Em uma época sombria nos Estados Unidos, com o aumento aparente dos casos de racismo e xenofobia, alimentados por setores ultraconservadores e nacionalistas, é reconfortante ouvir uma história que começou triste, mas que teve um final feliz.
No dia 16 de julho, uma terça-feira qualquer, a escritora Jaime Primak estava em um avião com destino à Nova York (uma das cidades mais diversas e cosmopolitas do planeta) quando um passageiro a abordou e pediu para ela “parar de falar espanhol”, como se o idioma fosse inapropriado e ofensivo.
Imediatamente, Jaime conta que um homem sentado ao seu lado veio em sua defesa e começou a falar em espanhol também, em tom alto. Logo depois, a aeromoça. Em questão de segundos, dezenas de passageiros estavam conversando em espanhol, para o desgosto do passageiro.
A escritora conta que ficou tão feliz com aquele gesto que queria “se levantar e dançar”.
This man just asked me to “please stop speaking Spanish” on this plane to NYC (in his defense it’s very early and he’s racist) so the man next to him STARTED SPEAKING SPANISH and then the flight attendant and my GOD i have never wanted to get up and dance more than i do now.
— Jaime Primak (@JaimePrimak) 16 de julho de 2019
Talvez não haja muito espaço no avião para dançar, mas sempre há para um bom e velho gif! Jaime se divertiu com este tweet comemorativo:
Estoy tan feliz que podría bailar pic.twitter.com/X5tSxq6gSR
— Jaime Primak (@JaimePrimak) 16 de julho de 2019
Depois que seu tuíte viralizou, diversos usuários começaram a oferecer apoio nas redes sociais, dizendo que se juntariam à Jaime em seus esforços anti-racistas.
I can’t speak Spanish but would probably have started swearing at him in a variety of other languages. I had a rather international upbringing & can swear in French, Dutch, German, Arabic, Turkish & Hong Kong Chinese (had a Chinese roommate at school)
— Kirsty Farnfield ♿️ (@scrapchallenge1) 17 de julho de 2019
Eu não posso falar espanhol, mas provavelmente começaria a xingá-lo em vários outros idiomas. Eu tive uma educação bastante internacional e posso conversar em francês, holandês, alemão, árabe, turco e chinês de Hong Kong (tinha um colega de quarto chinês na escola).
Até mesmo as pessoas que não falam espanhol estão dizendo que teriam feito qualquer coisa para participar.
I don’t even speak Spanish and I would have gone at it just to annoy this guy
— William D. Adler (@williamadler78) 17 de julho de 2019
“Eu não falo espanhol, mas teria dado um jeito de irritar esse cara.”
I don’t either but I’d have made something up or started saying shit in German. Fuck it, I’d even have done a bit of Latin.
— Zoe Samuel (@zoe_samuel) 17 de julho de 2019
“Eu também não, mas teria inventado qualquer coisa pra falar em alemão. Até um pouco de latim.”
My Hebrew is good, that guy probably wouldn’t like that much either
— William D. Adler (@williamadler78) 17 de julho de 2019
“Meu hebreu é bom, esse cara provavelmente não iria gostar de mim também…”
Diversos internautas também apontaram que o homem que odeia falantes de línguas estrangeiras esteja indo para a cidade errada – afinal, existe megalópole mais linguisticamente diversa do mundo do que Nova York?
Hope you kept speaking Spanish. There are over 800 languages spoken in NYC. This will be him. pic.twitter.com/f6pBWERz3S
— Darryl Wharton-Rigby (@whartonrigby) 16 de julho de 2019
“Espero que você continue falando espanhol. Existem mais de 800 idiomas falados em Nova York. Esta será a reação dele.”
I used to teach English in Spain. I had a few students who specifically studied for their trip to New York. After they returned they’d say with a bemused look: “I didn’t even need to speak English. People came out of nowhere & offered help in Spanish.”
I ❤️ New York.
— fightthepower (@heathencandor) 17 de julho de 2019
“Eu costumava ensinar inglês na Espanha. Eu tive alguns alunos que estudaram especificamente para viajarem até Nova York. Depois que eles voltaram, disseram que nem precisaram tanto do inglês: ‘Nem precisei falar inglês. As pessoas vinham do nada e ofereciam ajuda em espanhol.’ Eu amo Nova York!”
Alguns também apontaram que falar apenas uma língua na Europa é considerado vexaminoso:
In his defense, that’s some very polite racism when you say “please”. (NOT) Seriously, what’s w/ some people about speaking multiple langs? It’s so common, so normal, and part of the richness of life. Power?Fear, but of what? In Europe you’d be embarrassed not to know more than 1 pic.twitter.com/DkOGHJVSuW
— toni_nh (@toni_nh) 17 de julho de 2019
Uma pessoa compartilhou ter tido uma experiência semelhante em uma loja de varejo nos EUA.
Hahaha! I did the same thing. Was on Costco line and this guy asked to me stop speaking my mother tongue to my parent (they were on the phone w/ me in another country). This lady in front me rolled her eyes and started cursing at the guy in German. Danke Schön!
— Obedient_servant (@myo_myo77) 17 de julho de 2019
“Aconteceu o mesmo comigo […] um cara pediu para eu parar de falar minha língua materna (estava conversando com meu pai via telefone). Então uma senhora que estava na minha frente revirou os olhos e começou a xingar o cara em alemão. Danke Schön!”
É muito trágico que esse tipo de comportamento racista esteja acontecendo em pleno ano de 2019. Mas pelo menos essa história é um lembrete de que, para cada racista em um avião, há um monte de pessoas que se opõem veementemente a tudo que um indivíduo racista defende. É também um lembrete para que nos defendamos desses atos e ofensas. Se você vir alguém sendo racista, tome uma posição. Diga algo. Faça alguma coisa. Você vai ajudar o mundo a se tornar um lugar um pouco menos ruim e talvez até faça alguém feliz o suficiente para querer se levantar para dançar!
Você conhece o VOAA? VOAA significa vaquinha online com amor e afeto. E é do Razões! Se existe uma história triste, lutamos para transformar em final feliz. Acesse e nos ajude a mudar histórias.
Fonte: Good Is/Foto: Reprodução/Twitter