A violência doméstica mata:
- Por hora 5 mulheres em todo mundo (Action Aid)
- Por dia 119 mulheres (Nações Unidas)
- No Brasil, por dia são 15 mulheres assassinadas.
- O Brasil é de 84 países, o quinto que mais mata mulheres, superando a Síria.
por no Feminismo sem Demagogia
Não bastou no Brasil que exista uma lei, a de numero 8.305/14 que classifica o feminicídio como crime hediondo e modificou o Código Penal, incluindo o crime entre os tipos de homicídio qualificado… Ás mulheres seguem morrendo assassinadas por companheiros e ex- companheiros e até mesmo por homens com quem nunca se relacionaram, mas que não aceitam o fato de serem rejeitados.
Um fato muito interessante sobre o crescimento da mortalidade das mulheres por este tipo de crime é que elas tornam – se números, são apenas estatísticas, sem rosto, sem história e sem humanidade. Se tantas mulheres morrem da mesma forma no Brasil, por que não vemos divulgado na mídia a perda de cada uma delas?
Assistindo o Jornal, destes sensacionalistas, nos admiramos com a quantidade de mulheres assassinadas por maridos, ex-maridos, namorados, ex-namorados e até mesmos desconhecidos em ataques sexuais e ás vezes por motivos completamente inacreditáveis, motivo nenhum… É só por ser mulher mesmo. Os casos amontoam – se.
Comumente caracterizados com crime “por amar demais”, crime por “paixão”, a mídia deseduca a população que assiste os noticiários sangrentos com mortes brutais, onde não há nada de ação de amor ou paixão, mas deixam muito claro o teor de ódio e de como os homens são ensinados pela cultura machista a não amar mulheres, mas amar o poder que tem sobre elas, o poder de submetê-las a seu bel prazer, compreendendo -nas como seres inferiores que devem suas vidas a eles e assim eles dispõem da vida das mulheres, quando acreditam que não estão obedecendo suas ordens ou não servem mais as seus propósitos.
#Somostodasmaristela?
Em 11/11/2016 uma mulher pobre, moradora de uma comunidade, tudo que ela teria era um barraco e um filho. Maristela Nicolau, de 58 anos, foi espancada até a morte pelo companheiro, após uma briga ocorrida na madrugada desta sexta-feira dia 11. O caso acabou sendo noticiado no dia 12 de Novembro, um pouco antes de ser noticiado o caso de Edna.
Em 12/11/16 Edna morreu, alvejada por 4 tiros, dentro de seu apartamento na região Centro sul de Sampa, bairro do Paraíso. Após divorciar-se de seu ex-marido partiu de Goiás para São Paulo onde recomeçaria a vida longe do homem que já teria uma medida restritiva que o impedia de aproximar-se dela. O homem, Hugo, viajou de carro de Goiás a São Paulo para matá-la e feriu um amigo dela que estava no apartamento.
Mariana Menezes de Araújo Costa Pinto, sobrinha-neta de SARNEY, foi encontrada morta em casa. Lucas Leite Ribeiro Porto, cunhado da vítima, é o principal suspeito.
“Violentamente espancada”, “ferida com golpes de facão”, “amarrada dentro da própria casa”, “incendiada pelo marido”. A violência contra a mulher está presente em todos os estados, em todos os estratos sociais.
A diferença é a humanização que as vitimas burguesas recebem a ausência de investigação da vida pregressa delas, a admissão do crime e repúdio. Varias imagens das vitimas são veiculadas, a imagem dos rostos, é o que nos humaniza e desperta a empatia.
Quantas matérias sobre femicidio de mulheres pobres sequer se mostra o rosto delas? Não há imagem nem dela e nem do agressor, quantas matérias com citação da vida pregressa vitima, buscam fatos que justifiquem a brutalidade sofrida pela vitima.
Desde dia 12 vários canais falam da sobrinha neta de Sarney e falam de Edna, e não é que não devessem falar, mas deveriam falar de todos, dar rosto as vitimas, dar nome, citar suas histórias e a interrupção de seus planos e sonhos, ou os planos e sonhos que nunca vingaram por causa da miséria imposta sobre elas e que para o desfecho infeliz, morrem nas mãos do homem que depositaram confiança e esperança de pelo menos o verdadeiro amor terem encontrado e vivido.
#SomostodasJoana?
Acontecido em 5/10/16 ,um caso que merecia ser divulgado a exaustão foi o de Joana de Oliveira Mendes, professora, de 34 anos, tinha dois filhos: um adolescente de 14 anos, fruto do primeiro casamento, e um menino de apenas 2 anos, fruto do seu relacionamento com o homem que tirou a sua vida, Arnóbio Henrique Melo. A vítima teve seu rosto completamente desfigurado, comprovando que o autor do crime, que lhe deferiu 31 facadas, tinha o intuito, não só de tirar a vida, mas desfigurar a mulher. Destruir sua imagem.
As tragédias das burguesas são relatadas de forma humanizada, quando falam sobre, até parece que é algo raro, que não acontece todos os dias, que não se trata de milhares todos os anos, perguntamos – nos, por que algumas vidas (ricas) valem tanto e vidas pobres recebem a banalidade e o “é assim mesmo”, como se a pobreza nos tornasse pessoas brutas que convivem naturalmente com a morte violenta acometida por ódio e como se o mesmo não pudesse acontecer na burguesia por seu refinamento e superioridade.
Na democracia Burguesa, a proteção e justiça têm endereço certo e não mira as periferias.
As mulheres da classe trabalhadora são as maiores vitimas da violência machista e as que menos tem destaque nas emissoras de tv e rádio, dependentes do Estado para obter proteção e algum tipo de justiça, espera na lei Maria da Penha, o fim da violência que as acomete, contudo a Lei Maria da Penha, que foi a principal política dos governos petistas para as mulheres, não pode ser plenamente aplicada por falta de estrutura. Menos de 10% dos municípios brasileiros têm delegacias especializadas, e pouco mais de 1% com casas-abrigo. Seria possível, já hoje, construir centros de referência e casas abrigo, realizar campanhas contra a violência, desmistificar a cultura do estupro, ampliar o atendimento médico e psicológico, entre outras medidas. Com 1% do PIB anual investido no combate à violência contra a mulher, tudo isso poderia se tornar realidade.
Hoje o investimento do governo por mulher é de aproximandamente 0,23 centavos. Estamos a beira de um ataque a população da classe trabalhadora que nos fará retroceder de forma que nossa mente sequer pode alcançar a dimensão. A PEC 241 que agora chega ao senado como PEC 55, que pretende congelar gastos públicos por 20 anos, fala muito sobre como os governantes estão, com o perdão da palavra, cagando para a situação aberrante da mulher brasileira frente a violência machista.
Assistiremos passivamente o congelamento do andamento das ações públicas que possam minimizar os ataques aos direitos humanos das mulheres?
É necessário organizar as mulheres e sairmos as ruas, contra a PEC que nos assalta de nossos direitos, roubando 20 anos de investimentos em áreas prioritárias para a classe trabalhadora, principalmente para as mulheres da classe trabalhadora, devemos exigir que os investimentos sejam proporcionais ao tamanho do problema da violência a fim de proteger a vida das mulheres.