De volta a Angola Janga: representação de Alagoas celebrará 415 anos do Quilombo dos Palmares

Por Daiane Souza

Na data em que se relembra a última batalha do Quilombo dos Palmares em Alagoas, ocorrida em 6 de fevereiro de 1694, a representação da Fundação Cultural Palmares (FCP) realizará uma celebração por meio do projeto De volta a Angola Janga. Neste mesmo ano o quilombo completa 415 anos de fundação e 318 de sua derrubada, porém a homenagem só será completa com a participação dos herdeiros de Palmares.

O Quilombo dos Palmares resistiu por quase um século, tornando-se o maior centro de resistência negra no colonialismo. A nação erguida por africanos de diferentes etnias no Brasil foi batizada por eles de Angola Janga, que significa “pequena Angola”. Foi neste lugar que negros, índios e fugitivos da justiça se refugiaram por décadas até sua derrubada pelo comandante Domingos Jorge Velho, contratado pelo então governador de Pernambuco.

Com o objetivo de preservar a memória do Quilombo dos Palmares e de seus líderes, a representação alagoana da FCP procura reunir descendentes dos que sobreviveram àquela batalha. “É importante que eles se reencontrem com o passado, com os ancestrais, enfim, retornem ou conheçam Angola Janga”, afirma Genisete de Lucena Sarmento, representante local da instituição.

Para Genisete, a celebração que acontecerá na Serra da Barriga, será a oportunidade de refletir a luta do povo negro por justiça e liberdade em busca de uma sociedade verdadeiramente democrática. De acordo com ela, o nome do encontro, De volta a Angola Janga “trata-se de uma referência às origens, tanto africanas, quanto palmarinas”.

Religiosidade africana – A ideia é que no dia 6 de fevereiro além desses remanescentes, participem também do encontro religiosos de matriz africana, sobreviventes do episódio que ficou conhecido Quebra de Xangô. O fato aconteceu no dia 2 de fevereiro de 1912, quando todos os terreiros de umbanda e candomblé de Maceió foram derrubados a partir de uma ordem do governo.

A perseguição aos cultos de matriz africana obrigou a migração de babalorixás e yalorixás. Porém, os cultos aos orixás não foram impedidos. Os tambores foram silenciados, o “Xangô foi rezado baixo” para que seus seguidores não fossem agredidos, nem impedidos de expressarem sua fé. Muito se perdeu, desde peças e obras de arte vindas da África, quanto à dispersão de várias nações.

O encontro – Às 22 horas do domingo, 5 de fevereiro, os participantes se concentrarão no Sítio Recanto, na Serra da Barriga, onde acontecerá uma celebração ecumênica a ser conduzida por religiosos de matriz africana. Na sequência, haverá uma caminha de aproximadamente 4 quilômetros, intercalada por momentos de reflexão sobre intolerância religiosa, violência contra o jovem negro e a situação dos quilombos de Alagoas.

Em cada parada, serão declamados poemas do ativista Abdias Nascimento, falecido em 2011, e do poeta Jorge de Lima, que viveu até 1953. A chegada ao Platô do Parque Memorial Quilombo dos Palmares está prevista para acontecer pela manhã onde será servido um café. Outras atividades acontecerão no decorrer do dia, no horário de funcionamento do Parque.

 

Fonte: Racismo Ambiental

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