Maternidade obrigatória, paternidade facultativa

Ainda hoje, muita gente insiste que não precisamos do feminismo, que a época de queimar sutiãs já se passou, que a mulher já conquistou tudo o que ela deveria conquistar. E dai eu te pergunto: cê jura?

Isabela Kanupp

O machismo está tão embutido em nós, que pequenas atitudes são consideradas normais e pasmem: até heroicas! Mas calma, é só machismo!

Essa matérias me chamou a atenção, em primeiro lugar porque eu sou mãe solteira ( ou separada, como vocês quiserem), eu trabalho, eu sou cuidadora do meu pai, cuido da Beatriz, da casa, tenho vida social e tudo o que uma pessoa normal faz. Eu conheço diversas mulheres e mães, que são sozinhas, que estudam, trabalham, cuidam da criança. Existem milhares de mulheres assim.

Nenhuma delas saí no G1. Nenhuma delas é destaque. Sabe porque?

Porque a nossa sociedade é machista. E uma mãe fazer tudo isso – que só de escrever me cansa – é considerado ” nada mais do que obrigação”, sabe porque? Porque ela é mulher. E para a nossa sociedade a responsabilidade de cuidar de uma criança, é somente da mulher.

Quando um homem assume essa responsabilidade – que já é dele – ele é considerado um herói, como disse nesse texto aqui sobre a supervalorização das pequenas coisas que os pais fazem.

Tudo o que esse rapaz  da matéria faz, não é nada além da obrigação dele, como pai. Ele não é herói. Ele não é guerreiro. Ele está passando o que milhares de mães passam todos os dias, e sabe o que é pior? Essas mães são chamadas de putas, somente por serem mães solteiras.

papai

Como a Luisa do blog Mamãe Neura disse: Na nossa sociedade machista, mãe solteira é puta e pai solteiro é herói.

O mais triste de tudo isso são os comentários no G1, chamando a mulher de vagabunda, dizendo que isso não é mãe, anulando totalmente o direito de escolha da mulher.

mae vagabunda

Essa cobrança não existe sobre os homens. O pai, que saí de casa seja pelo motivo que for e “esquece” de exercer a paternidade não é cobrado com tanto afinco, afinal ” homem é assim mesmo”.

Já a mulher, que pelo motivo que for, resolve deixar o filho com a família paterna, ou avós, ou seja lá quem for, é vista como o diabo na terra.

Mulheres são cobradas o tempo todo. Quem nunca ouviu ” cadê a mãe dessa criança?”, jamais perguntam cadê o pai. Porque a mãe socialmente é considerada a responsável pela criança, não somente por parir, alimentar, cuidar, educar. A mãe tem de ser onipresente. O pai? O pai “tudo bem” se ausentar.

A mesma situação, dois pesos.

Fica a reflexão, quem é mais prejudicado nessa situação?

E você tem certeza de que não precisamos mais do feminismo?

 
 
 
Fonte: Para Beatriz

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