Muitas mulheres ainda não têm coragem de denunciar.
Uma jovem foi morta nesta terça-feira (23) pelo namorado.
O crime passional, em que um jovem matou a namorada e depois se suicidou em Sorocaba (SP) nesta terça-feira (23), trouxe à tona a discussão sobre números expressivos de agressões contra a mulher na cidade. Em 2012, foram registrados quase 3.300 casos de violência doméstica na cidade. Só de janeiro a março deste ano, já são 807 ocorrências.
Apesar do número de registros ser grande, muitas mulheres não têm coragem de denunciar e recomeçar a vida longe dos companheiros. Jhenifer Cristina Silva Farias, que foi morta nesta terça-feira com um tiro na boca, registrou uma denúncia contra o namorado, Fabrício Vinícius Mendes de Almeida, de 22 anos, há um mês, após ter sido agredida por ele. Dias depois, reatou o relacionamento. A jovem foi morta na casa de uma amiga, onde estava hospedada desde que os pais passaram a discordar do namoro.
A delegada da mulher de Sorocaba, Ana Luiza Salomoni, afirma que Jhenifer recebeu encaminhamento para procurar uma rede de proteção. “Se for um caso de lesão corporal, o boletim de ocorrência tem andamento imediato. Já em casos de ameaça, exige-se que a vítima expresse a vontade de processar o autor”, explica a delegada.
A auxiliar de costura Edinês Aparecida Ribeiro é um exemplo de que é possível conseguir tomar uma atitude diante da violência doméstica. Dois meses depois da separação do marido, ela reconstroi a própria história em uma Ong que acolhe mulheres vítimas desse tipo de violência.
A Secretaria de Cidadania realizou um levantamento para saber o perfil das mulheres que sofrem violência doméstica em Sorocaba. Dos casos registrados, 73% são de mulheres entre 21 e 40 anos, e 33% delas são ameaçadas e 26% são agredidas fisicamente.
O Centro de Integração da Mulher (CIM) de Sorocaba é uma Ong que faz um trabalho multidisciplinar para abrigar mulheres em situação de risco e os filhos menores. Lá, elas podem ficar por até 90 dias. Recebem atendimento social, psicológico, médico, jurídico, fazem as refeições, e ainda aprendem uma nova função: produzem artesanato. As crianças têm espaço para brincar e estudar.
O abrigo do Centro de Integração da Mulher não tem o endereço divulgado. As mulheres ficam protegidas 24 horas por dia, e longe dos agressores. A Ong faz parte de uma rede de proteção à mulher. As mulheres chegam até o local encaminhada por vários órgãos, como polícia, Conjunto Hospitalar e o Centro de Referência da Mulher (Cerem). O Cerem fica na Avenida Juscelino Kubitschek, 440, ao lado da rodoviária. Outras informações pelos telefones (15) 3211-2548 e 3233-9907.
Fonte: G1