Afetividade, memória, subjetividade. São os motes do espetáculo teatral Sobretudo Amor, solo autoral da atriz e dramaturga Mônica Santana, que faz temporada de estreia no Teatro Gregório de Mattos, de 20 de julho a 05 de agosto, de quinta a sábado, às 19h. Com a realização da Giro Planejamento Cultural, a montagem é parte integrante do projeto Cartografando Afetos: mulheres negras e afetividades, que desenvolve ações artísticas a partir do diálogo com mulheres negras sobre temas como amor, espiritualidade, ancestralidade, solidão, política entre outros.
Créditos: Priscila Fulô
O espetáculo une a voz e vivências da autora com as vozes e perspectivas trazidas pelas mulheres entrevistadas, revelando reflexões, intimidade e questionamentos, numa perspectiva que procura aproximar e dialogar com o público, para que ele traga e agregue também suas vivências e experiências, construindo juntos suas cartas, memórias e ritual. Sobretudo Amor evoca também o processo dos encontros da autora com as várias mulheres que entrevistou, onde trocas e partilhas eram realizadas, sempre nas casas e nos ambientes privados. A escrita e concepção do espetáculo promove uma conversa da criadora Mônica Santana com essas vozes, que impregnaram a obra – ao falar de si, falam da coletividade.
A partilha bebe em elementos líricos para tecer reflexões políticas e micropolíticas sobre colonização, violências, racismo, sexismo, numa atmosfera que também perpassa por rituais cotidianos de encontro consigo e com o outro. A cenografia, assinada por Deilton José, busca reconstruir esse ambiente privado, mas cujas paredes foram dissolvidas. Criando uma ambiência sonora que bebe na pluralidade de sons que interferem no ambiente doméstico, o diretor musical André Oliveira propõe ampliar as possibilidades de escuta, somando a adição de referências musicais negras afro-diaspóricas. O figurino é assinado por Cássio Caiazzo e a maquiagem de Nayara Homem, criando um corpo delicado, onde a identidade local perpassa por vestes que são atemporais, pois evocam mulheres negras de inúmeras gerações. A iluminação de Luiz Guimarães transita entre reverberar o lirismo e onírico da obra e a cotidianeidade que a mesma performa.Cartografando Afetos – A dramaturgia criada por Mônica Santana é fruto de uma série de entrevistas realizadas por ela e sua irmã, bacharel em Cinema, Priscila Fulô, no período de março a abril deste ano. Foram entrevistadas 10 mulheres negras sobre o tema da afetividade e do amor, que poderão ser conferidas no vídeo Cartografando Afetos, com lançamento previsto durante a temporada do espetáculo.
Além do vídeo, o projeto também compreende fotografia e artes visuais e deverá até setembro deste ano, espalhar o rosto e as falas das entrevistadas pelas ruas de Salvador, trazendo suas reflexões e provocações em lambe-lambes. Foram entrevistadas a poetiza Lívia Natália, a contadora de histórias Nice Souza, a psicóloga Ariane Senna, a ativista Samira Soares, a antropóloga Naira Gomes, a cantora Matildes Coelho, a jornalista Lorena Ifé, a blogueira Jéssica Ipólito, a publicitária Celine Ramos e a atriz Laís Machado.Mônica Santana é vencedora do Prêmio Braskem de Teatro 2016 na categoria Revelação, pela criação do espetáculo Isto Não É Uma Mulata, que vem se destacando entre festivais nacionais, além de garantir a inclusão da artista na Lista das Mulheres Inspiradoras de 2016 pela Ong Think Olga, bem como nos destaques do ativismo negro baiano pelo Correio Nagô e identificada entre as 25 Mulheres Negras Mais Influentes da Web Brasileira de 2015, pelo Blogueiras Negras.
O projeto Cartografando Afetos, Negro Amor, foi contemplado no Edital Setorial de Culturas Identitárias – do Fundo de Cultura do Estado da Bahia – 2016 e conta com o apoio do Centro de Culturas Populares e Identitárias – CCPI.
Créditos: Priscila Fulô
Serviço
Temporada de estreia do espetáculo Sobretudo Amor
De 20 de julho a 05 de agosto, às 19h, quinta a sábado
Teatro Gregório de MattosIngressos: R$10,00 (inteira) e R$5,00 (meia entrada)
Ficha Técnica
Espetáculo Sobretudo AmorDramaturgia, direção e atuação: Mônica SantanaDireção Musical: André OliveiraAssistência de Direção: Val SouzaFigurinos e adereços: Cássio CaiazzoCenografia: Deilton José
Iluminação: Luiz Guimarães
Maquiagem: Nayara Homem Cabelos: Dreadlocks Mukunã
Coordenação de Produção e Produção Executiva: Giro Planejamento Cultural