“As mulheres são invisibilizadas no movimento LGBT”, afirmam militantes

Um dia antes da Parada LGBT, São Paulo sedia a 15ª Caminhada de Mulheres Lésbicas e Bissexuais

Por Marianna Rosalles, do Brasil de Fato 
 
“As pautas que as mulheres levavam não eram acolhidas com respeito”, afirmam organizadoras da caminhada / Reprodução/YouTube/reversamag.tv
 
A sigla LGBT diz respeito a Lésbicas, Gays, Bissexuais e à população T (pessoas trans, travestis, etc). O problema é que o movimento que prega a aceitação da diversidade reproduz paradigmas da nossa sociedade, como o machismo. Assim, mulheres lésbicas e bissexuais afirmam serem invisibilizadas pelo grupo e, por isso, decidiram criar a Caminhada de Mulheres Lésbicas e Bissexuais, cuja edição deste ano ocorre no próximo sábado (17), na cidade de São Paulo.Na 15ª edição da mobilização, o tema é “Luanas e Katianes. Quantas mais? Resistiremos!”, em homenagem a Luana Barbosa dos Reis e Katiane Campos, duas mulheres brasileiras que foram brutalmente assassinadas, vítimas de lesbofobia e racismo no último ano.Criada em 2003, a Caminhada é um espaço destinado às questões da mulher. “As pautas que as mulheres levavam não eram acolhidas com respeito [pela Parada LBGT]”, afirma Fernanda Gomes, militante da Coletiva Luana Barbosa e uma das organizadoras do evento. A ideia surgiu tomando como referência algumas caminhadas que ocorreram ao redor do mundo.

“A Caminhada tem uma inspiração nas caminhadas de fora, da década de 90, no México, nos Estados Unidos, mas, principalmente, na caminhada autônoma lésbico-feminista do México. Ela começou em 2003. Em 2002, já começou uma movimentação e, desde então, ela acontece um dia antes da Parada”, conta Mariana Rodrigues, também organizadora do evento.

Uma das questões do universo feminino é a maternidade, que, tratando-se de mulheres não heterossexuais, ainda é tratada como tabu. Pensando nisso, a organização criou creches para todas as atividades.

A ideia, segundo as organizadoras, é que as mães possam participar dos eventos com tranquilidade e ocupar os espaços políticos com a segurança de que seus filhos serão cuidados.

O debate do racismo

Fernanda Gomes relata que a questão do povo negro também é pouco abordada no movimento LGBT e na militância como um todo.

“Eu entendi que os movimentos em si, a militância em si, é composta por pessoas brancas, a sua maioria de classe média. Era um espaço com poucas mulheres negras. Então, algumas mulheres negras que estavam lá entenderam que a gente precisava trazer outras mulheres negras de alguma maneira”, afirmou.

A partir dessa percepção, houve uma grande mobilização para que as atividades fossem deslocadas para as periferias, a fim de fortalecer trabalhos de base.

Graças a esses esforços, a Caminhada do ano passado foi organizada majoritariamente por mulheres negras, e o debate do racismo ganhou o devido espaço na organização.

A organização também promove, além da caminhada, uma semana de atividades desde o último dia 6 até este sábado (17). A programação inclui rodas de conversa; o “Futebol da Mina”, que contará com a atração musical Samba Negras em Marcha; e a festa Sarrada no Brejo, já tradicional no mundo lésbico-bissexual.

Veja abaixo a programação completa:

Programação

15.06

11h30

Roda de Conversa: “Maternidade Lésbica e Bissexual”

14h

Futebol das Minas + Samba Negras em Marcha

Lanche Colaborativo + Arrecadação para a Caminhada

Local: Quadra dos Metroviários (Rua Serra do Japi, 31 – Tatuapé)

Creche disponível para o evento.

16.06

19h

Roda de Conversa: “Saúde da Mulher Lésbica e Bissexual”

Local: Ação Educativa (Rua General Jardim, 660)

Creche disponível para o evento. 

17.06

15ª Caminhada de Mulheres Lésbicas e Bissexuais de São Paulo

Trajeto

14h – Concentração (Praça Roosevelt)

16h – Saída (Trajeto: Praça Roosevelt / R. Martins Fontes / R. Xavier de Toledo / Teatro Municipal / Largo do Paissandu / Av. São João / Av. Ipiranga / Praça da República.)

17h30 – Apresentações Culturais

Creche disponível para o evento.

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