A transição para a igualdade da mulher abala os homens comodamente instalados na supremacia e nos privilégios. Alguns resmungam e esbravejam. Outros permanecem mergulhados na confusão
Por JUAN JESÚS AZNAREZ, do El País
O machista incurável enfrenta a revolução feminista indignado, incapaz de compreender a pressa para desmantelar o patriarcado, uma criação histórica de homens e mulheres que supostamente data do final do Paleolítico e início do Neolítico, quando era desconhecida até a relação entre relação sexual e gravidez. O envergonhado a enfrenta mergulhado na confusão, nas contradições e no silêncio, embora reconheça, com Silvia Federici, que as diferenças não são o problema, que o problema é a hierarquia, e que há milênios as mulheres têm de se vender não só no mercado de trabalho, mas também no mercado do casamento, com a cobertura do amor. A dominação masculina retrocede resmungando.
Isso que chamam de amor é trabalho não remunerado, proclamou a ativista italiana, que em 1972 foi uma das fundadoras do Coletivo Feminista Internacional e reforça um movimento que colocou o machista diante de seus mitos e estereótipos. A maternidade e o patriarcado têm relação, como afirmava a pioneira australiana Germaine Greer em seu polêmico livro A Mulher Eunuco (1970). Com excessos e defeitos, a transição para a igualdade e a libertação da mulher abala o homem, comodamente instalado na supremacia e nos privilégios, enraizados desde sempre, herdados de geração em geração com a bênção das religiões monoteístas: cristianismo, judaísmo e islamismo.