. Sem problema nenhum, não tem problema de convivência, nada desse tipo. Precisamos levantar bandeira em busca de igualdade. Estamos fazendo isso no esporte, infelizmente a gente engatinha nessa fase ainda.”

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