Não, não foi efêmero foi amor do mesmo gênero.
Amei-te todas às vezes que pude…
E às que não pude.
Também te amei!
Pensei em ti todos os dias…
E os dias que não pensei.
Eu pensei também!
Colhi todas as flores que tinham…
E as que não tinham.
Eu plantei!
Cantei todas as músicas que sabia…
E as que eu não sabia.
Eu inventei!
Sonhei todos os sonhos possíveis…
E os impossíveis.
Também sonhei!
Trilhas, matas, chão batido, asfalto, montanhas, picos, cachoeiras, beira de estradas…
Fui ao encontro e me retirei…
De cada lugar o contemplar acompanhei.
Nesta natureza profundamente mergulhei;
Olhei para o céu me aconselhei…
O rito de passagem me presenteei, me edifiquei e sim testemunhei …
Fisicamente quando necessário, árvores, muros, cordas pulei e suei!
Ad litteram racismo, preconceitos e discriminação confrontei…
E os diversos descaminhos eu repaginei, redesenhei e ultrapassei.
Sozinha, fiz todos estes lugares com o peito cheio de amor.
E com o corpo de ardor…
A história de minha autoria então virou clamor.
Li o mapa lunar, saí na chuva descalça.
A tua procura falei e desesperada teu nome gritei!
Senti o vento forte…
Contei as estrelas cadentes de sul ao norte…
Vi por do sol, fada madrinha, unicórnio, áurea boreal, anjo de três asas, Iemanjá, trevo de quatro pontas, saci Pererê, libélula.
Perambulei pelo deserto de Dakar, visitei santuários,
Fiz o caminho de Santiago de Compostela…
Assim que cheguei a Paris.
Minhas malas desfiz…
Fui do Oiapoque ao Chui.
E ao teu lado também nestes lugares fui feliz.
Ainda embriagada deste amor embaixo da árvore Baobá cantei.
De verdade me entreguei!
E ao jogar búzios meus ancestrais reverenciei…
Assumi a minha afrocentricidade, me edifiquei…
Então na vida ritmei…
E com os Orixás descansei…
Ajoelhei-me, e lá demorei.
E em silêncio profundo eu fiquei.
Orei e jejuei,
Jejuei e orei.
E pelo despertar ao tempo aquela bendita bênção supliquei…
Meu coração dei…
Minha fé aumentei…
A dúvida lá deixei…
Em outra dimensão entrei…
Diversas lições tirei…
Por fim minha alma acalmei.
E quando eu te achei?
Eu me encontrei!
De tamanha alegria chorei…
Enfim, no percurso do repercusso, voltei!
Diante de ti todas as manhãs que te vejo.
Vem aquele desejo que por certo prevejo
Ah, com meu olhar te antevejo…
Este sentimento eu protejo.
Meu tão grande ensejo nesta imensidão singela.
De afeto não despejo porque tu és ela.
Somente a ti cortejo com cotejo.
No meu mais verdadeiro ato versejo…
Chegar até aqui foi um pelejo…
Humildemente eu manejo…
Como um segundo de lampejo.
Apresento-te meu mais transparente pensamento.
Que neste nosso casamento…
Em ti senti que em 1ª mão me apaixonei, mas de fato te amei!
Aquela lua minguante, crescente, cheia e nova eu apreciei.
Eu sei que tu sabes que eu sei.
Tu sabes que eu sei que tu sabes.
Este amor não foi efêmero
Foi tão linda relação do mesmo gênero.
De repente há mudanças na vida…
Mas saibas querida que somente a ti irei confidenciar.
Novos horizontes, novas pontes, e fontes para galgar.
Hei de ir e mudada retornar.
Tantos anos lado a lado…
Com forte abraço apertado.
Aquele beijo doce e prolongado.
No teu colo apaixonado.
Fiz amor sem igual.
Extenso companheirismo transcendental.
Com ponto, vírgula, exclamação, interrogação etc e tal.
Exprimiu o mundo melhor dentro de mim.
Cresci a “pampa”, festejei e brinquei feito criança…
Tão à vontade fiquei…
Que traumas, medos e fantasma expurguei.
E sim nesta mulher me transformei!
O que eu pensava de nós hoje eu escrevo.
E estas palavras publicamente no meu âmago cravo.
Agradeço-te por me ter por inteira…
Tu foste à primeira…
Que de fato quis melhor me conhecer.
Era mesmo para acontecer.
Tu me amaste por nós duas.
Por isto este amor continua.
Foram as mãos tuas…
Que me refez…
Irei-te (re) encontrar nas ruas…
Mais uma, duas ou três…
E novamente te amarei outra e outra vez
Não, não foi efêmero foi amor do mesmo gênero!
Eloá Kátia Coelho
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