2013 já deu as caras: há desejos e sonhos pessoais e políticos

DE CERTEZA TEREI MAIS TEMPO PARA FICAR DE OLHO NOS PREFEITOS

Por: Fátima Oliveira

 

Muita gente abomina as listinhas de Ano Novo. Eu, médio. Nunca listei meus desejos nem os sonhos que acalento. Acredito em projetos de vida, que podem ser feitos a qualquer época do ano. No entanto, o começo de um novo ano é sempre momento de algum balanço de vida, pois os rituais de passagem de dia de ano são impulsionadores de sonhos. O ar de algo abominável sobre as listinhas de Ano Novo soam de algum modo falso, como uma recusa a se dobrar ao frenesi da chegada do ano novo.

Depois de quase 60 anos vividos, não abro mão de projetos de futuro. E por que não? Há um futuro para as pessoas sexagenárias de hoje, já que a expectativa de vida nos concede, via de regra, mais uns 15 anos de sobrevivência. Não sei viver ao léu. E sei que o futuro, está em grande medida em nossas mãos planejá-lo, inclusive o político.

A incapacidade de elaborar projetos de futuro é a senha da infelicidade. Não há dúvida de que alguns distúrbios mentais têm como sintoma exponencial a incapacidade de elaborar projetos de futuro. Aquilo de “deixar a vida me levar…”. E daí pra bater com os burros n’água é uma certeza… Digo sempre aos meus botões que não escapei do tétano neonatal para bater com os burros n’água…

Desde criança queria ser médica e pautei a minha vida para concretizar tal sonho, coisa que parecia impossível, tendo nascido onde nasci, mesmo com algum aporte econômico suficiente para a dedicação aos estudos; mas era negra, oriunda de uma família negra remediada para os padrões econômicos do sertão, que hoje seria algo como a nova classe média, ou talvez bem menos. Ou seja, coisa pouca, quase nada.

Em minha cidade, o máximo de estudo era até a quarta série do primário, numa época em que, culturalmente, às mulheres bastava saber assinar o nome e esperar casar ou ficar no caritó. Tive a sorte de minha avó compreender que “a gente bota filha para estudar fora para não casar com esses caboclos daqui”. Foi assim que, aos dez anos, fui mandada para estudar na escola do padre Macedo, em Colinas (MA). E virei médica.

Sonhei e planejei ser médica. E concretizei o meu sonho… Tudo sem listinha, mas com projetos de vida. E derramei lágrimas de sangue para torná-los reais. Depois, quase tudo partiu da profissão que escolhi: ela passou a ser o eixo. Não tenho dúvidas em dizer que a medicina legou-me asas e nelas voei… É nelas que planejo vivenciar a minha aposentadoria, em algum lugar de calmaria, aproveitando as delícias de ser avó, tendo mais tempo para escrever… E cutucando com vara curta quem merece, pois a opção de ser uma livre pensadora contém em seu bojo um compromisso vitalício para com as necessidades do ponto de vista dos oprimidos.

De certeza terei mais tempo para ficar de olho na falta de compromissos de 99,9% dos prefeitos, alguns feitos a facão, de nosso Brasilzão em relação ao Sistema Único de Saúde (SUS), inclusive daqueles que não têm pudor de emitir normas regulamentadoras do caos, exigindo que hospitais contratados do SUS, mesmo não havendo mais leitos contratados ou em caso de extrapolação deles – digo: na superlotação criminosa -, não “recusem” nenhum doente – e desde quando não ter mais leitos é igual a recusar doentes? -, sob pena de diminuição da verba a que têm direito por serviços prestados!

Se quem cala consente, eu pergunto: como pode o Ministério da Saúde concordar com tal descalabro? Com a palavra o ministro Padilha, a quem já concedi a palavra várias vezes e faz ouvidos de mercador.
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Fonte: O Tempo

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