Erica Malunguinho, primeira deputada estadual transgênera de São Paulo

Erica Malunguinho da Silva será a primeira trans da história da Assembleia Legislativa. Outra mulher trans integra a Bancada Ativista, candidatura coletiva também inédita na Casa.

Por Lívia Machado, do G1 

Erica Malunguinho no Aparelha Luzia. JULIANA FARINHA
Erica Malunguinho no Aparelha Luzia. JULIANA FARINHA

A candidata Erica Malunguinho da Silva, do PSOL, foi eleita neste domingo (7) deputada estadual por São Paulo. É a primeira vez que uma pessoa transgênera consegue uma vaga na Assembleia Legislativa Paulista – em mais de 180 anos de existência da Casa. Erica obteve pouco mais de 54,4 mil votos com 98,28% das seções apuradas, o que já garantiu matematicamente sua eleição.

Mulher, trans, negra, natural de Pernambuco, Erica é mestra em estética e história da arte pela USP e criadora da Aparelha Luzia, um quilombo urbano, espaço para fomentar produções artísticas e intelectuais na capital paulista. Ela também atua na área de educação, voltada para a capacitação professores da rede pública e privada.

Em sua proposta, Erica disse que pretende incentivar o turismo social em quilombos e territórios indígenas como estratégia de combate ao racismo, proteção, visibilidade e economia sustentável. Trabalhar na questão dos direitos estruturais à população trans, aprimorar dispositivos de inclusão no mercado de trabalho.

Deseja, ainda, apoiar iniciativas de amparo aos moradores de rua e revisão de programas habitacionais. Defende um acolhimento humanizado em hospitais e delegacias para mulheres vítimas de violência sexual, e quer lutar pela garantia da humanização no atendimento das mulheres em situação de aborto.

Em seu perfil no instagram, Erica postou a foto de um símbolo de esquerda de religiões de matriz africana que representa quem trabalha pela lei e pela justiça. Na legenda, a saudação: “Laroyê”. Seguidores a parabenizaram pela conquista.

 

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Laroyê

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Trans na bancada ativista

Erica Hilton faz parte da Bancada Ativista, uma candidatura coletiva que também foi eleita para a Assembleia Legislativa — Foto: Reprodução/Instagram

Além de Erica Malunguinho, a trans Erika Hilton é uma das nove integrantes da Bancada Ativista, candidatura coletiva voltada para eleger ativistas para poder legislativo, que foi eleita.

Negra, estudante de gerontologia na Universidade Federal de São Carlos, ela se apresenta como uma mulher transvestigênere que luta pelo direito à vida, dignidade e direitos sociais e humanos para as pessoas marginalizadas e excluídas.

O grupo foi formado como um movimento suprapartidário, mas como a lei não permite candidaturas independentes, concorreu à vaga pelo PSOL.

Outras candidatas trans

Tifanny Abreu, Leo Aquilla, Renata Peron, Ana Beatriz Ruppelt, Carla Ziper, Erica Malunguinho, Alexya Salvador e Hailey Kaass, — Foto: Divulgação/TSE

Outras sete mulheres trans e travestis concorreram aos cargos de deputada estadual e federal. Com perfis e propostas diferentes, elas entraram na disputa na tentativa de ampliar a diversidade e representatividade do legislativo.

Veja as concorrentes e as propostas: Veja as concorrentes e as propostas:

Ana Beatriz Ruppelt (não foi eleita)

Bacharel em direito, ativista da causa trans, Ana Beatriz tem 62 anos. Foi candidata a deputada federal pelo PDT. Entre suas bandeiras, prometia trabalhar para ampliar os investimentos e a qualidade em saúde e educação. Sua candidatura não registrou votos.

Renata Peron (não foi eleita)

Natural de João Pessoa, Renata Peron é assistente social, ativista e cantora. Prometia lutar pela criminalização da LGBTIfobia, promover ações de visibilidade dos direitos da diversidade sexual e de gênero e na instituição de polícias de saúde integral para a população LGBT.

Leo Aquilla (não foi eleita)

Jornalista, cantora e performer. Foi candidata a deputada estadual em 2066 e 2010. Em 2016, também disputou vaga na Câmara Municipal de São Paulo. Prometia utilizar de sua influência para lutar pelos direitos da comunidade LGBT.

Jornalista Léo Áquilla — Foto: Caroline Aleixo/G1

Tifanny Abreu (não foi eleita)

Primeira jogadora transexual da história da Superliga de vôlei brasileiro, Tifany Abreu é atleta e foi candidata a deputada federal pelo MDB. Queria atuar para ampliar o acesso das minorias na educação e no esporte. Também pretendia trabalhar por leis contra homofobia e transfobia.

Tifanny, jogadora de vôlei — Foto: Sérgio Pais

Carla Ziper (não foi eleita)

Nascida em Presidente Venceslau, Carla Ziper foi vereadora de sua cidade natal de 2013 a 2013. É graduada e pós graduada em história. Trabalha como professora de escola pública. Queria investir no combate ao preconceito, inclusão, trabalho e geração de empregos para a comunidade LGBT. Foi candidata pelo PMB.

Alexya Salvador (não foi eleita)

Natural de Mairiporã, tem 37 anos, é professora da rede pública. Casada, mãe de duas crianças, e pastora auxiliar na Comunidade Metropolitana de São Paulo. Queria trabalhar para melhorar as politicas publicas à comunidade LGBT, às pessoas com necessidades especiais, pretendia investir em temas como adoção e educação.

Até fim do ano, Alexya deve tornar-se primeira reverenda trans da ICM (Igreja Cristã Metropolitana) na América Latina — Foto: Isadora Brant/BBC Brasil

Hailey Kaas (não foi eleita)

Mulher trans, bissexual, co-fundadora do blog Transfeminismo, militante das causas LGBT na luta por direitos. Defendia a descriminalização e legalização do aborto, o mapeamento de estatísticas de pessoas LGBT, combate à violência contra a mulher, desmilitarização das policias, melhoria do SUS, linha de combate à violência ginecológica e obstétrica às mulheres, combate às doenças tratáveis no cárcere. Foi candidata pelo PSOL.

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