Homossexuais utilizam redes sociais contra o preconceito

Quando foi agredida pelo segurança de uma boate por ter caído no chão e ser parecida com um menino, a jovem Ana (nome fictício) procurou ajuda no Facebook. Após a indicação de uma amiga, ela conversou pela rede social com Rose Gouvea, integrante da ONG Aliados de Jundiaí, que presta suporte às vítimas de homotransfobia. “O caso da Ana foi mais um de muitos. Recebo, a cada dia, pelo menos um pedido de socorro ou de orientação de homossexuais que desejam agir contra o seu agressor”, explica Rose. Entre os casos mais frequentes, figuram as agressões a lésbicas em boates e aos adolescentes homossexuais por familiares. “Nós orientamos e prestamos suporte para que cada um tome a medida legal cabível referente ao seu caso”, diz.

por Conrado Guin no JJ

Em paralelo, a ativista explica que as campanhas da internet e o uso de hashtags contra o preconceito são ferramentas que colaboram para o trabalho de conscientização e respeito. “Nós fazemos o trabalho de campo, mas também dedicamos tempo às redes sociais, ferramentas que têm nos ajudado a atender vítimas da violência homotransfóbica”, declara. Por ser um canal de rápido acesso à informação, a rede social tem motivado a chegada de novos voluntários que desejam integrar a ONG. “Temos em média 50 pessoas, sendo que 30 participam mais ativamente do movimento”, esclarece Rose.

Os grupos do WhatsApp também facilitam a descoberta de ocorrências. “Nossa luta é pela minoria. Assim como focamos nas ações do LGBT, também prestamos suporte e apoiamos as causas feministas e dos negros.” Para Ana, encontrar Rose foi um alívio. “Fui recebida de coração aberto, e isso é importante para quem vive um estado frágil. Agora eu colaboro com a divulgação da ONG e espero que todas as vítimas de violência e preconceito encontrem suporte, assim como aconteceu comigo”, diz a jovem.

Violência – Segundo estudo da Agência Brasil, o Disque 100 recebeu mais de 324 mil denúncias de violações de Direitos Humanos em 2015. O preconceito por orientação sexual chama a atenção, já que aumentou 94% em comparação ao último relatório. A discriminação contra a população LGBT ocorreu, em grande parte, nas redes sociais.

Intolerância religiosa, abuso financeiro de idosos, trabalho escravo, exploração sexual infantil são outros exemplos de ocorrências. Ao todo, 137 mil registros foram encaminhados a órgãos de controle e investigação. Pouco mais de 16% foram respondidos. O secretário de Direitos Humanos, Rogério Sottili, diz que o número de denúncias encaminhadas e monitoradas é satisfatório.

O estudo mostra também que as denúncias de violência contra crianças e adolescentes ocupam o primeiro lugar: chegam a 80 mil. Mais de 50% das vítimas são meninas e têm entre 4 e 11 anos, muitas negras ou pardas. Depois aparecem as denúncias de violações contra pessoas idosas – 32 mil -, e a violência contra pessoas deficientes. Desde o início deste ano, o Disque 100 também atende denúncias contra o racismo. O serviço funciona todos os dias, 24 horas.

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