Amaro Freitas une a cultura popular afro-brasileira e o jazz em ‘Rasif’

O pianista pernambuco leva ao Teatro de Santa Isabel, nesta sexta-feira, a turnê do seu segundo disco, que mostrou primeiro nos palcos da Europa

Por: Daniel Medeiros, do FolhaPE

Foto: Helder Tavares/Divulgação

Ao lançar seu primeiro disco, “Sangue Negro” (2016), o pianista pernambucano Amaro Freitas, de 27 anos, conquistou a crítica especializada, que costuma apontá-lo como a renovação do jazz brasileiro. A boa reputação alcançada fez com que o artista assinasse contrato com o renomado selo musical londrino Far Out, pelo qual lançou seu segundo álbum, “Rasif”. O trabalho será apresentado ao público recifense nesta sexta-feira (26), às 20h30, no Teatro de Santa Isabel.

Antes de chegar à capital pernambucana, o show passou por diversos clubes de jazz da Europa, no segundo semestre do ano passado. Amaro sobe ao palco em trio, ao lado de Jean Elton (baixo acústico) e Hugo Medeiros (bateria). Os dois músicos também participaram da gravação do disco, que ocorreu no estúdio Carranca, no Recife. Composto por nove faixas inéditas, o álbum aprofunda as experiências musicais iniciadas por Amaro em seu primeiro trabalho.

“Eu levei cerca de um ano para finalizar as composições novas, que foram ficando prontas durante o período de tour de ‘Sangue negro’. As músicas tiveram um processo de amadurecimento, sendo tocadas nos shows da turnê anterior. Por isso, elas chegam ao disco com vivência, corpo e consistência”, conta o pianista. A apresentação no Recife ainda conta com participação de Henrique Albino (sax e flauta).

Em “Rasif”, Amaro repete e aprimora características que o fizeram despontar entre os músicos de sua geração. Ao traçar novos caminhos em seu piano, o artista promove um casamento entre a cultura popular afro-brasileira e o jazz. Fugindo da hegemonia do samba jazz e da bossa nova, já amplamente difundidos internacionalmente, ele insere nessa mistura ritmos como frevo, baião, ciranda e maracatu.

“Temos uma música chamada ‘Trupé’, que é inspirada no Coco Trupé de Arcoverde. Observei o som da sandália de madeira em cima do tablado e trouxe aquela célula rítmica, que é diferente do coco tradicional, para o piano. Isso está totalmente ligado a um movimento mundial de pensar esse instrumento a partir de outras perspectivas. O piano ficou muito caracterizado por sua melodia, lirismo e harmonia e acabou perdendo possibilidade rítmica que ele também tem”, explica o músico.

 

“Eu penso que, para que a música se conecte com as pessoas e seja verdadeira, a gente precisa tocar a nossa realidade, juntando isso com a nossa dedicação e as nossas referências. Eu não me sinto na função de alguém que está revelando algo novo, mas de quem conseguiu entender o seu tempo. O que eu trago no meu trabalho é a minha verdade”, complementa o músico. Em junho, ele estará entre as atrações da primeira edição do Rio Montreux Jazz Festival, braço brasileiro de um dos maiores festivais de música, que ocorre na Suíça desde 1967.

Serviço:

Amaro Freitas em “Rasif”
Nesta sexta-feira (26), às 20h30
No Teatro de Santa Isabel (praça da República, s/n, Santo Antônio)
R$ 60 e R$ 30 (meia-entrada)
Informações: (81) 3355-3323

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