Campeão mundial de rugby na África do Sul, Chester Williams é exemplo contra o apartheid e sua história virou filme. Ele esteve em Curitiba para o tour da tocha
Por Fernando Araújo no Globo Esporte
O ex-jogador de rugby, Chester Williams, está acostumado a grandes emoções. Em sua trajetória tem um título mundial pela seleção da África do Sul vencendo barreiras internas que vão além do esporte e que foram inspiração para o então presidente Nelson Mandela. A saga do jogador e do presidente se transformaram no filme Invictus, de Clint Eastwood, ampliando sua importância como um dos destaques na luta contra o racismo.
Nesta semana, Chester Williams esteve em Curitiba para participar do revezamento da tocha olímpica, que foi outra grande emoção. Ele conta ter sentido felicidade próxima à quando foi o primeiro negro a levantar uma taça de campeão por um time de rugby da África do Sul.
– Estive em Atenas, mas dessa vez foi muito especial pelo fato de que estava representando meu povo, meu trabalho na universidade de Western Cape (na África do Sul), meus companheiro sul-africanos, minha esposa e as crianças, disse em entrevista exclusiva para o GloboEsporte.com
O esporte anda junto com a campanha de Chester Williams por um mundo mais tolerante. Ele diz esperar contar com os grandes eventos esportivos para o fim dos casos de racismo, que se alastram pelas ruas das cidades e também pelas quadras, pistas e campos de futebol.
– Eu acho que eventos como as Olimpíadas, os campeonatos de rugby ou a Copa do Mundo precisam se posicionar contra o racismo. Nós somos apenas um mundo e somente com diferentes cores. As pessoas precisam usar o seu talento para superar o racismo.
Chester Williams foi campeão mundial de rugby em 1995 pela África do Sul quando o país vivia a transição para o fim regime de apartheid, que dava benefícios a brancos e oprimia os negros. Considerado um esporte de brancos e, dessa forma, renegado também por negros, sua história vitoriosa inspirou o então presidente Nelson Mandela a uma campanha para unir toda a população, que teve resultados efetivos na África do Sul.
Williams atravessou os piores momentos, viu sua trajetória virar exemplo, mas acredita que a luta contra o racismo e a intolerância ainda não foram vencidos. Ele conta que o rugby se transformou em um esporte mais democrático na África do Sul, mas o país ainda tem um caminho longo para percorrer até encontrar o fim das desigualdades geradas por raça.
– O problema do racismo é um desafio para todos os sul-africanos, e estamos trabalhando nisso todos os dias. O racismo esteve presente no país nos últimos 100 anos e vai levar tempo e paciência para superarmos ele.
Vitorioso em um esporte onde teve que abrir o seu próprio caminho, ele encoraja outras pessoas a trilhar e insistir onde as barreiras aparecem. Questionado se esportes considerados de elite em países como o Brasil precisam se tornar mais democráticos, ele também cobrou atitude de quem quer fazer parte do mundo esportivo.
– Os esportes devem estar disponíveis para os negros, que devem estar mais disponíveis para jogar golfe ou tênis e competir em altíssimo nível.