Cláudia Ferreira, mais uma irmã que entra para as estatísticas

Por: Dinha Du

“Escrevo pra corromper as estatísticas” Dinha

Querem nos fazer acreditar que existe uma guerra sendo travada entre policiais e bandidos nos morros e nas favelas do país. Essa guerra explicaria o alto índice de letalidade da PM. Afinal, guerra é guerra… Mas essa letalidade que se verifica nas suas atuações nas favelas não se manifesta quase nunca nos bairros nobres espalhados pelo brasilzão.

Nós acreditamos que existe sim uma guerra e foi ela quem matou Cláudia Ferreira – a mãe de família estupidamente assassinada por policiais no Rio de Janeiro, ontem. Mas essa guerra não é contra bandidos, como querem que acreditemos, mas sim contra pobres. Isso explica o fato de a polícia chegar atirando nos shows de rap e bailes funks, mas nunca nos shows de Sandy e Júnior, se é que eles ainda cantam. Isso explica também a insanidade, que se verifica nos soldados, de se atirar em alguém na rua, sem nem mesmo lhe perguntar o nome. Isso explica o caso do Pedreiro Amarildo e também os nossos mais de 5 parentes mortos pela polícia. Explica o descaso e o sadismo no tratamento das vítimas e o filme de terror que entra em cartaz a cada vez que alguém tem o estômago necessário para gravar as cenas. Cláudia, quem te matou foi a guerra. Quem te matou foi a elite. O PM foi só o cachorro executando o trabalho sujo.

Oxalá nossa tristeza gere energia pra combater esse sistema porco que mata pais e mães de família, mata os sonhos dos meninos e das meninas, depois nos joga nas cadeias, nas favelas e, por fim, na terra fria das estatísticas.

 

 

Fonte: Salve Favela

 

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