A manhã desta sexta-feira começou com manifestações pelo País
NACHO DOCE / REUTERS Greve Geral contra Reforma Trabalhista
Por Ana Beatriz Rosa Do Huffpost Brasil
Na madrugada da última quinta-feira (27), a Câmara dos Deputados aprovou por 296 votos a 177 o projeto que altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), cujas origens estão na década de 40 – período em que Getúlio Vargas comandava o País.
A Reforma Trabalhista, uma das prioridades do governo de Michel Temer, traz impactos substanciais ao texto. Para o presidente, a nova legislação será uma garantia de direitos aos trabalhadores:
“Uma vez em vigor, a nova legislação permitirá garantir os direitos dos trabalhadores previstos na Constituição Federal e impulsionar a criação de empregos no País. Trata-se de mais um importante avanço para superar a mais profunda crise econômica de nossa história”, avaliou.
A manhã desta sexta-feira (28), porém, começou com protestos daqueles que enxergam nas mudanças um retrocesso para a classe trabalhadora.
Convocados por centrais sindicais e movimentos sociais, membros de diversas categorias prometem parar e aderir a uma Greve Geral contra as reformas da previdência e a trabalhista.
UESLEI MARCELINO / REUTERS Membro do MTST em protesto em Brasília.
A Greve Geral foi foi convocada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Intersindical, Central e Sindical Popular (CSP/Conlutas), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Força Sindical, Nova Central, Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB).
Pelo menos 25 estados devem aderir as paralisações. Sindicatos do Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco declararam apoio à manifestação e organizaram uma agenda de intervenções para o dia.
Em São Paulo e em Brasília, representantes de movimentos sociais fizeram barricadas e atearam fogo em pneus fechando rodovias.
Em ações pontuais, linhas de transporte público foram paralisadas no ínicio do dia na capital paulista. Também há o bloqueio das principais rodovias que dá acesso à cidade.
Pelo menos 16 manifestantes já foram detidos na cidade.
Em Brasília, a concentração da paralisação acontece na Biblioteca Nacional e segue caminhada rumo ao Congresso.
Em outros estados, servidores públicos, bancários, motoristas de ônibus e professores estão entre os manifestantes.
Em Campinas/SP, SINSAÚDE aderiu a #GreveGeral e estendeu bandeira na frente da sede em denúncia às reformas trabalhista e da previdência. pic.twitter.com/X1W1CQ2ff6
— Mídia NINJA (@MidiaNINJA) 28 de abril de 2017
Na capital mineira, sob chuva, manifestantes ocupam o centro de Belo Horizonte. Agências bancárias estão fechadas e o metrô paralisado.
Nas redes sociais, hashtags como #BrasilEmGreve e #GreveGeral estão entre os assuntos mais comentados.
100 anos, mesma luta
A Greve Geral desta sexta-feira acontece na mesma data em que, em 1917, 100 mil trabalhadores de São Paulo de uma população de 500 mil habitantes decidiram parar tudo.
Apesar dos anos que separam as duas datas, o desejo de paralisar a mão de obra para pressionar o governo segue como bandeira das principais entidades de classe do País.
Para o desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 10 ª Região Grijalbo Coutinho, o jogo está “desequílibrado” e o trabalhador precisa “reagir”.
“Temos uma situação extremamente preocupante. Em uma sociedade que se diz democrática a Constituição deve ser de todos e, claramente, isso não está ocorrendo no Brasil. Por exemplo, a aprovação relâmpago do projeto da terceirização foi um absurdo. O jogo está desequilibrado e o trabalhador tem que reagir. Devemos relembrar ao povo do seu poder e para os demais órgãos os seus limites. É fundamental ocupar todos os espaços públicos, somente o diálogo e a greve poderão barrar os ataques”, avalia em entrevista ao HuffPost Brasil.
SERGIO MORAES / REUTERS Greve Geral em 28 de abril de 2017.
Modernização nas leis
A Reforma Trabalhista é apoiada por entidades empresariais. Para o governo, ela será capaz de gerar mais empregos.
Entre as principais mudanças no texto está a prevalência de acordos entre patrões e empregados sobre a lei, o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical, obstáculos às ações trabalhistas, a possibilidade do parcelamento de férias e a flexibilização de contratos de trabalho.
Acompanhe as manifestações em imagens:
NACHO DOCE / REUTERSTrabalhador grava protesto contra Temer em São Paulo nesta sexta-feira.
NACHO DOCE / REUTERS Protesto do MST em São Paulo na manhã desta sexta-feira.
ROOSEVELT CASSIO / REUTERS Protesto na rodovia Dutra contra reforma trabalhista.
UESLEI MARCELINO / REUTERS Integrantes do MST protestam em Brasília nesta sexta-feira.
ANDRESSA ANHOLETE VIA GETTY IMAGES Índios aderem ao protesto em Brasília.