Escolas públicas de Boston adotam mapa que corrige 500 anos de ‘distorção’, com mais destaque para África e América do Sul

Objetivo de diretores pedagógicos do distrito é mudar perspectiva eurocêntrica e colonizadora. Mapa antigo será mantido para comparação.

Do G1

Estados Unidos e Europa são apresentados com contornos reduzidos, enquanto África e América do Sul ganharam novo destaque. Esta é a realidade dos novos mapas-múndi que escolas públicas de Boston, nos Estados Unidos, passaram a adotar na semana passada.

Os professores apresentaram aos alunos a representação do mapa mundi baseado no sistema de projeção cartográfica do historiador e cartógrafo Arne Peters (1916-2002). Ela causou surpresa nos alunos porque o sistema busca manter as reais proporções dos continentes. Além disso, ele dá destaque ao continente africano no centro do mapa e valoriza as áreas subdesenvolvidas do mundo mostrando sua real área.

Os mapas mais conhecidos são baseados na projeção de Mercator, elaborada em 1569 pelo cartógrafo e matemático Gerardus Mercator (1512-1594). Desenvolvida inicialmente sobretudo para ajudar na navegação, ela é praticamente onipresente em mapas e atlas escolares de todo o mundo até hoje.

Nesses mapas mais tradicionais, a Europa aparece maior que a América do Sul, quando na verdade é quase duas vezes menor. Até a Groelândia é representada como maior que a América do Sul, mas o continente é nove vezes maior.

Diretora de história e de estudos sociais em escolas públicas de Boston, Natacha Scott diz que os alunos se mostraram supresos, segundo reportagem do jornal The Guardian. Ela conta que, apesar de ter relatos de que outras escolas isoladas dos EUA adotam outra a projeção de Peters, ela acredita que a iniciativa é pioneira dentro da administração pública.

“Nós acreditamos que somos o primeiro distrito escolar público dos EUA a fazer isso”, disse ao The Guardian a diretora. O distrito tem 125 escolas e 57 mil alunos, sendo que 86% não são brancos. Ainda de acordo com outras diretoras escolares do distrito, esta é uma mudança de paradigma e ajuda a refletir sobre a visão eurocêntrica e imperialista da história.

Os antigos mapas baseados na projeção de Mercator não serão abolidos, e ainda serão usados nas escolas do distrito para efeito de comparação com o novo modelo adotado.

 

 

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