Eleita com 17.420 votos, a cientista política Áurea Carolina (PSOL) promete chegar causando na Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte. Negra, feminista e representante de um partido de esquerda, Carolina afirmou ao Metro Jornal que sua prioridade será dar voz as mulheres nas políticas da cidade e combater com firmeza o racismo e a segregação racial.
por Por Pedro Nascimento no Metro Jornal BH
A sua votação foi uma supresa para todos que acompanhavam as eleições em BH. Ao que você credita essa votação supreendente e tão expressiva?
Eu acredito que a votação tão expressiva veio graças a um sentimento de esperança que contagiou todo mundo nessa eleição. Uma esperança por outra política. Uma política mais igual, com novas caras e com uma democracia para valer. Uma política na qual as pessoas se reconheçam nela. Ao mesmo tempo, que seja uma política de muita luta, e que esteja comprometida com novas ideias. Isso também é uma demostração de que esse campo da esquerda está muito fortalecido em Belo Horizonte. Isso tem reflexos no contexto nacional, nas manifestações contra o golpe e também localmente. É um movimento que está sendo reerguido aos poucos.
Entre Kalil e João Leite, o PSOL certamente fará uma oposição na Câmara. Como você espera que seja esse relacionamento nos próximos quatro anos?
Será uma oposição programática. Nós somos contrárias ao modelo de mercantilização da vida, o projeto dos dois candidatos apresenta. Nenhum deles nos representa. Vamos fazer uma oposição qualificada, sempre em posição para dialogar, até porque o que está em jogo, é a vida das pessoas.
Em seu mandato, o que será prioridade?
O empoderamento das mulheres. A nossa luta será para que as políticas públicas tenham perspectivas de gerarmos isto, e é um debate ainda muito tímido na nossa Câmara. O impacto da política sobre a vida das mulhes, é grand. É preciso uma atenção para todas elas. Existem mulhers brancas, negras, mães de família, nós somos várias. E as políticas precisam ter uma atenção para cada um desses movimentos. Outra prioridade será o enfrentamento do racismo, que hoje é uma realidade em Belo Horizonte. Ele não vai desaparecer sem que haja políticas sérias sobre o tema. A juventude também é outra prioridade, assim como a segurança pública e cidadã. Eu sou contrária a lógica de repressão que está em debate. Discordo e penso que a Guarda tenha que ter uma atuaçã mais humana, mediando conflitos e sendo aliada da população.
Assim como você, a Cida Falabella (PSOL) também vai fazer parte da Câmara de BH na próxima legislatura, qual sua expectativa para essa ‘dobradinha’?
Eu estou muito feliz com isso. A eleição da Cida foi maravilhosa para cidade. A verdade é que somos muitas mesmo! Juntas, na Câmara, vamos lutar pelos direitos da maioria, que são as mulheres, as negras, o movimento LGBT e toda uma parcela enorme da sociedade que, até então, estava segregada das políticas públicas. Não sei nem como agradecer a todos. Agora, é muita luta pela frente e um salve para todos os que apoiaram nossa campanha.