A semana tem sido marcada no Brasil por discussões sobre a inclusão dos negros nas escolas de ensino superior e no mercado de trabalho. Os debates são motivados pelos 10 anos do início da política de reserva de vagas para afro descendentes nas universidades brasileiras.
A semana tem sido marcada no Brasil por discussões sobre a inclusão dos negros nas escolas de ensino superior e no mercado de trabalho. Os debates são motivados pelos 10 anos do início da política de reserva de vagas para afro descendentes nas universidades brasileiras. Apesar de mais de 90% dos negros ainda estarem fora das instituições de ensino superior no Brasil, as quotas são vistas como uma evolução importante.
O Ministério da Educação brasileiro faz um balanço dos 10 anos da adopção do sistema de quotas para negros em parte das universidades brasileiras: 158 instituições superiores de ensino adoptam algum sistema de reserva de vagas, 89 têm quotas raciais específicas. Ao todo, de acordo com o governo, 110 mil afro descendentes estão cursando o ensino superior hoje no Brasil.
77% dessas instituições de ensino têm quotas raciais por iniciativa própria e as demais obrigadas por leis estaduais, já que não existe ainda uma legislação nacional brasileira que regule a questão. O projecto de lei que institui de forma obrigatória o sistema de quotas em todas as universidades públicas brasileiras tramita no Congresso, sem sucesso, há 13 anos.
O director executivo da Organização Não Governamental Educafro, Frei David Santos, lamenta a demora na tramitação da lei, mas observa também um ponto muito positivo nesse cenário: “Negros e brancos abraçaram uma meta: inclusão. É bom saber que essas Universidades todas que adoptaram quotas fizeram isso por decisão pessoal, enquanto instituição, porque não havia e não há, ainda, uma lei obrigando a isso,” afirma.
O director da Educafro afirmou que os 10 anos de existência das quotas já provaram a importância desse instrumento para o Brasil e que pesquisas mostraram que o sistema de quotas não aumentou o racismo nas universidades e nem afectou a qualidade académica.
A Universidade de Brasília (UnB) foi uma das primeiras a adoptar o sistema por decisão própria e actualmente destina 20% das vagas para afro descendentes e indígenas. Nos últimos dez anos, 5396 negros ingressaram na UnB por meio do sistema de quotas. O Reitor da Universidade de Brasília, José Geraldo de Souza Júnior, afirma que a reserva de vagas tornou a entidade “mais colorida”. Ele garante que o desempenho académico dos afro descendentes, que estão nas faculdades pelo sistema de quotas, é tão bom quanto o dos demais e eles ainda desistem menos dos estudos:
“A evasão que ocorre em toda a Universidade que ocorre em toda a Universidade é menor entre os quotistas do que entre os não quotistas,” informa.
A semana ainda é marcada no Brasil por discussões sobre a reserva de quotas para negros no mercado de trabalho. Representantes de empresários e de entidades que defendem a inclusão de negros e de pessoas com deficiência no mercado de trabalho participaram, na capital, Brasília, na audiência pública da subcomissão permanente em Defesa do Emprego e da Previdência Social, no Senado.
Representantes de entidades defensoras da inclusão de negros no mercado de trabalho cobraram, sobretudo, da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mais oportunidade para os afros descendentes no sistema financeiro nacional. Os participantes reclamaram da falta de oportunidade e da pouca presença dos negros actuando nas instituições bancárias brasileiras.
O Mapa da Diversidade no Sector Bancário, elaborado pela Febraban, mostra que 81% dos bancários são brancos. Além de serem minoria nas agências, os negros ainda têm dificuldade de obter promoção: apenas 20% conseguem ascensão na carreira. Os dados apontam ainda desfasagem salarial: funcionários negros recebem em média 64,2% do salário dos brancos.
Fonte: Voa News