Hoje na História, 02 de agosto de 1944, nascia Naná Vasconcelos

Filho de um violonista de Recife, teve na infância influências musicais que iam de Villa-Lobos a Jimi Hendrix. Especializou-se em instrumentos de percussão brasileiros, particularmente o berimbau.

Depois de tocar por algum tempo em cabarés e bandas de Recife, mudou-se em 1966 para o Rio de Janeiro, onde conheceu Luiz Eça, Wilson das Neves, Gilberto Gil, e passou a acompanhar Milton Nascimento e o Som Imaginário.

Integrou o Quarteto Livre (com Nelson Ângelo, Franklin da Flauta e Geraldo Azevedo) em 1968, mesmo ano em que acompanhou Geraldo Vandré no show “Caminhando (Pra Não Dizer que Não Falei de Flores)”, logo interditado pela censura. Em 1970 foi convidado para integrar a turnê do saxofonista argentino Gato Barbieri pelos Estados Unidos e Europa.

Por essa época começou a desenvolver seu trabalho de vanguarda. Naná radicou-se em Paris, onde gravou seu primeiro disco, “Áfricadeus”. Em 1973 gravou no Brasil “Amazonas”, um disco que se tornou um marco na combinação de percussão e voz na MPB. De volta ao Brasil, trabalhou com Egberto Gismonti por oito anos, tendo gravado juntos três álbuns, entre eles o aclamado “Dança das Cabeças”.

Nos anos 70 Naná Vasconcelos tocou com grandes nomes da música internacional, como Pat Metheny, B.B. King e Paul Simon. Já se apresentou como solista acompanhado por orquestras sinfônicas, excursionou pela Europa com dançarinos do Bronx e fez trilha sonora para cinema (“Down By Law”, de Jim Jarmush). Além de dominar uma grande variedade de instrumentos de percussão, Naná Vasconcelos contribuiu para a divulgação internacional do berimbau.

Dados Artisticos

Iniciou sua carreira profissional em Recife, tocando bateria em cabarés. Mais tarde, foi percussionista da Banda Municipal local. Acompanhou Gilberto Gil em shows pelo Nordeste.

Em 1967, viajou para o Rio de Janeiro, onde conheceu Maurício Mendonça, Nélson Angelo, Joyce e Milton Nascimento, com quem atuou na gravação de dois LPs.

No ano seguinte, seguiu para São Paulo. Ao lado de Nélson Angelo, Franklin e Geraldo Azevedo, fez parte do Quarteto Livre, que acompanhou Geraldo Vandré em “Pra não dizer que não falei de flores” na fase paulista do III Festival Internacional da Canção.

Em 1969, apresentou-se com Gal Costa no Curtisom e no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

De volta ao Rio de Janeiro, formou o Trio do Bagaço, com Nélson Angelo e Maurício Maestro, apresentando-se, com o grupo, no México, a convite de Luis Eça.

Atuou na trilha sonora de “Pindorama”, filme de Arnaldo Jabor. Nessa época, conheceu Gato Barbieri, com quem viajou para Nova York (EUA) para a gravação de um disco. Nesta cidade, participou de festivais de jazz, como o de Chateau Vallon, e gravou com Jean-Luc Ponty, Don Cherry, Roff Kün, Oliver Nelson e Léon Thomas.

Mais tarde, viajou para a Europa. Fez contato com gravadoras parisienses através de Pierre Barrouh. Apresentou-se no Teatro Ranelagh e foi convidado a gravar com Joachin Kunhu, na Alemanha, seguindo, depois para Montreux (Suíça), onde realizou mais um show. Atuou durante dois anos com o Quarteto Iansã, na Europa. Seguiu, depois, para a África, onde permaneceu durante seis meses fazendo pesquisas. Seu primeiro LP, “Africadeus”, foi gravado no exterior. Ainda na Europa, compôs a trilha sonora de uma novela para a televisão francesa com temas brasileiros. Em Portugal gravou um disco no dialeto angolano quimbundo.

Em 1972, retornou ao Brasil e apresentou, no Teatro Fonte da Saudade, o material com que participou de festivais e gravações com Don Cherry, Tony Williams, Art Blakey, Miles Davis e Oliver Nelson, entre outros, utilizando instrumentos de percussão como o berimbau e a queixada de burro. Nessa apresentação, interpretou o repertório de seu disco “Africadeus” e uma bachiana de Villa-Lobos, regendo um coral e atuando como único músico do show.

No ano seguinte, gravou seu segundo LP, “Amazonas”, lançado pela Philips, mesclando o ritmo brasileiro ao folclore africano.

Ainda na década de 1970, voltou a Paris, onde realizou um trabalho com crianças excepcionais.

Trabalhou durante oito anos com Egberto Gismonti, com quem gravou, na Alemanha, o LP “Dança das cabeças” (1977), nomeado Álbum do Ano pela “Stereo Review” e premiado com o Grober Deutscher Schallplattenpreis.

Em 1979, gravou o LP “Egberto Gismonti & Naná Vasconcelos & Walter Smetak”. Nessa época, transferiu-se novamente para Nova York. Atuou com artistas internacionais como Pat Metheny, B.B. King e Paul Simon.

É autor da música de “O sertão das memórias”, filme de José de Araújo.

Em 1997, voltou ao Brasil para organizar, com Gilberto Gil, o IV Panorama Percussivo Mundial, realizado no Teatro Castro Alves, do qual participaram artistas de vários países do mundo.

Em 1999, lançou o CD “Contaminação”, contendo suas composições “Science” (c/ Vinicius Cantuária e Mércia Rangel), “Tá na roda tá”, “Irapurú”, “Quase choro”, “Luz de candeeiro”, “Cajú” e “To you to”, todas com Vinicius Cantuária, “Lágrimas”, “Coco lunar”, “Forró do Antero” e “A seca” (c/ Dino Braia, Mércia Rangel e Alceu Valença), além de “Ciranda” e da faixa-título, ambas com Mércia Rangel.

Em 2000, participou do CD da banda Via Sat.

No ano seguinte, lançou o CD “Fragmentos”, uma compilação de temas que compôs para filmes e espetáculos teatrais. No repertório, ” Vento chamando vento”, “Mundo verde”, “Sertão das memórias”, “Forró do Antero”, “Vozes”, “Vamos pra selva”, “Caminho dos pigmeus” e “Gorée”, além de sua versão para “Marimbariboba” (Domínio Público). Também nesse ano, participou, como arranjador, do CD “Cordel do Fogo Encantado”.

Em 2002, lançou o CD “Minha Lôa”, contendo suas composições “Futebol”, “Afoxé do Nêgo Véio”, “Estrela negra” (c/ João de Souza Leão), “Goreé”, “Macaco”, “Don’s rollerskates (Tributo a Don Cherry)” e “Curumim”, além de “Voz Nagô” (Paulo César Pinheiro e Pedro Amorim), “Isleña” (Kiko Klaus), “Caboclo de lança” (Erasto Vasconcelos e Esdras) e “Forró das meninas” (Erasto Vasconcelos, Guga e Murilo).

Lançou, em 2005, o CD “Chegada”, com a participação de César Michiles (flautas e saxes), Lui Coimbra (cello, charango e violão), Chiquinho Chagas (piano, teclados e acordeon) e Lucas dos Prazeres (percussão).

Em 2006, lançou o CD “Trilhas”, reunindo temas que compôs para os filmes “Quase dois irmãos”, de Lucia Murat, “Nizinga”, de Rose Lacret e Otávio Bezerra, e “Ori – Canção para Aisha”, de Raquel Gerber, e para os espetáculos de dança “Corpos luz”, da companhia de balé Dança Vida, de Ribeirão Preto, e “Balé de Rua – Uma história brasileira”, da companhia Balé de Rua, de Uberlândia. Em todas as faixas, o músico assina voz e percussão.

Em parceria com Marcos Suzano, Caito Marcondes e Coração Quiáltera, lançou, em 2010, o CD “Sementeira: Sons da Percussão”, contendo suas composições “Sementeira”, “Ifá”, “Convite” e “Ensaio geral”, todas com Caito Marcondes, Marcos Suzano e Coração Quiáltera, “Lua Nova” (c/ Coração Quiáltera) e “Nada mais sério”, além de “Triciclo” e “Ditempus Intempus”, ambas de Coração Quiáltera), “Canto de trabalho” (Caito Marcondes) e “No morro” (Marcos Suzano).

Obras

4 cavaleiros do apocalipse

A seca (c/ Dino Braia, Mércia Rangel e Alceu Valença)

Afoxé do Nêgo Véio

Amazonas

Aquela do Milton

Balança rede

Batalha do Nego Santo

Bird boy (c/ Don Cherry)

Bush dance

Cajú (c/ Vinicius Cantuária)

Calmaria (c/ Mário Toledo)

Caminho dos pigmeus

Cara com cara

Chegada “Corpo”

Ciranda (c/ Mércia Rangel)

Clementina (No terreiro)

Coco lunar

Codona (c/ Collin Walcott e Don Cherry)

Coisas do norte

Contaminação (c/ Mércia Rangel)

Convite (c/ Caito Marcondes, Marcos Suzano e Coração Quiáltera)

Cortina (Curtain)

Curumim

Dado

Dida

Don’s rollerskates (Tributo a Don Cherry)

Ensaio geral (c/ Caito Marcondes, Marcos Suzano e Coração Quiáltera)

Espafro

Estrela brilhante (c/ E. Vasconcelos)

Estrela negra (c/ João de Souza Leão)

Forró do Antero

Fui fuio (Na praça) (c/ Teese Gohl)

Futebol

Gorée

Ifá (c/ Caito Marcondes, Marcos Suzano e Coração Quiáltera)

Irapurú (c/ Vinicius Cantuária)

Lágrimas

Let’s go to the jungle

Lua Nova (c/ Coração Quiáltera)

Luz de candeeiro (c/ Vinicius Cantuária)

Macaco

Macacos “Corpo”

Mamãe cadê Baleia (c/ Erasmo Vasconcelos)

Marimbariboba

Morte do Nego Santo

Mundo verde

Nada mais sério

Noite das estrelas (Night of stars) (c/ Erasmo Vasconcelos)

Nos olhos de Petronila “Ondas”

O berimbau

O dia, a noite

Ondas (Nos olhos de Petrolina)

Paletó

Passo

Pregões “Rua”

Quase choro (c/ Vinicius Cantuária)

Que fazer

Rain dance (c/ P. Scherer)

Rameverde (c/ Antonello Salis)

Science (c/ Vinicius Cantuária e Mércia Rangel)

Sementeira (c/ Caito Marcondes, Marcos Suzano e Coração Quiáltera)

Sertão das memórias

Tá na roda tá (c/ Vinicius Cantuária)

Terreiro

Tira o Leo

To you too (c/ Vinicius Cantuária)

Trayra boia (c/ Milan)

Tu nem quer saber (You don’t want to know)

Um dia no Amazonas (A day in the Amazone)

Um minuto

Uma tarde no norte (Na afternoon in the north)

Vamos pra selva

Vento chamando vento (Wind calling wind)

Vozes (Saudades)

Xaxado

Xingu Xangô (c/ Clive Stevens)

Zumbi

Discografia

(2010) Sementeira: Sons da Percussão (Naná Vasconcelos, Marcos Suzano, Caito Marcondes e Coração Quiáltera) – Tratore – CD

(2006) Trilhas (Naná Vasconcelos) • Azul Music • CD

(2005) Chegada (Naná Vasconcelos) • Azul Music • CD

(2002) Minha Lôa (Naná Vasconcelos) • Net Records • CD

(2001) Fragmentos (Naná Vasconcelos) • Núcleo Contemporâneo • CD

(2001) Cordel do Fogo Encantado (Cordel do Fogo Encantado) – participação • Rec Beat Discos • CD

(2000) Via Sat (Via Sat) – participação • Morango Music • CD

(1999) Contaminação (Naná Vasconcelos) • M. Officer • CD

(1994) Contando estórias (Naná Vasconcelos) • Velas • CD

(1990) Lester (Naná Vasconcelos e Antonello Salis) • Brass Star • CD

(1989) Rain dance (Naná Vasconcelos & The Bushdancers) • Island Records/Polygram • LP

(1986) Bush Dance (Naná Vasconcelos) • Island/WEA

(1985) Nanatronics (Naná Vasconcelos) • Europa Music • LP

(1984) Duas vozes (Egberto Gismonti e Naná Vasconcelos) • ECM Records (USA)

(1983) Codona 3 (Collin Walcott, Don Cherry e Naná Vasconcelos) • ECM Records/Ariola • LP

(1983) Zumbi (Naná Vasconcelos) • Europa Music • LP

(1982) Codona 2 (Collin Walcott, Don Cherry e Naná Vasconcelos) • ECM/WEA • LP

(1979) Egberto Gismonti & Naná Vasconcelos & Walter Smetak (Egberto Gismonti, Naná Vasconcelos e Walter Smetak) • LP

(1979) Codona (Don Cherry, Collin Walcott e Naná Vasconcelos) • ECM Records/WEA • LP

(1979) Saudades (Naná Vasconcelos) • ECM/WEA • LP

(1978) Sol do meio dia (Egberto Gismonti) – participação • ECM/EMI-Odeon

(1977) Dança das cabeças (Egberto Gismonti e Naná Vasconcelos) • ECM/EMI-Odeon

(1974) Naná Vasconcelos, Nelson Ângelo e Novelli (Naná Vasconcelos, Nelson Ângelo e Novelli) • Saravah (França) • LP

(1973) Amazonas (Naná Vasconcelos) • Phonogram • LP

(1972) Africadeus (Naná Vasconcelos) • Saravah (França) • LP

  

Fonte: Dicionário MPB

+ sobre o tema

Alemães e sul-africanos passam experiências da Copa a Cuiabá

Cuiabá recebe, nesta quinta-feira (23), profissionais diretamente ligados...

17/11 – Antropóloga Heloísa Pires fala sobre elo cultural afro-brasileiro

A antropóloga e escritora Heloísa Pires fará palestra sobre...

Tênis: Venus sofre, e rivais “passeiam” na Austrália

Venus Williams sofreu para passar à terceira rodada...

Congada 13 de maio: quarenta anos de história, tradição e fé

Ceiça Ferreira Mais uma vez os tambores das...

para lembrar

Rock in Rio 2022: Ludmilla é confirmada no Palco Sunset ao lado de Macy Gray

A cantora brasileira Ludmilla foi confirmada como atração do Rock in...

‘Muitos brancos esquecem a raiz negra do rock’, diz Will Cahoun, do Living Colour

“Devo prestar homenagem a uma das minhas artistas mais...

Dani Nega lança a música Sai Boy

Dani Nega lança a música "Sai Boy" acompanhada de...
spot_imgspot_img

Em junho, Djavan fará sua estreia na Praia de Copacabana em show gratuito

O projeto TIM Music Rio, um dos mais conhecidos festivais de música no país, terá como uma de suas atrações, no dia 2 de...

Lauryn Hill, YG Marley e Mano Brown tocam em festival em SP; saiba como comprar ingressos

O Chic Show, projeto que celebra a cultura negra e realizava bailes que ficaram clássicos na São Paulo da década de 1970 e 1980, vai...

Filhos de Bob Marley anunciam primeira turnê coletiva em duas décadas

Bob Marley teve, ao total, 11 filhos, e cinco deles preparam a turnê coletiva The Marley Brothers: A Legacy Tour, que percorrerá a América do Norte...
-+=