A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, lançou, neste sábado (19), um serviço de denúncias de ações homofóbicas, que passa a integrar o Disque 100, número gratuito que recebe, 24 horas por dia, ligações em defesa dos direitos humanos em todo o país. Após o evento, uma grande passeata percorreu a avenida Paulista, em São Paulo, contra a violência homofóbica e pedindo a aprovação do projeto de lei contra a homofobia.
O lançamento do disque-denúncia aconteceu na Casa das Rosas, na avenida Paulista, com participação da senadora Marta Suplicy e de José Gregori, secretário de Direitos Humanos de prefeitura de São Paulo.
“Com esse serviço, teremos uma amostragem do que significa esse preconceito em todo o território nacional e agiremos em rede para fazer com que a violência cesse imediatamente e o Brasil seja livre da homofobia”, disse Maria do Rosário. Em casos mais graves, como os de violência física, a polícia será acionada.
Ao fim da cerimônia, ministra e senadora colaram o selo “Brasil Território Livre da Homofobia” na calçada. O objetivo é que o adesivo seja colocado em todos os lugares onde foram registrados ataques contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.
O presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Tony Reis, também falou da importância de que seja aprovado, no Congresso, o Projeto de Lei 122, que pune os crimes homofóbicos.
“Temos um adversário comum, que são os religiosos fundamentalistas. Precisamos ter um diálogo com os religiosos e dizer que não queremos privilégio nenhum, não queremos destruir a família de ninguém. Queremos construir a nossa”, disse Reis.
Segundo a senadora Marta Suplicy, apesar de o Congresso Nacional, hoje, ter uma grande bancada religiosa, a lei deve passar. “Não temos que convencer ninguém que tem um dogma, e que temos que respeitar. Temos é que falar com os deputados e senadores que concordam, mas que têm medo do eleitor. Esses são os que temos que convencer”, disse a senadora.
Para ela, o Legislativo precisa vencer o seu atraso perante a sociedade com relação a esse tema. “Não podemos esquecer que quem caminhou foi a área da Justiça e a sociedade civil. Quem se acovardou foi o Legislativo”, completou.
Passeata
Após o lançamento, Maria do Rosário e Marta Suplicy abriram a Marcha contra Homofobia, que reuniu cerca de 500 pessoas, segundo a Polícia Militar.
Com apitos, sombrinhas com as cores do arco-íris e muitas faixas, os manifestantes caminharam do cruzamento com a Rua da Consolação até o número 777 da Avenida Paulista, local onde ocorreu uma agressão homofóbica, em novembro passado, contra um jovem que caminhava pela avenida com um amigo. Câmeras instaladas na Avenida Paulista mostraram que o rapaz foi agredido por cinco rapazes com socos e pontapés.
As faixas traziam mensagens que pediam a aprovação da lei contra a homofobia, o fim da violência e mostravam que a violência contra homossexuais não é causada apenas por grupos como os skinheads e punks.
“Estamos aqui porque a avenida Paulista é o lugar da maior parada gay. Não queremos que ela fique marcada pela intolerância”, afirmou Maria do Rosário.
A passeata contra a homofobia foi organizada, em grande parte, por meio das redes sociais na internet, principalmente pelo Facebook. Um dos organizadores é o produtor Otávio Matias. “É um ato para dar mais visibilidade aos atos homofóbicos que rolaram principalmente na [Avenida] Paulista – por isso esse foi o local escolhido – e para que o projeto que penaliza a homofobia passe no Senado”, afirmou. “A internet é capaz de mobilizar muita gente. A internet é um grande aliado na luta contra a violência”, afirmou.
Fonte: O Vermelho