Cultura negra ainda encontra dificuldade de reconhecimento

As culturas de matriz africana no país ainda têm dificuldades em fazer valer seus direitos de reconhecimento por parte do Estado.

No Tribuna Bahia 

Durante seminário, nesta quinta (27.11), promovido pela Fundação Cultural Palmares, os debates focaram a necessidade de se aliar políticas públicas efetivas de preservação da cultura e a memória como, também, o direito à cidadania das comunidades negras. O evento contou com a parceria da Defensoria Pública da União.

O defensor público Carlos Eduardo Paz, do grupo de trabalho Quilombola, Cidadania, Cultura e Identidade, essas comunidades não estão realmente salvaguardadas pelo poder público.

“A lei, muitas vezes, não possui dispositivos que atentam a todas as especificidades de cada comunidade, com seus problemas mais pontuais”. Ele acrescentou que as leis em vigor de salvaguarda da cultura negra “não dá conta da totalidade da realidade”.

Essa situação de falta de políticas públicas é compartilhada por uma liderança jongueira, Alessandra Ribeiro Martins, da Comunidade Jongo Dito Ribeiro, na Fazenda Roseira, em Campinas (SP).

Ela destaca que as políticas criadas devem estar mais presentes nas comunidades. “A Fazenda Roseiras é um importante espaço simbólico de preservação dos costumes e da memória negra para o país por defender essa e muitas manifestações de descendência afriacana”.

A professora Elaine Monteiro, da Universidade Federal Fluminense e Coordenadora do Pontão de Cultura do Jongo, concorda com a postura adotada por Alessandra Martins.

O Pontão é um programa de salvaguarda de patrimônio cultural de natureza imaterial que tem como proposta articular e fortalecer as comunidades jongueiras, além de atender as demandas dessas comunidades para a criação de políticas públicas que contemplem suas necessidades. “Eu enxergo a situação atual de reconhecimento dessas comunidades como um paradoxo”.

O reconhecimento dessa população como patrimônio imaterial não representa, necessariamente, a melhoria de qualidade de vida dessas pessoas, adverte.

“Vê-se, por exemplo, esses mesmos detentores [de saberes ancestrais] morrerem de fome e a falta de reconhecimento daquela população no próprio bairro onde moram”, disse, Elaine monteiro.

+ sobre o tema

Recife – O Racismo e as Mulheres Negras

Promovido pela Secretaria da Mulher do Recife, o evento...

Incra ajuíza desapropriações de imóveis rurais para titulação de quilombolas na Bahia

Pela primeira vez, a superintendência regional do Incra ajuíza...

Quilombolas são foco de acordo entre a Seppir e o Maranhão

Cooperação será firmada nesta quarta-feira (04), às 10h, no...

para lembrar

III Festival Alagoano das Palavras Pretas acontece em 21 de março.

Por Arísia Barros   A 3ª edição do Festival Alagoano das...

Morre o ativista Ivan Rodrigues Costa

O Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN/MA),...

Ministra vem a Londrina para lançar campanhas institucionais

A ministra da Secretaria de Políticas de Promoção...
spot_imgspot_img

Influências africanas ilustram painéis artísticos que integram monumento que será inaugurado em São Luís

A Praça das Mercês abrigará o Monumento à Diáspora Africana, que busca visibilizar a contribuição do povo negro para a cultura e a identidade...

Exposição RJ é Solo Preto e Indígena ocupa Palácio Tiradentes na terça

No próximo dia 21, às 18h, dentro do mês da Consciência Negra, o Palácio Tiradentes, sede histórica da Assembleia Legislativa do Estado do Rio...

Novembro, mês da paciência negra

Todo novembro no Brasil é o mesmo rame-rame sobre dedicar uma data à exaltação das lutas e da resistência do povo negro contra as...
-+=