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    Ameaças de neonazistas a vereadoras negras e trans alarmam e expõem avanço do extremismo no Brasil

    Ingrid Silva é a primeira bailarina negra e brasileira a ser palestrante principal em Harvard

    Pesquisadoras também produziram livreto em homenagem às profissionais que atuam no combate ao coronavírus - Ilustrações: Marcelo Jean Machado

    Projeto dá visibilidade ao trabalho de cientistas negras brasileiras de forma lúdica

    Divulgação

    2º Festival Frente Feminina abre inscrições e seleciona artistas negras para residência artística virtual

    A cantora Alaíde Costa Kazuo Kajihara/ Sesc-SP

    ‘Não tenho muito o que me queixar da vida’, diz a cantora Alaíde Costa

    Agência Brasil/EBC

    Mulheres pretas

    Ativistas comemoram a discriminalizão do aborto (crédito: Ronaldo Schemidt/AFP)

    Argentina, lei sobre o aborto e lições para o Brasil e a América Latina

    Bianca Smith, primeira treinadora negra da história do beisebol profissional nos EUA Imagem: Divulgação/Boston Red Sox

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    Divulgação

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      Gilmar Bittencourt Santos Silva - Arquivo Pessoal

      Quilombos podem ajudar a mudar o racismo estrutural?

      Arquivo Pessoal

      Governo do Rio sanciona Lei Ágatha, que prioriza investigação de crimes contra crianças e adolescentes

      ilustrações Amanda Favali (@favali_)

      Se os privilegiados estão cansados, imagine os negros

      Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense — Foto: Reprodução/Redes Sociais DHBF

      Oito corpos são encontrados em Belford Roxo, Baixada Fluminense

      Lucas afirma que gravou a abordagem porque esse foi o 4º 'enquadro' que levou esse ano em Santos, SP — Foto: Reprodução

      PM é flagrado dizendo que jovem tem ‘cara de ladrão’ durante abordagem

      Manifestantes protestam em memória de George Floyd em Mineápolis, nos Estados Unidos Foto: CHANDAN KHANNA / AFP

      Keeanga-Yamahtta Taylor reflete sobre a força que vem do ativismo negro

      Ivanir Dos Santos / Arquivo Pessoal

      Comunidade judaica e movimento negro se movimentam contra dois prefeitos do Rio

      Getty Images

      QuintoAndar oferece bolsas para pessoas negras que querem aprender programação

      Manifestação Pelo Passe Livre dos Idosos em São Paulo. (Imagem retirada do site Arnobio Rocha)

      As Primeiras Lutas de 2021: Passe Livre de Idosos e Vacinação, Já!

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      Prefeito de Duque de Caxias é investigado por intolerância religiosa a crenças de matriz africana

      FÁBIO VIEIRA/ESPECIAL METRÓPOLES

      Após ser alvo de ataques transfóbicos e racistas, Érika Hilton irá processar 50 pessoas

      A parlamentar Laetitia Avia propôs a nova nova lei, enquanto o primeiro-ministro Jean Castex foi ridicularizado por seu sotaque (GETTY IMAGES)

      Por que a França pode criminalizar a discriminação pelo sotaque

      Adolescente de 16 anos foi espancada pelo pai por ser lésbica, na Bahia — Foto: Divulgação/Polícia Civi

      Adolescente é espancada pelo pai na BA e relata que motivo é ela ser lésbica; avó da vítima denunciou homem à polícia

      (Jonathan Alcorn/AFP/)

      Painel trata combate ao racismo como exercício de cidadania e justiça

      Imagem: Geledes

      Racismo Estrutural – Banco é condenado a indenizar cliente por discriminação racial

      GettyImagesBank

      13 palavras e expressões da língua portuguesa para não usar mais

      Racismo e desigualdades: o que há de democrático na Covid-19?

      Pixabay

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        O protagonista de "Os Intocáveis", Omar Sy, (Foto: Jordan Strauss/Invision/AP - Jordan Strauss)

        Além de Lupin: conheça a carreira de Omar Sy em 5 filmes

        O escritor nigeriano Wole Soyinka, durante visita ao Brasil em 2015 - Bruno Poletti/Folhapress

        ‘Aké’ é oportunidade de ler Wole Soyinka, um dos maiores nomes da África

        Divulgação

        Série Oxalaive promove 14 encontros poéticos virtuais

        Regé-Jean Page (Foto: Reprodução/Instagram)

        Quem é Regé-Jean Page, a estrela da série “Bridgerton”?

        Arte por Raquel Batista

        O Movimento Negro Organizado Hoje: Vozes da Coalizão Negra Por Direitos #DesenraizandoRacismo

        Ana Hikari (Reprodução/Insytagram/@ _anahikari)

        Ana Hikari, 1ª protagonista asiática da TV: ‘Passei a vida reduzida a japa’

        Netflix

        Lupin: Série francesa da Netflix quebra recorde na plataforma

        Aleksandr Púchkin e Machado de Assis (wikimedia commons)

        Púchkin e Machado, o ser negro, formas de ouvir o outro

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              entrenvista com Suzane Jardim, idealizadora da campanha “Liberdade para Rafael

              14/12/2017
              em Violência Racial e Policial
              Tempo de leitura: 8 min.

              Dentro do cenário de violações, que neste ano ganharam repercussão midiática, há um perfil de vítimas que são majoritariamente atingidas e vulnerabilizadas. São inúmeras as pesquisas, inclusive as realizadas pelo ITTC, que constatam que pessoas jovens e negras, em especial as mulheres, sofrem de maneira potencializada com o encarceramento em massa.

              Do ITTC

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              25/11/2020

              Pensando nisso, o ITTC traz essa semana uma conversa sobre a seletividade penal e seus impactos como proposta para reflexão na Semana da Consciência Negra. Conversamos com Suzane Jardim, idealizadora da campanha “Liberdade para Rafael”, sobre como o caso de Rafael Braga representa uma realidade disseminada pelo território brasileiro e omitida pelo Estado através da guerra às drogas.

              Confira a seguir a entrevista na íntegra:

              ITTC: Por que ainda é tão importante falar sobre Rafael Braga?

              Suzane Jardim: Primeiramente porque Rafael Braga é um ser humano com uma história, família e sonhos – humanizar o ser é o primeiro passo para uma discussão política válida e respeitável que não tem como objetivo apenas criar símbolos, mas sim discutir de fato o bem viver da população.

              Em segundo lugar, Rafael Braga condensa em si uma série de situações que exemplificam os problemas estruturantes de nossas políticas de segurança e do direito como um todo. Foi preso pela primeira vez no contexto de repressão aos movimentos sociais e na segunda vez no contexto de repressão e aniquilamento cotidiano tão presentes nas áreas mais pobres do Brasil disfarçados de luta contra o tráfico de drogas.

              É um homem negro, pobre e de baixa escolaridade – síntese que corresponde ao perfil de mais da metade da população carcerária brasileira – e, recentemente foi diagnosticado com uma tuberculose desenvolvida no cárcere, doença tratável que se tornou comum nas prisões devido junção da superlotação com as péssimas condições de higiene e que atualmente, nas prisões do Rio de Janeiro, mata 14 vezes mais detentos do que a violência em si.

              O caso choca facilmente devido a uma série de contradições e de aparentes “erros” da justiça e creio que a importância de nos mantermos falando sobre ele está exatamente no fato de que não é de modo algum um caso particular, uma exceção extrema e surpreendente – histórias como a de Rafael se tornaram extremamente comuns desde os anos 90 e poderíamos arrolar inúmeros casos semelhantes. Isso nos mostra que não há uma justiça que “erra” ou uma lei que “falha”, mas sim, que existem políticas muito bem delimitadas que têm como função manter comunidades como a de Rafael sobre um controle extensivo que quebra com qualquer política humanitária, constitucional e democrática.

              Vivemos um período político conturbado que vem exaltando ânimos em vários meios, porém é importante entender que não há como falar em democracia no Brasil enquanto as políticas que permitem que casos como o de Rafael aconteçam continuem vigentes.

              Falar sobre Rafael Braga é falar sobre como a política de drogas nacional é falha, sobre seletividade penal, racismo  estrutural, criminalização da pobreza, sobre as péssimas condições de nossa malha prisional e sobre como todos esses elementos vêm organizando nossas políticas de segurança pública há anos sem trazer qualquer progresso ou resultado positivo para a sociedade.

              Rafael Braga condensa em si uma série de situações que exemplificam os problemas estruturantes de nossas políticas de segurança e do direito como um todo.

              ITTC: Como a Campanha “Liberdade para Rafael Braga” pode contribuir para o debate sobre segurança pública e a atual política de drogas?

              Suzane Jardim: Vale aqui um adendo: atualmente existem vários grupos e iniciativas pela liberdade do Rafael. O primeiro deles e mais atuante é o “Pela Liberdade de Rafael Braga Vieira” grupo que surgiu no Rio de Janeiro em 2013, logo após a primeira prisão de Rafael e que considero fundamental para que ainda hoje estejamos falando sobre.

              Esse grupo atua coletando doações que permitem que a família de Rafael se mantenha financeiramente, afinal, era ele o principal provedor do lar e sua ausência colocou em risco a manutenção da família, assim como seguem noticiando e atualizando todos nós sobre os desdobramentos do caso. Grupos como esse são de extrema importância no processo de expansão das discussões sobre segurança pública no país.

              Informação é o primeiro passo básico para a mudança e vivemos em uma época em que, apesar da tecnologia, redes virtuais e mídias independentes, ter acesso a informação é ainda um privilégio para poucos. Os grupos pela liberdade de Rafael colaboram no processo de extensão da questão, dialogando com a população que sofre com as consequências de nossa política de drogas, expondo e denunciando absurdos que têm sido historicamente negligenciados.

              Expandir o alcance da discussão e contribuir no processo que permite que as pessoas que sofrem com essas políticas consigam nomeá-las e reconhecê-las fortalece a demanda popular pela mudança. E essa demanda popular é extremamente necessária tanto como ferramenta para a liberdade de Rafael quanto para a revisão das políticas públicas que permitem que casos como o dele continuem acontecendo.

              A sociedade civil deve criar uma consciência coletiva em torno da questão do sistema penal e fomentar a discussão para que possamos pensar em soluções para segurança pública que excluam a necessidade de prisões em territórios ultra-vigiados nas periferias.

              ITTC: A partir da condenação de Rafael Braga, quais são os próximos passos da campanha?

              Suzane Jardim: A campanha dos 30 Dias por Rafael Braga surgiu em São Paulo exatamente após a veiculação da notícia sobre a condenação do rapaz a 11 anos e 3 meses de prisão em regime fechado. A notícia causou uma revolta que se converteu na percepção de que era necessário agir de algum modo diante daquilo.

              A partir disso se iniciaram os eventos e debates montados pela campanha em diversas áreas da cidade de São Paulo – para que se pudesse trazer mais pessoas para a discussão e entender como o caso se liga com questões muito mais amplas e que precisam sair de um espaço unicamente intelectual e militante. Juridicamente falando, o caso vem sendo assistido e cuidado por um grupo de advogados do Instituto de Defensores dos Direitos Humanos (DDH) muito capaz e dedicado – a disputa no campo do Direito continua e irá até às últimas instâncias possíveis.

              Recentemente o Superior Tribunal de Justiça concedeu a prisão domiciliar para Rafael devido a seu estado de saúde e apenas durante o período em que seu último pedido de habeas corpus estiver em julgamento. Todos nós, advogados, ativistas e pessoas próximas ao caso, comemoramos muito esse fato o considerando uma vitória. A questão é que prisão domiciliar ainda é prisão e, de acordo com nossas concepções, Rafael não deveria sequer estar preso sob qualquer circunstância – ou seja, ainda temos muito o que conquistar.

              Entretanto, diante da realidade das prisões brasileiras, a prisão domiciliar constitui ao menos a garantia de que o Rafael terá um tratamento de saúde digno e que não correrá o risco de ter seu estado agravado ou até mesmo de morrer dentro da prisão como tem sido cada vez mais comum. Acredito que diante disso, cabe a nós, grupos que pensam a questão em diversos estados do país, manter o diálogo para continuar difundindo os absurdos por trás da condenação de Rafael Braga, método que foi inclusive alvo de críticas no processo, assim como manter as pontes entre processo e população promovendo mobilizações em torno dos próximos eventos jurídicos – cada etapa do processo precisa ser conhecida por todos nós, a argumentação que mantém Rafael como um prisioneiro – seja domiciliar ou não –  precisa ser uma informação pública pois é pública a política que permite o absurdo.

              ITTC: Como a sociedade civil e outros grupos organizados pode se articular para criar ações capazes de mudar a realidade de Rafael e tantas outras pessoas selecionadas pelos sistema criminal?

              Suzane Jardim: A sociedade civil deve criar uma consciência coletiva em torno da questão do sistema penal e fomentar a discussão para que possamos pensar em soluções para segurança pública que excluam a necessidade de prisões em territórios ultra-vigiados nas periferias. Trazer essas demandas para o centro dos movimentos sociais é urgente.

              Não é possível falar sobre racismo no Brasil sem falar sobre prisões e guerra às drogas. Não é possível também falar em democracia, igualdade, marginalização e violência sem pensarmos nesses pontos. Creio que bater nessas teclas de modo sério, criando uma demanda que leia a intersecção desses temas e que exija a revisão de nossas políticas públicas e instituições tem em si o potencial de alterar a realidade de milhares que hoje estão atrás das grades e/ou tiveram suas famílias desmanteladas devido a essa guerra contra o tráfico de drogas que, já há muitos anos, têm se mostrado como uma guerra que é na verdade contra os pobres e negros desse país.

              ITTC: Ao mesmo tempo em que pessoas como Rafael Braga são cada vez mais presas, a violência no Brasil só aumenta. Qual a sua opinião a respeito da defesa da prisão como solução dos conflitos sociais?

              Suzane Jardim: Existem inúmeras pesquisas e dados que comprovam que a expansão do sistema carcerário não trás consigo uma melhora na segurança pública e que é em si responsável pela manutenção de lógicas que têm colaborado para o aumento da violência.

              O direito penal não é capaz de trazer a justiça social e sua função primária tem se mostrado cada vez mais distante desse objetivo – é uma ordem punitiva criada para manter o controle social das populações enquanto mantém também o status quo. As prisões são hoje um depósito para os indesejáveis, pessoas majoritariamente negras e vindas das mais baixas camadas sociais.

              Manter o sistema carcerário como solução principal diante dos problemas de segurança pública é simplesmente trancafiar problemas sociais estruturantes em celas com grades para que a população possa dormir em paz fingindo que eles não existem.

              Largamos os sujeitos na prisão como se solucionássemos algo, mas mantemos todos os problemas que tornam esses sujeitos possíveis exatamente como são ao mesmo tempo em que negamos a esses sujeitos a possibilidade de inclusão digna na sociedade após o cumprimento de suas penas – uma lógica cíclica onde o preso vem de um local de marginalidade e retorna para esse mesmo local, agora estigmatizado e sem qualquer projeto que tenha como objetivo a diminuição das tensões de fato.

              A demanda por prisões e tipificações é um modo fácil de não precisar lidar de fato com os problemas que estruturam nossa sociedade ao mesmo tempo em que legitima e fortalece lógicas de extermínio direcionadas a pessoas que nada mais são do que sintomas dessas problemas estruturantes.

              Chegamos a um ponto onde manter o sistema prisional sem críticas é concordar com uma política de segurança pública suicida. Precisamos assumir isso, criar e aplicar novos método. É como se costuma dizer – não sabemos se qualquer outro método em particular será capaz de resolver o problema como um todo, porém sabemos com certeza que a prisão, desde sua criação, também não resolveu – insistir nela é um erro que tem nos custado vidas.

              SUZANE JARDIM

              Formada em História pela Universidade de São Paulo (USP), Suzane compõe o Coletivo Feminista Maria Bonita da USP e é  colaboradora do site Blogueiras Negras

              Tags: Rafael Bragaviolência racial e policial
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              • ✊🏾 1960-1970: Grupo Palmares de Porto Alegre e a afirmação do Dia da Consciência Negra ✊🏾 Está disponível mais uma sala da Exposição “20 de Novembro - Dia Nacional da Consciência Negra” no Google Arts & Culture! Link: https://artsandculture.google.com/culturalinstitute/beta/u/4/exhibit/1960-1970-grupo-palmares-de-porto-alegre-e-a-afirma%C3%A7%C3%A3o-do-dia-da-consci%C3%AAncia-negra/tgLSJakjmcizKA 🙌🏿 Esta sala é especialmente dedicada à movimentação do Grupo Palmares em Porto Alegre, fundado em 1971, afirmando o Vinte de Novembro como Dia da Consciência Negra. Em 2021, o Vinte completa 50 anos! Conecte-se ao compromisso de ativistas negros e negras gaúchas em defesa de uma história justa sobre as lutas negras por liberdade por meio de depoimentos, fotografias, poemas, anotações, cartas, entre outros documentos. Vamos junt@s! 🖤 O material pode ser acessado em português e inglês e é mais um resultado da parceria entre a Rede de HistoriadorXs NegrXs(@historiadorxsnegrxs , Geledés Instituto da Mulher Nega e o Acervo Cultne! (@cultne) 🎉 Ao longo de todo 2021, muitas outras “Nossas Histórias” sobre vidas, lutas e saberes da gente negra serão contadas em salas de exposições virtuais!
              • "A história do indigenismo no século XIX tem importantes pontos de conexão com a história do tráfico escravista. A investigação dessas conexões permite compreender como possibilidades de branqueamento foram projetadas na nação brasileira, para além da mais conhecida: a imigração europeia ocorrida entre o último quartel do século XIX e 1930." Leia o artigo do historiador Samuel Rocha Ferreira publicado na coluna “Nossas Histórias” **A coluna “Nossas Histórias” é uma realização da Rede de Historiadoras Negras e Historiadores Negros em parceira com o Portal Geledés e o Acervo Cultne.
              • "Afirmar que este ano foi ganho para a EDUCAÇÃO parece beirar à cegueira. Escolas fechadas, estudantes, professores, gestores todos os servidores em casa e sem aulas presenciais." Leia o Guest Post de Jocivaldo dos Anjos em: www.geledes.org.br
              • Territórios negros e periféricos no enfrentamento à pandemia da COVID-19: um estudo sobre as ações desenvolvidas na região metropololitana de São Paulo Por compreender a importância das diversas iniciativas realizadas para o enfrentamento da Covid-19, Geledés Instituto da Mulher Negra, Rede Conhecimento Social e um grupo de coletivos e movimentos sociais realizaram uma pesquisa sobre as formas de atuação e enfrentamento à pandemia da COVID-19 protagonizadas pela sociedade civil na região metropolitana de São Paulo, de forma a identificar as experiências, as problemáticas enfrentadas e os desafios para a continuidade das iniciativas. Para saber mais acesse www.geledes.org.br
              • "Enquanto um fenômeno multidimensional da política estadunidense que envolve dinâmicas de classe, gênero e raça, o trumpismo revelou diferentes faces, que na maioria das vezes se materializou em manifestações públicas de homens brancos da classe trabalhadora." Leia o Guest Post de Flávio Thales Ribeiro Francisco em: www.geledes.org.br
              • "A construção da mulher negra como ser inferior, como aquela que se contenta com pouco a faria feliz até com um homem perdido, afinal, ele tinha a branquitude como posse, além da cidadania." Leia o Guest Post de Fabiane Albuquerque em www.geledes.org.br
              • Graças à parceria entre a Rede de Historiadoras Negras e Historiadores Negros (@historiadorxsnegrxs), o Geledés e o Acervo Cultne (@cultne), desde o dia 16 de setembro, em todas as quartas-feiras, são apresentados conteúdos produzidos especialmente com o objetivo de fortalecer o diálogo com profissionais da Educação Básica, ativistas e demais pessoas interessadas em História Negra e Antirracista. E que tal aproveitar as férias para maratonar o material completo?  Acesse em www.geledés.org.br
              • “Para aqueles de nós que gostam de música de dança cubana, estamos familiarizados com a palavra “negra’ na letra, refrão e frases individuais entre os guias das canções mais populares. Esta voz alude àquela mulher que é a figura central, em torno da qual o roteiro que inspira nos concertos ao vivo, o público cantará em voz alta porque se reconhecem nas canções." Leia o Guest Post de Lisset González Batista com tradução de Denise Braz em www.geledes.org.br
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