A Coalizão Negra por Direitos, que reúne 150 organizações e coletivos do movimento negro, anunciou hoje que irá propor um pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), afirmando que “seus crimes de responsabilidade” têm piorado “a política de genocídio contra a população negra”.
Em nota, a organização cita o trato do governo federal com a pandemia do novo coronavírus como um “ato contra a saúde pública”. Para a Coalizão, faltaram medidas emergenciais voltadas à população negra e grupos dentro dela, como trabalhadores informais, comunidades quilombolas, trabalhadores rurais e populações de carcerária e de periferia.
De acordo com dados do Portal da Transparência da Arpen Brasil (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais) do início de julho, as mortes por doença respiratória durante a pandemia cresceram 72,8% entre os pardos brasileiros. Entre os pretos a alta ficou em 70,2%. Já o crescimento de óbitos por estas mesmas doenças entre os brancos ficou em 24,5%.
A Coalizão caracteriza tanto os discursos do presidente quanto sua gestão pública como “racistas”, afirmando que suas ações e “crimes de responsabilidade atentam diretamente e objetivamente contra a vida da população negra e suas comunidades”.
A organização ainda ressalta dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2018 que indicam que, na época, eram 38,1 milhões de pessoas negras vivendo abaixo da linha da pobreza, o que significa 33% do total da população negra do Brasil.
Outro indicador utilizado é de que a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil, como mostra o Mapa da Violência da Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais) de 2016, afirmando que a gestão de Jair Bolsonaro “aumenta a exclusão, a violência e sobretudo, perpetuam e radicalizam o racismo”.
Por fim, a Coalização promete mobilizar, nos próximos 10 dias, adesões e assinaturas de personalidades públicas e representantes de movimentos, entidades e instituições que lutam contra o racismo, buscando “defender a democracia e os direitos fundamentais” e “a construção de uma sociedade brasileira verdadeiramente antirracista”.