Ação da Inditex, dona da Zara, cai após denúncias de trabalho escravo

Ações da empresa espanhola recuam nesta sexta-feira na bolsa de Madri.

Ministério Público do Trabalho de Campinas investiga denúncia contra Zara.

As ações da espanhola Inditex, dona da Zara e de outras marcas de roupas, registram desvalorização nesta sexta-feira (19), em meio a denúncias de utilização de mão de obra escrava, por um fornecedor da companhia, em oficinas clandestinas no estado de São Paulo.

“A Inditex é uma ação defensiva, atraente para fundos norte-americanos que buscam uma varejista com boa imagem social, e histórias como esta podem realmente afetar o papel”, disse um operador de mercado na Espanha.

“A maioria são investidores estrangeiros que estão vendendo as ações hoje, e como a dimensão do uso de oficinas (clandestinas) no Brasil ainda é pouco conhecida, o assunto está particularmente atingindo a ação em um dia fraco como hoje”, acrescentou.

Perto das 11h20 (horário de Brasília), as ações da Inditex recuavam 2,67% na bolsa de Madri. Mais cedo, a queda chegou a ultrapassar os 4%.

O Ministério Público do Trabalho de Campinas, no interior de São Paulo, abriu inquérito para investigar denúncias de uso de mão de obra análoga à escrava por fornecedores da fabricante de roupas Zara.

Inspeções realizadas por auditores do Ministério do Trabalho em uma oficina de Americana, no interior paulista, constataram condições degradantes de trabalho, com alojamentos irregulares, falta de banheiros e dormitórios inadequados. Após denúncia anônima de um trabalhador boliviano, os auditores encontraram 52 funcionários em ambiente insalubre, trabalhando 14 horas por dia e recebendo entre R$ 0,12 e R$ 0,20 por peça.

A fabricante Zara diz que se trata de uma “terceirização não autorizada”, que “atenta contra seu Código de Conduta e a qual o Grupo Inditex repudia absolutamente”. De acordo com nota emitida pela empresa, cerca de 50 fornecedores no Brasil produzem peças para a Zara. Elas têm mais de 7 mil trabalhadores.

Outras seis marcas de roupas, além da grife Zara, foram encontradas nas auditorias feitas pelo Ministério Público do Trabalho de Campinas para apurar a utilização de mão de obra análoga à escravidão nas oficinas de Americana, no interior de São Paulo, segundo a procuradora Fabíola Zani. Ela afirma que as marcas são Ecko, Gregory, Billabong, Brooksfield, Cobra d’Água e Tyrol.

Fonte: G1

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