Durante CPI sobre violência contra jovens negros, ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres pede medidas eficazes à moda Maria da Penha; deputada Benedita alerta que debate nacional sobre segurança passa por diálogo sobre questão racial
A ministra-chefe da Secretaria de Política para as Mulheres (SPM) da Presidência da República, Eleonora Menicucci, afirmou nesta quinta-feira (18) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) encarregada de investigar a violência contra jovens negros que o governo da presidenta Dilma Rousseff considera crime de ódio as violações de cunho racista. Eleonora pediu aos parlamentares que sugiram propostas eficientes para proteção dos mais vulneráveis.
“A ruptura da vida por racismo desagrega toda a família. As sequelas daquela violência são irreparáveis”, condenou. “São necessárias aqui nesta CPI propostas à maneira da Lei Maria da Penha”, completou a ministra, ao se referir ao dispositivo que defende as mulheres brasileiras contra a violência doméstica.
Para Eleonora, apenas políticas sociais, como investimento em educação, serão capazes de impedir as mortes de adolescentes brasileiros e o sofrimento de suas mães. “Esse problema só tem uma solução: escola”, defendeu. “É intolerável tolerar a violência”, acrescentou.
Questão racial
Na esteira do que expôs a ministra-chefe da SPM, a deputada Benedita da Silva afirmou que “não se pode falar da questão da segurança no Brasil sem mencionar a questão racial”. E alertou: “quem estão morrendo são nossos adolescentes negros e negras”.
A deputada Erika Kokay disse que a redução da maioridade penal não será capaz de arrefecer a violência no Brasil e relatou o sofrimento das mães dos jovens que vivem nas periferias das grandes cidades. “Essa redução vem nessa perspectiva, eugenista e higienista, de isentar o Estado das políticas públicas, encarcerando os jovens para que não tenham acesso a ela. Esse é o caminho inverso”, condenou. “A mãe sabe quando está perdendo seu menino”, concluiu.