Cerca de 500 pessoas caminharam pelas ruas do centro em homenagem ao adolescente Kaique Augusto dos Santos, encontrado morto no último sábado.
Quando a noite começou a cair na cidade de São Paulo, cerca de 500 jovens se reuniram no Largo do Arouche, região central de São Paulo, para um ato em homenagem ao adolescente Kaique Augusto dos Santos, 17 anos, encontrado morto no último sábado, na avenida Nove de Julho, em São Paulo.
O garoto foi localizado sem vida pouco depois de deixar o mesmo Largo do Arouche, local em que teria participado de uma festa na semana passada. A polícia registrou o caso como suicídio. Porém, o rapaz estava com todos os dedos das mãos quebrados, sem os dentes e com uma barra de ferro cravada em uma das pernas. Familiares e amigos falam em homicídio e uma das hipóteses é que tenha sido provocado por homofobia.
As cerca de 500 pessoas que se reuniram em homenagem ao garoto fizeram questão de refutar a tese de suicídio. Aos policiais militares que acompanhavam o ato, gritavam seguidamente: “ei, PM, não foi suicídio”. O corpo foi encontrado por policiais militares, que registraram a ocorrência na Polícia Civil.
Um dos que participaram do ato foi o cartunista Laerte Coutinho, que definiu assim a sua presença. “Eu estou aqui porque eu estou horrorizada com o que aconteceu. Estou também motivada a chamar a atenção da população como todo mundo aqui. Uma legislação antihomofóbica é totalmente necessária. Não é um privilégio, não é coisa nenhuma nesse sentido. É necessária por uma coisa democrática, um exercício de liberdade”, disse ele.
Sobre a morte do garoto, ele disse que pode ser considerada uma tragédia. “É um horror, é um horror, um horror total. Eu acho que a gente faz bem extrair desse momento algum tipo de reflexão.”
Tiago dos Santos Duarte, 21 anos, é estudante de Contabilidade e esteve com Kaique na madrugada da sua morte. “Nos encontramos na balada por volta da 0h. Ele estava muito feliz, um pouco bêbado. Era uma festa especial de open-bar, com bebida à vontade. Ele tinha dito que era a melhor balada dele até então. A última vez que eu o vi foi às 6h, quando a gente se despediu. Ele falou, ‘se cuida’. Ele disse que ia sentido estação. Foi a última vez que eu falei com ele”, afirmou.
Duarte disse que fica na lembrança o sorriso e o jeito de cantar do garoto. “Ele gostava muito de cantar. Tinha muita energia. Uma felicidade que transmitia a todo mundo. Era um amigo”.
Sobre o crime, ele é direto: “não tem como se suicidar e ser encontrado do jeito que ele foi. Nunca vi o Kaique envolvido em briga, com motivos para tirar a sua vida”, disse.
Outro que esteve com Kaique na madrugada da sua morte foi o autônomo Douglas Oliveira, 31 anos. “Tudo que ele fazia, seus sentimentos, ele sempre falava. Não falou que tinha problema nenhum. Estava de bem com a vida. Estava tudo tranquilo”, afirmou.
Fonte: Terra