Em São Vicente, mulheres participam da 1ª Marcha das Pretas

Um grupo de mulheres da Baixada Santista se reuniu na Praça Coronel Lopes, em São Vicente, para chamar a atenção das autoridades para o preconceito que sofre a mulher negra. Durante a manifestação, denominada a 1ª Marcha das Pretas, elas celebraram o Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, lembrado nesta segunda-feira.

“Ainda hoje, as mulheres negras sofrem com o machismo e o racismo. Elas têm dificuldade para entrar e se manter no mercado de trabalho. Não recebem os mesmo salários das mulheres brancas nem têm as mesmas condições de trabalho.

Por isso, o nosso principal objetivo era fazer uma manifestação cultural que lembrasse essa data e conscientizasse as pessoas sobre o racismo e o machismo”, afirma Andreia das Graças, do Educafro (projeto que tem como missão incluir a população negra e pobre nas universidades), e uma das organizadoras da manifestação.

O nome Marcha das Pretas, escolhido a dedo pelas organizadoras, tem como objetivo desassociar a palavra preta de significados preconceituosos, ligação que a maioria dos brasileiros ainda faz, como mostra a pesquisa do IBGE.

“A palavra preta tornou-se pejorativa, mas não deve ser. Ela é associada à dor, preconceito e escravidão, porque esse é o único histórico que conhecemos. Mas, isso precisa mudar. Sou contra essa história de não poder chamar de preta. Tenho muito orgulho de ser preta. A cor preta é tão bonita quanto a branca. O cabelo crespo é tão bonito quanto o liso e as mulheres devem se orgulhar disso”.

Outra reivindicação é a implementação da Lei 10.639, de 2003, que obriga todas as escolas a ensinarem a história da África, e não somente sob o aspecto da escravidão.

“Essa luta nossa é antiga. A real implementação da Lei 10.639 ajudaria a transformar o pensamento das pessoas que ainda associam os negros aos maus exemplos. Nós, por exemplo, somos descendentes de africanos e não de escravos”.

A conselheira estadual do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado, Aglai Viriato, que participou da Marcha, diz ser “importante chamar a atenção de todos os órgãos e autoridades competentes para a realidade das mulheres negras. O Estado precisa entrar nas comunidades e descobrir suas necessidades. Só assim será capaz de promover políticas públicas de qualidade”.

No total, cerca de 200 pessoas enfrentaram a chuva e o frio para participar da 1ª Marcha das Pretas, que também contou com falas de mulheres militantes e apresentação do Balé Afro de São Vicente. A marcha teve apoio da Casa de Cultura da Mulher Negra de Santos, Instituto Menina Mulher de Guarujá e Assessoria Especial de Assuntos da Mulher de São Vicente.

Fonte: A Tribuna

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