Fonte: Uol–
Por Kenneth Mawell
ESTA SEMANA não foi boa para o presidente Barack Obama. Em lugar de um debate nacional em torno do pacote de reforma da saúde, a mídia noticiosa em lugar disso dedicou atenção obsessiva a uma disputa entre um professor da Universidade Harvard, Henry Louis Gates Jr., e a polícia da cidade de Cambridge.
O professor “Skip” Gates, o mais renomado especialista em estudos afroamericanos dos Estados Unidos e muito conhecido por seus especiais de televisão sobre diversos tópicos relacionados à história negra, foi detido na varanda de sua casa pelo sargento James Crowley, da polícia de Cambridge, por conduta “desordeira”. O caso foi abandonado posteriormente, mas a controvérsia não parou por ali.
O professor Gates havia acabado de retornar de uma viagem à China. Tentou entrar em casa, mas descobriu que a porta da frente estava danificada e deu a volta pelos fundos para entrar pela porta da cozinha. Nesse meio tempo, a polícia de Cambridge foi chamada, com a denúncia de que havia alguém tentando invadir o local. O sargento Crowley atendeu ao chamado. A partir desse ponto, a história se torna confusa. Cada um dos lados narra uma versão conflitante. Mas o desfecho foi a detenção do professor Gates pelo sargento Crowley. E Gates acusou o sargento de “racial profiling”, ou seja, de discriminá-lo porque o professor é negro.
O presidente Obama foi questionado sobre essa detenção. Ao final de uma entrevista coletiva na Casa Branca, declarou que o professor Gates era seu amigo e que a polícia de Cambridge havia agido “estupidamente”. A imensa controvérsia que irrompeu em seguida foi tão forte que Obama se viu forçado a recuar rapidamente. Ele foi à sala de imprensa da Casa Branca para declarar que não tivera a intenção de menosprezar a força policial de Cambridge com os seus comentários, e que o sargento Crowley era um bom policial.
Mas, àquela altura, já não adiantava chorar pelo leite derramado, como diz o ditado. A mídia dos Estados Unidos estava tomada pelos comentários e críticas. O momento “pós-racial” que a eleição de Barack Obama à Presidência havia prometido se perdeu. Como apontou um observador, foi uma “tempestade perfeita”, combinando “raça, classe e testosterona”.
O presidente Obama em seguida ligou para o sargento Crowley. O resultado da conversa foi um convite para um encontro na Casa Branca, ao qual o professor Gates também comparecerá. Deve acontecer.
Matéria original: Controvérsia racial